domingo, 19 de abril de 2020

Disseminação



As ramificações evolutivas são narrativas da história escritas no código genético.
O passado , o presente e o futuro do novo coronavírus podem ser encontrados na sua árvore evolutiva.

Estamos descobrindo a árvore no momento , pedaço a pedaço ,  e com a ajuda da tecnologia , estamos fazendo de um modo muito mais rápido do que qualquer outra epidemia.
A questão agora é : podemos fazer uma leitura suficientemente rápida para fazer diferença em relação à propagação do vírus e suas morbidades ?

Em 10 de Janeiro o mundo teve conhecimento da sequência genética de um vírus totalmente novo na história da humanidade.
Quanto mais conhecimento genético foi sendo entendido mais sua árvore evolutiva foi desenhada : longa latência em animais (morcegos) , um salto para animais intermediários (pangolim ¿) e finalmente a transmissão inter humana.

No final de Janeiro uma pessoa infectada voou de Wuhan para o estado de Washington e adoeceu se tornando o primeiro caso reconhecido de COVID 19 nos Estados Unidos. Após isso , por semanas , ocorreram casos similares. No final de Fevereiro , pesquisadores de Seattle identificaram um paciente que contraíu a infecção sem ter viajado para fora do país ou ter tido contato com alguém que pudesse ter viajado.
Os genomas dos casos de Washington mostraram uma história surpreendente : os vírus do viajante de Wuhan e do caso de transmissão comunitária eram agrupados em seu próprio ramo da árvore do coronavírus, o segundo vírus um descendente direto do primeiro. Três mutações tinham surgido ao longo da transmissão que distinguiam os dois vírus : um tik tak do relógio genético marcando o tempo transcorrido entre a infecção.

O vírus de Washington cresceu em seu próprio ramo se disseminando silenciosamente pela cidade por semanas. Os cientistas acreditam que ele pode ter infectado de 500 a 600 pessoas , muito mais que os oficiais 18 casos reportados na época.

A árvore têm se expandindo explosivamente. No estado de Washington, 5000 novos casos foram detectados em Março, a maioria destes causados por descendentes do primeiro caso. Esse ramo têm sua própria epidemia , podemos dizer. Outros descendentes estão em New York, California, Connecticut, Minnesota e Wisconsin, alguns dos poucos estados a publicarem suas próprias sequências virais.

O vírus de Washington também tem sido identificado remotamente como na Islândia e Austrália, uma prova do nosso mundo interconectado.

Felizmente as diferentes mutações , até o momento , não mostram evidências de uma mudança no comportamento de infectividade ou mortalidade
Assim como no resto do mundo , nos USA a árvore do coronavírus mostra que o vírus atravessou fronteiras várias vezes. A maioria dos sequenciamentos da cidade de Nova Iorque pertence a um ramo único proveniente da Europa e não China.

Nas epidemias de Ebola e Zika , as árvores evolutivas revelaram os padrões do vírus pelo mundo mas de modo muito mais demorado , meses ou anos. O novo coronavírus é extremamente mais rápido. 

Entre Janeiro e Abril , mais de 250 genomas do Covid 19 foram identificados , permitindo um verdadeiro rastreamento em tempo real do mesmo.
Ainda não sabemos as reais possibilidades do que este tipo de conhecimento possa impactar no curso desta pandemia. No momento , uma prioridade maior é implementar uma ampla testagem e aprender o quão rápida é a propagação viral.

Com este conhecimento programas de rastreamento de pacientes positivos e de seus contatos se transformariam na arma fatal para conter a sua disseminação.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário