Na medida em que a pandemia se torna nosso maior desafio
diário a polêmica sobre a importância do uso de máscaras pela população
prossegue no seu rumo indefinido.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) mantém sua posição de
que as máscaras não necessariamente protegeriam indivíduos saudáveis de serem
infectados nas suas rotinas diárias.
O guia oficial da OMS recomenda que as
máscaras devem ser reservadas para pessoas com sintomas assim como para
trabalhadores da área de saúde que interagem com indivíduos infectados.As
demais pessoas deveriam manter o distanciamento social e praticar com
frequência a higienização das mãos.
Existem poucos estudos científicos que definam se máscaras
cirúrgicas teriam efeito protetor para o publico em geral.Elas na verdade
bloqueariam gotículas infectadas emitidas pelo nariz ou boca de quem já está
infectado mais do que interromper a aquisição de vírus de outras pessoas. Por
isso que OMS e o CDC recomendam que
pessoas sintomáticas as utilizem de rotina.
Estudos realizados na pandemia de influenza de 2008-201
mostraram que as máscaras cirúrgicas protegem um pouco mais quando não usadas
mas a combinação da higiene das mãos é o que acaba fazendo a diferença.
A lógica para o uso
Sabemos que nenhuma máscara,sejam as cirúrgicas ou a mais
utilizada em hospitais – a N95-protegem 100%. Mas a proteção incompleta não
indicaria a inutilidade completa.Ausência de evidência não é evidência de
ausência.No nosso mundo binário a mensagem oficial que as máscaras não são
efetivas pode significar que elas sejam completamente inúteis..
Hoje a meta de achatar a curva (e não eliminar o vírus
totalmente) tem um sentido relativo oposto ao melhor dos objetivos : uma noção
de proteção parcial.Talvez o distanciamento social e o uso de máscaras possam
ser os responsáveis diretos por esta meta sendo difícil dimensionar o quanto
cada ação é predominante
O mecanismo
O vírus respiratórios são carreados por gotículas de pessoa
para pessoa.Mas não é tão simples assim.As gotículas podem , de modo
básico,serem divididas em duas categorias baseadas em seu tamanho
Gotículas menores que 10 um (milimicras) de diâmetro,chamadas
de aerossóis, são leves e podem flutuar no ar. São carreadas pela ventilação
podendo atingir outros lugares contíguos.As máscaras N95,diferentes das
cirúrgicas, tem capacidade de filtrar 95% das gotículas até menores do que 0.3
um.
As patículas maiores do que 10um (algumas são tão grandes
que podem até serem vistas a olho nu),são geradas pelo espirro ou tosse e por
causa de seu peso alcançar até 2 metros de distância antes de irem para o solo
Aqui temos uma consideração especial: as gotículas que
atingem as células pulmonares têm que ser pequenas (menores do que 10 um).As
maiores acabam sendo retidas no nariz e na garganta,na traquéia e nos brônquios.
Não sabemos a quantidade de vírus suficiente (carga viral)
para a transmissibilidade e iniciar a cascata de efeitos que podem levar à
doença.Se pensarmos que os aerossóis sejam mais relevantes então as máscaras
N95 seriam mais adequadas e minimizaria o impacto das máscaras cirurgicas.
Porém é defensável pensar que a filtração mesmo que parcial
seria melhor do que nada. Se o que pretendemos diante da pandemia é achatar a
curva o quanto de redução de partículas que poderiam atingir o pulmão
conseguiríamos evitar propagando o uso irrestrito e indiscriminado de
máscaras entre a população?
Quais os custos e quais as consequências de abastecimento
que enfrentaríamos ¿
Para quem defende o uso amplo de máscaras será ético
contentar-se com as máscaras cirúrgicas apenas por serem mais baratas e não
defender a N95 ¿
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