sexta-feira, 10 de abril de 2020

Polêmicas no tratamento do COVID 19




Em 28 de Março de 2020O, o FDA autorizou de modo emergencial o uso de hidroxicloroquina para pacientes hospitalizados com Covid-19. Entretanto, a dose ideal e a duração do tratamento não foram devidamente protocoladas. A autorização também não relacionou qualquer estudo clínico que provasse os reais benefícios no desfecho dos pacientes , embora poucos relatos mostrassem a redução da carga viral em um número pequeno de casos.

A pesquisa por um tratamento segue a sua frenética busca de droga realmente eficaz.No momento, 70 moléculas oficialmente , incluindo 15 antivirais , medicamentos de ação imunológica etc estão sendo avaliados.
O National Institutes of Health’s ClinicalTrials ,  lista mais de  100 investigações clínicas focadas no Covid-19 em todo mundo envolvendo instituições privadas , centros médicos etc , todos centrados no entendimento de um provável “ponto fraco” do vírus.

Este extraordinário esforço , porém , não une forças internacionais o que pode gerar uma contraprodutiva ação competitiva entre a indústria de biotecnologia. A importância de estudos compartilhados é a troca de informações de sucesso e fracasso : onde uma droga se mostrou promissora ou não. Uma possibilidade de complementação ou sinergismo entre os pesquisadores.


A história de tratamentos miraculosos nos ensinou que quando as pessoas ficam doentes se tornam propensas a aceitar quaisquer drogas sem muito questionamento. Terapias como raízes , arsênico , suplementos etc foram propagadas por charlatões através da história.

Numa situação emergencial, a atenção irá se voltar , naturalmente, para medicamentos já disponíveis. Mas precisamos solidificar as evidências. O passado demonstra que várias drogas usadas de modo off-label ou baseadas em tímidas respostas mais tarde mostraram causar mais danos do que benefícios.

Um novo tratamento precisa superar vários obstáculos.Um deles é o poder do efeito placebo : em estudos clínicos , participantes que desconhecem se estão tomando a medicação  ou um comprimido sem nenhum componente químico podem apresentar substancial melhora equivalente de até 80%. Este é um pequeno mistério de recuperação não explicada nem duplicada em outros pacientes de estudos diferentes.

As pesquisa de tratamentos devem  nos conduzir por entre a realidade e medidas objetivas de duas propriedades fundamentais: benefícios e danos.
Uma droga que mostre atividade contra o Covid-19 poderia se mostrar muito tóxica piorando o quadro clínico. O simples argumento de reduzir a “carga viral” pode ser válido, mas os benefícios ou danos podem depender de quando se deveria utilizar a medicação no ciclo de infecção. Drogas para pacientes com sintomas leves a moderados precisam ter mínima toxicidade.

Atingir o desafio de uma droga ideal requer que os passos sejam dados de modo coerente e científico. O uso de produtos sem provação real de beneficio e as suposições de extrapolamento de resultados parciais e não de desfecho são meios inconsistentes e perigosos.Precisamos de transparênccia e colaboração que embasem a confiança e não o achismo.

Precisamos de reais evidências.

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