sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

novas vacinas : Novavax e Jansen

 

Em dois dias já temos duas novas vacinas que terminaram a fase III dos estudos : a da Novavax que realizou sua avaliação no Reino Unido e Africa do Sul (uma vacina de proteína recombinante) e a da J&J (Janssen) – estudada nos Estados Unidos e Africa do Sul (vacina de adenovírus – vetor viral).

A Novavax no Reino Unido avaliou 15 mil pessoas com eficácia de 89% A empresa diz que cerca de metade dos participantes foram infectados com a variante B.1.1.7. Na Africa do Sul participaram menos pessoas ( 4 mil) e a vacina foi menos eficaz : 49% - atribuído à variante B.1.351.Foi notado também que algumas pessoas infectadas com a B.1.351 já tinham sido infectadas com as cepas tradicionais.

A J&J é aplicada em uma dose. Sua eficácia em voluntários dos Estados Unidos foi de 72% ,em voluntários da América Latina foi de 66% e 57% na Africa do Sul(efeito da B.1.351). Importante que não houve diferença nos resultados quando se avaliam grupos etários diferentes.

A J&J atribuiu uma eficácia total de 66% em prevenir a infecção pelo coronavírus,e 85% na prevenção de doença grave (que requer hospitalização). Não houve relatos de óbitos no grupo vacinado. A vacina é muito similar à da AstraZeneca/Oxford .

Não temos dados de gravidade de doença na Novavax.

As vacinas da AZ/Oxford, J&J e Novavax não precisam de ultra refrigeração como as da Pfizer e Moderna.

A J&J reporta que a proteção da sua vacina aumentou com o tempo transcorrido no estudo.Isto precisa ser ainda explorado

Novas variantes SARS Cov 2 : um problema global

 

As variantes do SARS Cov 2 estão começando a serem reportadas em vários países e já constituem motivo de extrema preocupação.

As variantes surgem quando o vírus se propaga de modo “livre”.Ou seja , quando não se estabelecem medidas de contenção. Cada nova infecção cria oportunidade para “erros” – no caso , mutação . A maioria delas não tem importância , não terão repercussão clínica ou epidemiológica . Mas , eventualmente , a persistência das condições para que o vírus se propague em uma população pode gerar mutações que o torne mais contagioso , mais letal ou melhore sua capacidade de escapar das vacinas.

As variantes têm surgido no Reino Unido, África do Sul , Brasil e Califórnia.Lugares onde a pandemia está fora de controle há tempos. Se quisermos terminar esta pandemia é necessário assumir o controle dela e não permitir que o vírus seja o comandante. Mais do que nunca o comportamento de cada nação tem que ser semelhante.Mesmo em países onde a pandemia está sob controle , ou onde a vacinação já esteja atingindo boa parte da população , uma variante que escape à imunidade estabelecida pode desencadear um ressugirmento dos casos.

O termo pandemia refere-se a um processo global onde todo o planeta está vivendo o mesmo drama.Ações pontuais , esparsas , são apenas temporárias e se mostrarão frágeis se naõ entendermos que estamos , todos , no mesmo processo

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

entendendo eficácia das vacinas

 A eficácia de uma vacina mede a redução relativa de uma infecção/doença em um grupo vacinado e outro não (placebo). Uma vacina perfeita iria eliminar o risco de ser infectado ou ficar doente plenamente , ou seja , 100%.Em termos de estatistica essa redução pode ser calculada de três formas : analisando o chamado risco/ratio , o indice incidência/ratio ou o hazard/ratio (naõ irei detalhar aqui por ser extremamente complexo)

A eficácia da vacina de 50% , por exemplo , significa que você tem um risco reduzido de 50% de ficar doente comparado com uma pessoa não vacinada

Existem 3 formas de avaliar a eficácia : 1. eficácia de prevenir a infecção (imunidade esterelizante) 2. eficácia de prevenir doença 3. eficácia de prevenir doença grave.

