domingo, 12 de março de 2017

Um mundo depressivo ?





A psiquiatria conduz a uma medicalização muitas vezes excessiva pois as definições de doenças são vagas e de fácil manipulação.O manual diagnóstico  e estatístico de transtornos mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria lista 374 maneiras de ser mentalmente doente .E vem acrescentando novos diagnósticos.Essas novas classificações são tão perigosas quanto novos remédios.O DSM é um documento de consenso e portanto perde um pouco sua credibilidade científica.A homossexualidade estava listada como transtorno mental até 1974,quando 61% dos psiquiatras votaram para que fosse removida.

Em 2009 , as vendas de medicamentos para o sistema nervoso na Dinamarca eram tão altas que um quarto da população poderia estar em tratamento diário ( e a Dinamarca é conhecida como a nação mais feliz do mundo !).
Nos Estados Unidos era ainda pior : os medicamentos mais vendidos eram anti-psicóticos e em quarto lugar estavam os antidepressivos.

Podemos inferir que profissionais não adequadamente habilitados estão substituindo o cuidado por comprimidos ? Ou se trata de um problema na definição diagnóstica ?
Em 2010 o CDC publicou um relatório onde informava que 9% dos adultos avaliados atendiam aos critérios para depressão.
O absurdo : você estaria depressivo se tivesse pouco interesse ou prazer em fazer coisas por mais da metade dos dias nas ultimas duas semanas além de um sintoma adicional que poderia,por exemplo , ser um dos abaixo :
  1. Problemas para adormecer
  2. Pouco apetite ou comer em excesso
  3. Estar inquieto ou agitado , tendo se mexido mais do que o habitual
Acho que a maioria de nós se enquadraria na definição.E provavelmente seríamos medicalizados.Os critérios já não distinguem entre transtornos e reações previstas e óbvias como a uma perda de uma pessoa amada ou outras crises da vida

A medicina precisa concordar que as pessoas tenham o direito de ficar infelizes sem rotulá-las como doentes.A medicina pode estar tratando a normalidade.
Se levarmos em conta os muitos efeitos colaterais das drogas psiquiátricas é claro que seu uso em larga escala é prejudicial.Estudos avaliando pessoas com mais de 65 anos em uso de antidepressivo mostraram um maior numero de quedas entre estes pacientes ( para cada 28 pessoas tratadas por um ano houve uma morte adicional comparando com nenhum tratamento).

È preciso entender o paciente.O diagnóstico não pode ser feito em listas de verificações ou em consultas breves principalmente com médicos não habilitados para tal.

No próximo post falarei sobre as pílulas da felicidade


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