As ramificações evolutivas são narrativas da história
escritas no código genético.
O passado , o presente e o futuro do novo
coronavírus podem ser encontrados na sua árvore evolutiva.
Estamos descobrindo a árvore no momento , pedaço a pedaço
, e com a ajuda da tecnologia , estamos
fazendo de um modo muito mais rápido do que qualquer outra epidemia.
A questão agora é : podemos fazer uma leitura
suficientemente rápida para fazer diferença em relação à propagação do vírus e
suas morbidades ?
Em 10 de Janeiro o mundo teve conhecimento da sequência
genética de um vírus totalmente novo na história da humanidade.
Quanto mais conhecimento genético foi sendo entendido mais
sua árvore evolutiva foi desenhada : longa latência em animais (morcegos) , um
salto para animais intermediários (pangolim ¿) e finalmente a transmissão inter
humana.
No final de Janeiro uma pessoa infectada voou de Wuhan para
o estado de Washington e adoeceu se tornando o primeiro caso reconhecido de COVID 19 nos
Estados Unidos. Após isso , por semanas , ocorreram casos similares. No final
de Fevereiro , pesquisadores de Seattle identificaram um paciente que contraíu
a infecção sem ter viajado para fora do país ou ter tido contato com alguém que
pudesse ter viajado.
Os genomas dos casos de Washington mostraram uma história
surpreendente : os vírus do viajante de Wuhan e do caso de transmissão
comunitária eram agrupados em seu próprio ramo da árvore do coronavírus, o
segundo vírus um descendente direto do primeiro. Três mutações tinham surgido
ao longo da transmissão que distinguiam os dois vírus : um tik tak do relógio
genético marcando o tempo transcorrido entre a infecção.
O vírus de Washington cresceu em seu próprio ramo se
disseminando silenciosamente pela cidade por semanas. Os cientistas acreditam
que ele pode ter infectado de 500 a 600 pessoas , muito mais que os oficiais 18
casos reportados na época.
A árvore têm se expandindo explosivamente. No estado de
Washington, 5000 novos casos foram detectados em Março, a maioria destes causados
por descendentes do primeiro caso. Esse ramo têm sua própria epidemia , podemos
dizer. Outros descendentes estão em New York, California, Connecticut,
Minnesota e Wisconsin, alguns dos poucos estados a publicarem suas próprias
sequências virais.
O vírus de Washington também tem sido identificado
remotamente como na Islândia e Austrália, uma prova do nosso mundo
interconectado.
Felizmente as diferentes mutações , até o momento , não
mostram evidências de uma mudança no comportamento de infectividade ou
mortalidade
Assim como no resto do mundo , nos USA a árvore do
coronavírus mostra que o vírus atravessou fronteiras várias vezes. A maioria
dos sequenciamentos da cidade de Nova Iorque pertence a um ramo único proveniente
da Europa e não China.
Nas epidemias de Ebola e Zika , as árvores evolutivas
revelaram os padrões do vírus pelo mundo mas de modo muito mais demorado , meses
ou anos. O novo coronavírus é extremamente mais rápido.
Entre Janeiro e Abril ,
mais de 250 genomas do Covid 19 foram identificados , permitindo um verdadeiro rastreamento
em tempo real do mesmo.
Ainda não sabemos as reais possibilidades do que este tipo
de conhecimento possa impactar no curso desta pandemia. No momento , uma
prioridade maior é implementar uma ampla testagem e aprender o quão rápida é a
propagação viral.
Com este conhecimento programas de rastreamento de pacientes
positivos e de seus contatos se transformariam na arma fatal para conter a sua
disseminação.
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