A medicação antiviral
Remdesivir acaba de receber a aprovação para uso no Brasil pela Anvisa A ação
da droga consiste em reduzir a replicação viral bloqueando uma enzima conhecida
por “RNA polimerase dependente de RNA”, que é importante para a multiplicação
de diferentes famílias virais, inclusive, a família Coronaviridae (a mesma do
SARS-CoV-2)
Não é uma droga para uso ambulatorial e precoce: os estudos
foram delineados para pacientes HOSPITALIZADOS, com pneumonia e necessidade de
oxigenação suplementar (sem ventilação mecânica ou extracorpórea);
A Anvisa avaliou o resultado de 3 estudos clínicos de fase
3, com 6.283 pacientes e o benefício esperado é a REDUÇÃO MEDIANA DE 4 DIAS DE
HOSPITALIZAÇÃO, não houve impacto significativo sobre a mortalidade;
Todos os 3 estudos acima foram patrocinados pela Gilead,
detentora da patente do remdesivir. Com isso a documentação não continha outros
estudos que se contrapõem a este desfecho acima, como o próprio Solidariety, da
OMS, que avaliou 5.451 pacientes
E segundo uma avaliação da OMS, juntando outros estudos
clínicos, 2 é o número de dias a menos de tempo para recuperação e 0,5 é o
número de dias a menos de tempo de hospitalização, desfechos estes com muitas
incertezas (por imprecisão);
O que fez com que a própria OMS fizesse uma recomendação
contra o uso do remdesivir, diante de uma análise mais detalhada
A droga já é aprovada por várias agências reguladoras (FDA,
EMA, Health Canada);
Se o seu uso for considerado, deve-se observar que ele é
contraindicado em pessoas com disfunção hepática (medida por aumento de uma
enzima hepática chamada TGP) ou renal ( diminuição da taxa de filtração do
rim).
Os resultados destes estudos mostram que “se espremermos
bastante essas laranjas sairão um pouco de suco e meio aguado”. A questão é que
estas laranjas custam muito: nos EUA o custo do tratamento (5 dias) é em torno
de USD 3.100, o que equivale aproximadamente, hoje, a RS 17.000 reais.
Lembrando que as internações por COVID-19 sem UTI possuem
custo diário estimado de R$ 1.705,00 (média de internação de 5,3 dias),
enquanto que, com UTI, R$ 4.305,00/dia (média de internação de 11,5 dias)
Mesmo que ainda não tenha sido definido o Preço Máximo ao
Consumidor, a pergunta é: VALE O QUE CUSTA?
Para a tomada de decisão, portanto, não nos cabe apenas a
análise de eficácia, mas a da eficiência;
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