A psiquiatria conduz a uma medicalização muitas vezes
excessiva pois as definições de doenças são vagas e de fácil manipulação.O
manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria lista 374
maneiras de ser mentalmente doente .E vem acrescentando novos
diagnósticos.Essas novas classificações são tão perigosas quanto novos
remédios.O DSM é um documento de consenso e portanto perde um pouco sua
credibilidade científica.A homossexualidade estava listada como transtorno
mental até 1974,quando 61% dos psiquiatras votaram para que fosse removida.
Em 2009 , as vendas de medicamentos para o sistema nervoso
na Dinamarca eram tão altas que um quarto da população poderia estar em
tratamento diário ( e a Dinamarca é conhecida como a nação mais feliz do mundo
!).
Nos Estados Unidos era ainda pior : os medicamentos mais
vendidos eram anti-psicóticos e em quarto lugar estavam os antidepressivos.
Podemos inferir que profissionais não adequadamente
habilitados estão substituindo o cuidado por comprimidos ? Ou se trata de um
problema na definição diagnóstica ?
Em 2010 o CDC publicou um relatório onde informava que 9%
dos adultos avaliados atendiam aos critérios para depressão.
O absurdo : você estaria depressivo se tivesse pouco
interesse ou prazer em fazer coisas por mais da metade dos dias nas ultimas
duas semanas além de um sintoma adicional que poderia,por exemplo , ser um dos
abaixo :
- Problemas para adormecer
- Pouco apetite ou comer em
excesso
- Estar inquieto ou agitado
, tendo se mexido mais do que o habitual
Acho que a maioria de nós se enquadraria na definição.E
provavelmente seríamos medicalizados.Os critérios já não distinguem entre
transtornos e reações previstas e óbvias como a uma perda de uma pessoa amada
ou outras crises da vida
A medicina precisa concordar que as pessoas tenham o direito
de ficar infelizes sem rotulá-las como doentes.A medicina pode estar tratando a
normalidade.
Se levarmos em conta os muitos efeitos colaterais das drogas
psiquiátricas é claro que seu uso em larga escala é prejudicial.Estudos
avaliando pessoas com mais de 65 anos em uso de antidepressivo mostraram um
maior numero de quedas entre estes pacientes ( para cada 28 pessoas tratadas
por um ano houve uma morte adicional comparando com nenhum tratamento).
È preciso entender o paciente.O diagnóstico não pode ser
feito em listas de verificações ou em consultas breves principalmente com
médicos não habilitados para tal.
No próximo post falarei sobre as pílulas da felicidade
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