A maioria dos estudos de fase III estão medindo a eficácia de prevenir doença,com a eficácia contra a infecção e doença grave sendo analisada de forma secundária.

Prevenir infecção é mais dificil de se atingir.E , é claro , que uma vacina que atinja este objetivo irá prevenir doença de qualquer tipo. 

Outro importante efeito da vacina é a capacidade para reduzir a infecção para outras pessoas.Isso é chamado de proteção indireta e relacionada à imunidade de rebanho

Uma vacina que previna a infecção vai impactar diretamente neste aspecto.Mas é possível que uma vacina que previna a doença ainda possibilite que a infecção seja transmitida (assintomáticos)

Eficácia vs Efetividade : eficácia é medida nos ensaios clinicos onde todos recebem as vacinas de modo apropriado e são acompanhados adequadamente .A Efetividade é que se vê no "mundo real ": o que acontece numa vacinação em massa

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Um "upgrade" nas máscaras ?

O SARS Cov 2 , nas suas novas variantes , parece ser mais contagioso.Desta forma , menos partículas podem causar a infecção.E isso requer uma máscara mais eficaz.

As opções são variáveis, indo das N95(considerada a padrão ouro) a máscaras cirúrgicas e outras reutilizáveis ​​que variam de boas a fraudulentas.

O problema é que, um ano após o início da pandemia, a N95 continua em falta, mesmo para profissionais de saúde e quando encontrada tem um preço muito caro.

Como fazer então ?

Melhorando a filtragem

O material de filtragem funciona forçando o ar a se torcer e girar, prendendo as gotículas respiratórias carregadas de vírus. Qualquer material, de tecido a náilon, retém algumas partículas, mas nenhuma camada de tecido é ideal. Depois da N95, os filtros mais eficientes são as máscaras cirúrgicas descartáveis. Tal como acontece com a N95, as máscaras cirúrgicas empregam uma camada de polipropileno não tecido, feita de fibras altamente eficazes e dispostas aleatoriamente. No entanto, nem todos os produtos comercializados como máscaras cirúrgicas são criados iguais.

Faça o ajuste certo

Não importa quão bom seja o material, uma máscara deve ser bem ajustada para ser eficaz, não deixando espaços para a entrada ou saída de ar.. Se ela se encaixa bem, sem lacunas e você tem pelo menos algumas camadas de material de tecido, então provavelmente protege contra pelo menos metade, senão 80% ou mais das gotas e aerossóis que consideramos mais importantes para a transmissão.

Clipes para o nariz: se a sua máscara não tiver um clipe para o nariz dobrável, compre um. Isso melhora o conforto e ajuda a quem usa óculos.Eles não vão embaçar .

Para verificar o ajuste, procure lacunas usando um espelho ou alguns selfies de todos os ângulos. Ou coloque as mãos nas bordas e expire profundamente. Se você sentir que o ar está escapando das bordas, corrija o ajuste. Vidros embaçados também indicam um ajuste ruim.

Usar duas ?

Se uma máscara é boa, duas podem ser melhores? Isso faz sentido, principalmente se combinar algo que filtra bem, como uma máscara do tipo cirúrgico, com algo que se ajusta bem, como uma máscara de pano apertada, na parte superior..Mais camadas adicionam mais capacidade de filtração, mas é importante manter a respirabilidade também. Muitas camadas que tornam difícil respirar através da máscara podem significar que você inspira mais ar através das aberturas, e esse ar não seria filtrado.

Uma advertência importante: alguns produtos N95 têm válvulas de expiração, que facilitam a saída do ar. Eles protegem você, mas não protegem as outras pessoas caso você tenha o vírus (e talvez nem saiba).


sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O pior da pandemia : quando todos acham que entendem de medicina !

 A pior pandemia é a da desinformação.Ela é muito mais danosa à saúde. Transforma , de repente , qualquer um em expert com autoridade de replicar as inverdades numa velocidade espantosa.

O assunto do momento é um artigo recem publicado sobre a ivermectina.Uma alegação de que usada em dose unica reduziria em 75% a mortalidade em pacientes com COVID.

Vamos , passo a passo , desmistificar mais essa falácia.

O estudo foi feito numa metodologia chamada de meta analise.O que é isto ?

É um estudo que coleta de forma sistemática vários estudos , os dados disponíveis , avalia a qualidade deles sobre um determinado desfecho ( no caso a ivermectina e risco de morte) e , se a qualidade for suficiente faz uma junção e ver se existe uma concordância nos resultados.

No caso em questão : a maioria dos estudos nem tinha sido publicada.Não havia sido revisada pelos pares e nem foi checada a qualidade.Pior : incluíram estudos não publicados de autores da meta analise.Por aí surge a questão : como garantir que selecionaram apenas os que interessam ?

Uma etapa importante é a questão da qualidade.Uma meta analise é tão boa ou ruim quantos os estudos que ela escolheu.Quando todos saõ ruins o certo é não analisar pois a conclusão será totalmente equivocada.Foi o que ocorreu : dos 18 estudos apenas um foi considerado bom.Outros ponto a se considerar é analisar se o desenho dos estudo não saõ diferentes.Se o forem : melhor não fazer (foram comparados estudos com doses completamente diferentes e dias de uso tambem).Isso poderia ser amenizado avaliando os trabalhos que usassem a mesma dose : mas não foi feito !!.

Para piorar ainda mais : ver se a população estudada era parecida.No caso não foi.Juntaram estudos com risco de morte de 2 a 30% .Pode piorar mais ainda !!! : o grupo controle era variado : alguns placebo outros usando outras drogas

Enfim ..para quem defende esse tratamento e já é um especialista uma triste noticia : não foi desta vez !!!!!!!!



Para entender porque temos mais de 200 mil mortos e nenhum plano

 O texto abaixo mostra um documento fundamental para se entender o governo genocida do Brasil.Foi publicado no jornal El País.Resumi de forma a preservar as bárbaries


A linha de tempo mais macabra da história da saúde pública do Brasil emerge da pesquisa das normas produzidas pelo Governo de Jair Messias Bolsonaro relacionadas à pandemia de covid-19. Num esforço conjunto, desde março de 2020, o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos, uma das mais respeitadas organizações de justiça da América Latina, se dedicam a coletar e esmiuçar as normas federais e estaduais relativas ao novo coronavírus, produzindo um boletim chamado Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil.

 Nesta quinta-feira (21/1), lançam uma edição especial na qual fazem uma afirmação contundente: “Nossa pesquisa revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo Governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”.


O EL PAÍS mostra  a análise da produção de portarias, medidas provisórias, resoluções, instruções normativas, leis, decisões e decretos do Governo federal, assim como o levantamento das falas públicas do presidente, desenham o mapa que fez do Brasil um dos países mais afetados pela covid-19 e, ao contrário de outras nações do mundo, ainda sem uma campanha de vacinação com cronograma confiável.

Não é possível mensurar quantas das mais de 212.000 mortes de brasileiros poderiam ter sido evitadas se, sob a liderança de Bolsonaro, o Governo não tivesse executado um projeto de propagação do vírus.

Há intenção, há plano e há ação sistemática nas normas do Governo e nas manifestações de Bolsonaro, segundo aponta o estudo. “Os resultados afastam a persistente interpretação de que haveria incompetência e negligência de parte do governo federal na gestão da pandemia. Bem ao contrário, a sistematização de dados, ainda que incompletos em razão da falta de espaço na publicação para tantos eventos, revela o empenho e a eficiência da atuação da União em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional, declaradamente com o objetivo de retomar a atividade econômica o mais rápido possível e a qualquer custo”, afirma o editorial da publicação. “Esperamos que essa linha do tempo ofereça uma visão de conjunto de um processo que vivemos de forma fragmentada e muitas vezes confusa”.


A linha do tempo é composta por três eixos apresentados em ordem cronológica, de março de 2020 aos primeiros 16 dias de janeiro de 2021: 1) atos normativos da União, incluindo a edição de normas por autoridades e órgãos federais e vetos presidenciais; 2) atos de obstrução às respostas dos governos estaduais e municipais à pandemia; e 3) propaganda contra a saúde pública, definida como “o discurso político que mobiliza argumentos econômicos, ideológicos e morais, além de notícias falsas e informações técnicas sem comprovação científica, com o propósito de desacreditar as autoridades sanitárias, enfraquecer a adesão popular a recomendações de saúde baseadas em evidências científicas, e promover o ativismo político contra as medidas de saúde pública necessárias para conter o avanço da covid-19”.

A análise mostra que “a maioria das mortes seriam evitáveis por meio de uma estratégia de contenção da doença, o que constitui uma violação sem precedentes do direito à vida e do direito à saúde dos brasileiros”. E isso “sem que os gestores envolvidos sejam responsabilizados, ainda que instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União tenham, inúmeras vezes, apontado a inconformidade à ordem jurídica brasileira de condutas e de omissões conscientes e voluntárias de gestores federais”. Também destacam “a urgência de discutir com profundidade a configuração de crimes contra a saúde pública, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade durante a pandemia de covid-19 no Brasil”.


Os atos e falas de Bolsonaro são conhecidos, mas acabam se diluindo no cotidiano alimentado pela produção de factoides e de notícias falsas, no qual a guerra de ódios é também uma estratégia para encobrir a consistência e persistência do projeto que avança enquanto a temperatura é mantida alta nas redes sociais. A publicação provoca choque e mal estar ao sistematizar a produção explícita de maldades colocadas em prática por Bolsonaro e seu governo durante quase um ano de pandemia. Um dos principais méritos da investigação é justamente articular as diversas medidas oficiais e falas públicas do presidente na linha do tempo. Dessa análise meticulosa emerge o plano, com todas as suas fases devidamente documentadas.


Também torna-se explícito contra quais populações se concentram os ataques. Além dos povos indígenas, a quem Bolsonaro nega até mesmo água potável, há uma série de medidas tomadas para impedir que os trabalhadores possam se proteger da covid-19 e fazer isolamento. O governo amplia o conceito de atividades essenciais até mesmo para salões de beleza e busca anular o direito ao auxílio emergencial de 600 reais determinado pelo Congresso a várias categorias. Ao mesmo tempo, busca implantar um duplo tratamento aos profissionais de saúde: Bolsonaro veta integralmente o projeto que prevê compensação financeira para aqueles trabalhadores que ficarem incapacitados em consequência de sua atuação para conter a pandemia e tenta isentar os funcionários públicos de qualquer responsabilidade por atos e omissões no enfrentamento à covid-19. Em resumo: o trabalho duro e arriscado de prevenção e combate numa pandemia é desestimulado, a omissão é estimulada.


Através de retenção de recursos destinados à covid-19, o Governo prejudica a assistência aos doentes na rede pública de Estados e municípios. A guerra contra governadores e prefeitos que tentam implementar medidas de prevenção e combate ao vírus é constante. Por meio de vetos, Bolsonaro anula mesmo as medidas mais básicas, como obrigatoriedade de máscaras dentro de estabelecimentos com autorização para funcionar. Muitas de suas medidas e vetos são depois derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou pelo próprio Legislativo.


Esse é outro ponto importante: a análise dos dados mostra também o quanto a situação do Brasil poderia ser ainda mais trágica caso o STF e outras instâncias não tivessem barrado várias das medidas de propagação do vírus produzidas pelo Governo. Apesar da fragilidade demonstrada pelas instituições e pela sociedade, é visível o esforço de parte dos protagonistas para tentar anular ou neutralizar os atos de Bolsonaro. É possível fazer o exercício de projetar o quanto todos esses esforços, somados e associados a um governo disposto a prevenir a doença e combater o vírus, poderiam ter feito para evitar mortes em um país que conta com o Sistema Único de Saúde (SUS). Em vez disso, Bolsonaro produziu uma guerra em que a maior parte da energia de parte das instituições e da sociedade organizada foi dissipada para reduzir os danos produzidos por suas ações, em vez de se concentrar em combater a maior crise sanitária em um século.


Quase um ano depois do primeiro caso de covid-19, resta saber se as instituições e a sociedade que não estão acumpliciadas com Bolsonaro serão fortes o suficiente para, diante do mapa de ações institucionais de propagação do vírus, finalmente barrar os agentes de disseminação da doença. O uso da máquina do Estado para promover destruição tem sido determinante para produzir a realidade atual de mais de 1.000 covas abertas por dia para abrigar pessoas que poderiam estar vivas


A seguir, os principais pontos da linha do tempo das ações de Jair Bolsonaro e seu Governo:


MARÇO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 10: 1º-7/03/2020)

CASOS ACUMULADOS: 19 - ÓBITOS ACUMULADOS: 0

“Pequena crise”

O que Bolsonaro diz:

“OBVIAMENTE TEMOS NO MOMENTO UMA CRISE, UMA PEQUENA CRISE. NO MEU ENTENDER, MUITO MAIS FANTASIA. A QUESTÃO DO CORONAVÍRUS, QUE NÃO É ISSO TUDO QUE A GRANDE MÍDIA PROPALA OU PROPAGA PELO MUNDO TODO

EM 7/3, EM MIAMI, NA FLÓRIDA, REGIÃO CONSIDERADA DE ALTO RISCO. PELO MENOS 23 PESSOAS DE SUA COMITIVA FORAM INFECTADAS

ABRIL

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 15: 5-10/4)

CASOS ACUMULADOS: 20.818 - ÓBITOS ACUMULADOS: 699

Troca de ministro

Bolsonaro demite o ministro da Saúde durante a pandemia. Luiz Henrique Mandetta, além de político, é médico. A principal razão da demissão é a discordância sobre o uso da cloroquina e sobre a atuação pautada pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao final de março, segundo Mandetta, o presidente passou a buscar assessoria para se contrapor aos dados e à estratégia do Ministério da Saúde: “O Palácio do Planalto passou a ser frequentado por médicos bolsonaristas. (...) Ele [Bolsonaro] queria no seu entorno pessoas que dissessem aquilo que ele queria escutar. (...) Nunca na cabeça dele houve a preocupação de propor a cloroquina como um caminho de saúde. A preocupação dele era sempre: ‘Vamos dar esse remédio porque, com essa caixinha de cloroquina na mão, os trabalhadores voltarão à ativa, voltarão a produzir’. (...) O projeto dele para o combate à pandemia é dizer que o governo tem o remédio e quem tomar o remédio vai ficar bem. Só vai morrer quem ia morrer de qualquer maneira”.


O Congresso aprova o auxílio emergencial de 600 reais, medida parlamentar que seria equivocadamente associada a Bolsonaro por grande parte dos beneficiados, resultando em aumento de popularidade para o presidente.


O que Bolsonaro diz:

“E DAÍ? LAMENTO, QUER QUE FAÇA O QUÊ? EU SOU ‘MESSIAS’, MAS EU NÃO FAÇO MILAGRE

28/4, AO COMENTAR O NÚMERO DE MORTOS DURANTE UMA ENTREVISTA, FAZENDO REFERÊNCIA AO SEU NOME DO MEIO

MAIO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 19: 3-9/5)

CASOS ACUMULADOS: 155.939 - ÓBITOS ACUMULADOS: 3.877

Guerra com Estados

Bolsonaro usa decretos para boicotar as determinações de prevenção e combate à covid-19 de estados e municípios. Para isso, amplia o entendimento do que é atividade essencial durante uma pandemia e que, portanto, pode seguir funcionando apesar do agravamento da emergência sanitária. Assim, a área de construção civil, salões de beleza e barbearias, academias de esporte de todas as modalidades e serviços industriais em geral passam a ser “atividades essenciais”.


O presidente tenta ainda isentar os agentes públicos de serem responsabilizados, civil e administrativamente, por atos e omissões no enfrentamento da pandemia. Bolsonaro também veta o auxílio emergencial de 600 reais mensais instituído pelo Congresso a pescadores artesanais, taxistas, motoristas de aplicativo, motoristas de transporte escolar, entregadores de aplicativo, profissionais autônomos de educação física, ambulantes, feirantes, garçons, babás, manicures, cabeleireiros e professores contratados que estejam sem receber salário. Pela lei aprovada pelo parlamento, essas categorias seriam contempladas pelo auxílio emergencial, para que pudessem fazer isolamento para se proteger do vírus.


O novo ministro da Saúde, médico Nelson Teich, se demite: “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”. Assume o posto, interinamente, o general da ativa Eduardo Pazuello. Em solenidade oficial, o militar afirmou que, antes de assumir o cargo, “nem sabia o que era o SUS”. A militarização do ministério se amplia ainda mais. Um protocolo do Ministério da Saúde determina o uso de cloroquina para todos os casos de covid-19, medicamento comprovadamente sem eficácia para combater o novo coronavírus.


Bolsonaro abre guerra contra governadores. O Conselho Nacional da Saúde denuncia que mais de 8 bilhões de reais destinados ao combate à pandemia deixaram de ser repassados aos estados e municípios, que sofrem com a falta de insumos básicos, respiradores e leitos. O CNS lança a campanha “Repassa já!”.


O que Bolsonaro diz:

“SE FOR ISSO MESMO, É GUERRA. SE QUISEREM EU VOU A SÃO PAULO, VOCÊS TÊM QUE LUTAR CONTRA O GOVERNADOR

14/5, EM VIDEOCONFERÊNCIA PROMOVIDA PELA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), INCITANDO OS EMPRESÁRIOS A LUTAR CONTRA O 'LOCKDOWN'

JUNHO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 24: 7-13/6)

CASOS ACUMULADOS: 850.514 - ÓBITOS ACUMULADOS: 42.720

Apagão de dados

Bolsonaro incita seus seguidores a invadir hospitais e filmar, com a justificativa de que os números de doentes e de ocupação de leitos estão inflacionados. Em 3 de junho, o Governo divulga dados sobre a covid-19 com atraso, após as 22h. Em 5 de junho, o site do Ministério da Saúde sai do ar e retorna no dia seguinte apenas com informações das últimas 24 horas. A tentativa de encobrir os números de doentes e de mortos por covid-19 é denunciada pela imprensa. A sociedade perde a confiança nos dados oficiais e seis dos principais jornais e sites de jornalismo —G1, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL— formam um consórcio para registrar os números da pandemia.


O que Bolsonaro diz:

“ARRANJA UMA MANEIRA DE ENTRAR E FILMAR. MUITA GENTE TÁ FAZENDO ISSO, MAS MAIS GENTE TEM QUE FAZER PARA MOSTRAR SE OS LEITOS ESTÃO OCUPADOS OU NÃO, SE OS GASTOS SÃO COMPATÍVEIS OU NÃO

10/6, EM TRANSMISSÃO AO VIVO NO FACEBOOK

JULHO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 28: 5-11/7)

CASOS ACUMULADOS: 1.839.850 - ÓBITOS ACUMULADOS: 71.469

Bolsonaro veta a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, escolas e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Também veta a multa aos estabelecimentos que não disponibilizem álcool em gel a 70% em locais próximos às suas entradas, elevadores e escadas rolantes.


Bolsonaro veta a obrigação dos estabelecimentos em funcionamento durante a pandemia de fornecer gratuitamente a seus funcionários e colaboradores máscaras de proteção individual. Veta ainda a obrigação de afixar cartazes informativos sobre a forma de uso correto de máscaras e de proteção individual nos estabelecimentos prisionais e nos estabelecimentos de cumprimento de medidas socioeducativas.


Bolsonaro veta medidas de proteção para comunidades indígenas durante a pandemia de Covid-19. Entre elas: o acesso a água potável, materiais de higiene e limpeza, leitos hospitalares e de UTIs, ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, materiais informativos sobre a covid-19 e internet nas aldeias. Veta também a obrigação da União de distribuir alimentos aos povos indígenas, durante a pandemia, na forma de cestas básicas, sementes e ferramentas.


O Exército paga 167% a mais pelo principal insumo da cloroquina, com a seguinte justificativa: “produzir esperança para corações aflitos”.


Ao criticar a militarização do Ministério da Saúde, o ministro do STF Gilmar Mendes define a resposta do governo federal à pandemia como “genocídio”: “Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. (...) É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso por fim a isso”.


O que Bolsonaro diz:

“LAMENTO AS MORTES. MORRE GENTE TODO DIA, DE UMA SÉRIE DE CAUSAS. É A VIDA

30/7, EM MEIO A UMA AGLOMERAÇÃO EM BAGÉ, NO RIO GRANDE DO SUL

AGOSTO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 32: 2-8/8)

CASOS ACUMULADOS: 3.012.412 - ÓBITOS ACUMULADOS: 100.477

Ataque à vacina

Bolsonaro veta integralmente o projeto de lei que determina compensação financeira paga pela União a profissionais e trabalhadores de saúde que ficarem incapacitados por atuarem no combate à covid-19.

O Governo Bolsonaro ignora a proposta da Pfizer, que garante a entrega do primeiro lote de vacinas em 20 de dezembro de 2020.

O Ministério da Saúde rejeita a doação de pelo menos 20 mil kits de testes PCR para covid-19 da empresa LG International, dois meses após a oferta.


O que Bolsonaro diz:


“NINGUÉM PODE OBRIGAR NINGUÉM A TOMAR VACINA

31/8, EM CONVERSA COM APOIADORES NO JARDIM DO PALÁCIO DO ALVORADA

SETEMBRO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 37: 6-12/9)

CASOS ACUMULADOS: 4.315.687 - ÓBITOS ACUMULADOS: 131.210

Militar na Saúde

Uma resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibiliza ainda mais a prescrição de ivermectina e nitazoxanida, dispensando a retenção de receita médica para a venda em farmácias. Os medicamentos são propagandeados pelo governo como eficazes para a covid-19, mas estudos científicos mostram que não diminuem a gravidade da doença nem impedem a morte de pacientes. O general da ativa Eduardo Pazuello é efetivado como ministro da Saúde.


O que Bolsonaro diz:

“ESTAMOS PRATICAMENTE VENCENDO A PANDEMIA. O GOVERNO FEZ TUDO PARA QUE OS EFEITOS NEGATIVOS DA MESMA FOSSEM MINIMIZADOS, AJUDANDO PREFEITOS E GOVERNADORES COM NECESSIDADES NA SAÚDE

11/9, EM AGLOMERAÇÃO NA BAHIA

OUTUBRO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 41: 4-10/10)

CASOS ACUMULADOS: 5.082.637 - ÓBITOS ACUMULADOS:150.198

“Vacina chinesa”

Bolsonaro afirma que a pandemia foi superdimensionada, mente que a cloroquina garante 100% de cura se usada no início dos sintomas e cancela a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac pelo Ministério da Saúde: “O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.


O que Bolsonaro diz:

“ESTÁ ACABANDO A PANDEMIA [NO BRASIL]. ACHO QUE [O JOÃO DORIA, GOVERNADOR DE SÃO PAULO] QUER VACINAR O PESSOAL NA MARRA RAPIDINHO PORQUE [A PANDEMIA] VAI ACABAR E DAÍ ELE FALA: ‘ACABOU POR CAUSA DA MINHA VACINA’. QUEM ESTÁ ACABANDO É O GOVERNO DELE, COM TODA CERTEZA” (...) O QUE EU VEJO NA QUESTÃO DA PANDEMIA? ESTÁ INDO EMBORA, ISSO JÁ ACONTECEU, A GENTE VÊ LIVROS DE HISTÓRIA.”

