Depois de dias propagando a segurança da vacina da
AstraZeneca , o ministro da saúde da Itália, Roberto Speranza, recebeu um
telefonema de seu homólogo alemão na segunda-feira e soube que a Alemanha
estava preocupada com alguns casos de coágulos sanguíneos graves entre aqueles
que receberam a vacina e decidiu suspender seu uso.
Para a Itália e outros países, esse fato não poderia ter
vindo em pior hora.
O inicio da vacinação já estava atrasado por causa da
escassez, e as pessoas eram encorajadas a tomar as vacinas que estavam
disponíveis.
Mas assim que a Alemanha fez uma pausa na utilização da
vacia, a pressão aumentou sobre outros governos para fazerem o mesmo,temendo
que a opinião pública os julgassem imprudentes, e pelo ideal de uma frente
europeia unida.
A decisão da Alemanha desencadeou um efeito dominó de
deserções da vacina . Itália, França e Espanha se juntaram à decisão de
suspender a vacina da AstraZeneca, gerando um golpe significativo na já
instável iniciativa de imunização da Europa, apesar da falta de evidências
claras de que a vacina havia causado algum dano.
Imediatamente, o principal regulador de drogas da União
Europeia reagiu contra as preocupações sobre a vacina, afirmando que não havia
nenhum sinal de que ela causasse problemas perigosos e que seus benefícios
vitais “superam o risco dos efeitos colaterais”.
Fica cada vez mais claro que as suspensões têm tanto a ver
com considerações políticas mais do que científicas.
Um dia depois das decisões, alguns governos já estavam
reformulando seus posicionamento como um passo para aumentar a confiança nas
vacinas - uma espécie de reagrupamento de um esforço conturbado. Mas, por
enquanto, as suspensões parecem ter tido o efeito oposto, atrasando ainda mais
a implementação desastrosa da Europa e talvez colocando em risco centenas ou
milhares de vidas.
Analistas dizem que os atrasos tornarão extremamente difícil
para qualquer país europeu cumprir a meta de vacinar 70% dos residentes até
setembro.As decisões podem já ter atrasado a campanha de vacinação da Europa em
um momento perigoso de pandemia, enquanto o continente enfrenta uma terceira
onda de infecções impulsionadas por novas variantes.
Os testes clínicos do AstraZeneca e de outras vacinas foram
grandes o suficiente para alertar sobre quaisquer efeitos colaterais comuns,
disseram os cientistas. Mas os eventos raros eram mais prováveis de surgir
apenas quando as inoculações em massa começaram.
Nenhuma ligação causal ainda emergiu entre a vacina e
coágulos sanguíneos ou sangramento severo, e a agência de medicamentos da União
Européia disse que a vacina deveria permanecer em uso.
As preocupações dos países europeus se concentram na AstraZeneca,
uma empresa com a qual eles têm relações complicadas desde que a empresa reduziu
drasticamente as entregas de vacinas projetadas para o início de 2021. Essa
disputa levou a União Europeia a endurecer as regras sobre a exportação dessas
doses e outras de fábricas dentro do bloco. E aprofundou uma desconfiança de
longa data da vacina entre algumas autoridades de saúde europeias. O bloco
demorou a autorizar a vacina, esperando até um mês depois que a Grã-Bretanha o
fez.
Mesmo depois que os reguladores europeus a autorizaram,
vários Estados-Membros restringiram o uso da vacina a pessoas mais jovens,
citando dados insuficientes de ensaios clínicos sobre seu uso em pessoas mais
velhas.Essa decisão pode voltar a assombrar os legisladores europeus: a
Grã-Bretanha, que deu a vacina a todos os adultos, desde então mostrou que uma
primeira dose reduziu substancialmente o risco de pessoas mais velhas ficarem
doentes com Covid-19.
Para muitos cientistas europeus, essa posição é muito mais
politica , uma represália à Inglaterra (?)
e as suspensões um erro de cálculo devastador.
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