Dependendo do estudo , de um terço a dois terços dos adultos
não têm definido um plano diretivo para os últimos dias de vida. Nem mesmo
expressado essa situação a seus familiares de modo claro e textual.
Até a presente data não temos evidências que pessoas idosas
sejam mais propensas a contrair o coronavírus.O que sabemos é que são mais susceptiveis
de desenvolverem quadro clinico mais severo quando infectados.
Dados consolidados da China mostram que a mortalidade
aumenta entre os 60 e 70 anos podendo chegar a 20% entre pessoas acima dos 80.
De acordo com o CDC , 80% dos óbitos vêm ocorrendo entre aqueles acima de 65
anos.
Uma explicação parcial é que adultos idosos apresentam mais
condições crônicas de saúde — doenças pulmonares ou cardíacas , hipertensão etc
além de uma menor “reserva” fisiológica.
O coronavírus desendeia uma doença predominantemente
respiratória então a questão chave que se torna um dilema é se um paciente
grave será ou não sujeito a uma ventilação mecânica. Em alguns locais , dependendo
da demanda , isso até pode ser impossível de se realizar.
Antes do surgimento do coronavírus , de cada 100 pessoas com
mais de 66 anos que passavam em média 14 dias na UTI num ventilador, 40 morriam
( e morrem) dentro de um ano da alta hospitalar. Experiências da Itália têm
mostrado que metade desse indivíduos morrem com a ventilação mecânica
prolongada.
Um recente estudo no jornal JAMA avaliou pacientes com
coronavírus admitidos no Northwell Health hospitals na cidade de Nova Iorque. O
índice de mortalidade em pessoas acima de 65 anos excedeu 22% e a maioria dos
acima de 65 anos que necessitaram de ventilação mecânica morreram.
Os dados que vêm se acumulando expõem uma realidade cruel :
se um paciente é idoso e tem precárias condições de saúde a possibilidade é que
, mesmo com os cuidados plenos , seu desfecho será fatal. E como seria a vida
se sobreviver ¿ Muitos desenvolvem debilidades físicas . escaras e outras
sequelas até cognitivas . Provavelmente serão necessários cuidados
intermitentes ou até permanentes.
Outro estudo do JAMA Internal Medicine avaliou 180 pacientes
acima de 60 anos com doenças graves; a maioria disse ser contrária a um suporte
de vida numa UTI . Mas isso é o que realmente estamos vendo acontecer nesta
pandemia. Tratamentos agressivos e invasivos , ainda na ausência de uma
medicação eficaz contra o vírus , ou seja , puro empirismo e manutenção da vida
ás custas de tudo o que foi descrito anteriormente.
Se os desejos não
forem expressos os dilemas éticos nunca serão dissecados para a finalidade de
um real cuidado de conforto.
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