terça-feira, 16 de março de 2021

uma medicina falida

 

Um dos legados que a pandemia nos deixará é o de uma classe médica desacreditada.

A partir do momento em que a ideologia tomou a frente dos debates sobre o COVID 19,nos deparamos com médicos que saíram do anonimato para defender tratamentos anedóticos,movidos pelo rebanho que decidiu apoiar as figuras caricatas que governam o Brasil.

Vamos abordar alguns argumentos nos quais essa categoria se apóia.

O primeiro é o credo em relatos de casos : "O Dr X prescreve, o Dr Y usou quando ficou doente,os médicos portugueses escreveram uma carta etc”.

Mesmo que seja verdade e que os doutores X e Y não sejam charlatões, a eminência de um médico ou grupo nunca vence as evidências científicas. Sem comparar grupos, um médico pode pensar que está fazendo bem, quando, na verdade, está causando dano.E nenhuma experiência pessoal vence as evidências.

O segundo é afirmar que"existem n estudos que comprovam a eficácia do tratamento precoce". Nos estudos, como na vida, o que serve é a qualidade, não a quantidade. Os poucos estudos de qualidade, sem falcatrua e sem conflitos de interesses, são negativos.

Os n positivos não interessam por não terem poder estatístico.Isso já foi extensivamente analisado.

O terceiro é transferir a absoluta falta de credibilidade pela expressão : “ então só é evidência quando você quer que seja".Quando uma terapia não serve, mas  grupos querem manipular, é óbvio que vão manipular dados e criar estudos de má qualidade que corroborem sua narrativa. Os de boa qualidade serão negativos,pois não tem poder para serem considerados realmente eficazes.

O quarto : “ A cidade X instituiu tratamento precoce e está indo bem. Como o doutor explica isso?"

Há dezenas, senão centenas de fatores que explicam melhora ou piora de indicadores. Em estatística séria, não se comparam cidades para concluir condutas individuais: é a falácia ecológica. Por exemplo, a cidade pode ter uma população mais jovem. Ou os médicos entusiasmados pelo seu tratamento revolucionário (pra não falar outra coisa) estão atestando óbitos de COVID como outra causa. Ou a cidade está apenas num breve descenso entre picos...

Entre outros.

O quinto : “ A pandemia é uma guerra e não temos tempo de esperar pela ciência". Bem, em primeiro lugar, somos médicos e não curandeiros.. Em segundo, isso é mentira: nesse período já saíram pesquisas memoráveis como da dexametasona e das vacinas.

O sexto (e o mais ridículo) ; “Há um complô das indústrias contra o tratamento precoce".

Nunca se vendeu tanto ivermectina e cloroquina além de suplementos de zinco e vitamina D. Tem muita empresa farmacêutica faturando em cima dessa falácia de terapias ineficazes.

E tem mais : a dexametasona, terapia eficaz em casos hospitalares, custa 6 reais.

O sétimo : “temos estudos randomizados que..." De novo: não há NENHUM estudo de qualidade que comprove a eficácia da terapia precoce.

As "metanálises" ivmmeta, c19study, estudo FLCC ou qualquer um desses apenas juntaram os estudos de má qualidade e os amplificaram, piorando-os ainda mais.A ponto de mentirem para os desinformados que não sabem interpretar um estudo básico.

A maioria desse médicos nem atendem pacientes com COVID.Nunca entraram em uma UTI.Não atendem em suas próprias clínicas.Fazem questão de ocultarem o numero assustador de pacientes internados em UTIs que tomaram o “tratamento precoce”.

E por fim : nenhum outro país polemizou como o Brasil.

Como explicar os países que praticamente erradicaram o Sars Cov2 (Nova Zelândia,Vietnã , Austrália,Coréia etc) com taxas bem baixas de mortalidade ,sem terem usado o milagroso “tratamento precoce” ¿

Onde mais....em quais países....acontece essa defesa ideológica enquanto a pandemia segue seu trajeto devastador ¿ Quantas pessoas já adoeceram pois acreditaram que a cloroquina e a ivermectina poderiam ser utilizadas de forma preventiva ¿

 

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