quarta-feira, 1 de abril de 2020

Covid e o uso de máscaras : o que se discute no momento




Na medida em que a pandemia se torna nosso maior desafio diário a polêmica sobre a importância do uso de máscaras pela população prossegue no seu rumo indefinido.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) mantém sua posição de que as máscaras não necessariamente protegeriam indivíduos saudáveis de serem infectados nas suas rotinas diárias.
O guia oficial da OMS recomenda que as máscaras devem ser reservadas para pessoas com sintomas assim como para trabalhadores da área de saúde que interagem com indivíduos infectados.As demais pessoas deveriam manter o distanciamento social e praticar com frequência a higienização das mãos.

Existem poucos estudos científicos que definam se máscaras cirúrgicas teriam efeito protetor para o publico em geral.Elas na verdade bloqueariam gotículas infectadas emitidas pelo nariz ou boca de quem já está infectado mais do que interromper a aquisição de vírus de outras pessoas. Por isso que  OMS e o CDC recomendam que pessoas sintomáticas as utilizem de rotina.

Estudos realizados na pandemia de influenza de 2008-201 mostraram que as máscaras cirúrgicas protegem um pouco mais quando não usadas mas a combinação da higiene das mãos é o que acaba fazendo a diferença.

A lógica para o uso

Sabemos que nenhuma máscara,sejam as cirúrgicas ou a mais utilizada em hospitais – a N95-protegem 100%. Mas a proteção incompleta não indicaria a inutilidade completa.Ausência de evidência não é evidência de ausência.No nosso mundo binário a mensagem oficial que as máscaras não são efetivas pode significar que elas sejam completamente inúteis..

Hoje a meta de achatar a curva (e não eliminar o vírus totalmente) tem um sentido relativo oposto ao melhor dos objetivos : uma noção de proteção parcial.Talvez o distanciamento social e o uso de máscaras possam ser os responsáveis diretos por esta meta sendo difícil dimensionar o quanto cada ação é predominante

O mecanismo

O vírus respiratórios são carreados por gotículas de pessoa para pessoa.Mas não é tão simples assim.As gotículas podem , de modo básico,serem divididas em duas categorias baseadas em seu tamanho
Gotículas menores que 10 um (milimicras) de diâmetro,chamadas de aerossóis, são leves e podem flutuar no ar. São carreadas pela ventilação podendo atingir outros lugares contíguos.As máscaras N95,diferentes das cirúrgicas, tem capacidade de filtrar 95% das gotículas até menores do que 0.3 um.

As patículas maiores do que 10um (algumas são tão grandes que podem até serem vistas a olho nu),são geradas pelo espirro ou tosse e por causa de seu peso alcançar até 2 metros de distância antes de irem para o solo

Aqui temos uma consideração especial: as gotículas que atingem as células pulmonares têm que ser pequenas (menores do que 10 um).As maiores acabam sendo retidas no nariz e na garganta,na traquéia e nos brônquios.

Não sabemos a quantidade de vírus suficiente (carga viral) para a transmissibilidade e iniciar a cascata de efeitos que podem levar à doença.Se pensarmos que os aerossóis sejam mais relevantes então as máscaras N95 seriam mais adequadas e minimizaria o impacto das máscaras cirurgicas.

Porém é defensável pensar que a filtração mesmo que parcial seria melhor do que nada. Se o que pretendemos diante da pandemia é achatar a curva o quanto de redução de partículas que poderiam atingir o pulmão conseguiríamos evitar propagando o uso irrestrito e indiscriminado de máscaras  entre a população?
Quais os custos e quais as consequências de abastecimento que enfrentaríamos ¿

Para quem defende o uso amplo de máscaras será ético contentar-se com as máscaras cirúrgicas apenas por serem mais baratas e não defender a N95 ¿

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