EM 30/10, EM DECLARAÇÕES TRANSMITIDAS POR UM SITE BOLSONARISTA

NOVEMBRO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 45: 1º-7/11)

CASOS ACUMULADOS: 5.653.561 - ÓBITOS ACUMULADOS:162.269

Produção de mentiras

Apesar de todos os fatos e números em contrário, Bolsonaro afirma que o Brasil foi um dos países que menos sofreu com a pandemia. Segue atacando a vacina.


O que Bolsonaro diz:

“MORTE, INVALIDEZ, ANOMALIA. ESTA É A VACINA QUE O [JOÃO] DORIA QUERIA OBRIGAR TODOS OS PAULISTANOS A TOMAR. O PRESIDENTE DISSE QUE A VACINA JAMAIS PODERIA SER OBRIGATÓRIA. MAIS UMA QUE JAIR BOLSONARO GANHA

EM 10/11, NO FACEBOOK, AO COMEMORAR A SUSPENSÃO DOS TESTES DA VACINA CORONAVAC

DEZEMBRO

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 50: 6-12/12)

CASOS ACUMULADOS: 6.880.127 - ÓBITOS ACUMULADOS: 181.123

Qual é o plano?

Bolsonaro anuncia que não vai se vacinar e atua para criar pânico na população, referindo-se a terríveis efeitos colaterais. Em resposta ao questionamento do Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Saúde apresenta o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação. O Governo, porém, ainda não tem vacina a oferecer nem cronograma confiável de vacinação. Onze ex-ministros da Saúde de diferentes partidos publicam artigo denunciando “desastrada e ineficiente condução do MS em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a covid-19”. Ainda não há plano emergencial para os indígenas. Diz o ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “Impressiona que, após quase 10 meses de pandemia, não tenha a União logrado o mínimo: oferecer um plano com seus elementos essenciais, situação que segue expondo a risco a vida e a saúde dos povos indígenas”.


O que Bolsonaro diz:

“A PANDEMIA, REALMENTE, ESTÁ CHEGANDO AO FIM. TEMOS UMA PEQUENA ASCENSÃO, AGORA, QUE CHAMA DE PEQUENO REPIQUE QUE PODE ACONTECER, MAS A PRESSA DA VACINA NÃO SE JUSTIFICA. (...) VÃO INOCULAR ALGO EM VOCÊ. O SEU SISTEMA IMUNOLÓGICO PODE REAGIR, AINDA DE FORMA IMPREVISTA

19/12, EM ENTREVISTA AO PROGRAMA DE UM DE SEUS FILHOS NO YOUTUBE

JANEIRO DE 2021, ATÉ O DIA 16

(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 2:10-16/1)

CASOS ACUMULADOS: 8.455.059 - ÓBITOS ACUMULADOS: 209.296

Mortos por asfixia

O Ministério das Relações Exteriores afirma ter comprado 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford da Índia. Nos dias seguintes, o governo federal organiza uma grande operação de propaganda, incluindo a divulgação massiva na mídia e adesivagem de um Airbus da Azul Linhas Aéreas, que faria uma “viagem histórica” com o slogan: “Vacinação - Brasil imunizado - Somos uma só nação”. Bolsonaro chega a enviar uma carta ao Primeiro Ministro da Índia solicitando urgência no envio das doses, mas a operação é suspensa pela Índia. Diante do colapso da saúde em Manaus, com pacientes morrendo asfixiados por falta de oxigênio na rede hospitalar, o ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, declara: “O que você vai fazer? Nada. Você e todo mundo vão esperar chegar o oxigênio para ser distribuído”.


Bolsonaro veta parte da Lei Complementar nº 177, de 12/1/20, aprovada por ampla maioria no Senado (71 x1 votos) e na Câmara dos Deputados (385 x 18 votos). Segundo a Agência FAPESP, vetos presidenciais subtraem 9,1 bilhões de reais dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação neste ano, impedindo que o Brasil desenvolva uma vacina contra a covid-19, apesar de ter infraestrutura e recursos humanos suficientes. Comunidades acadêmica e empresarial mobilizam-se para derrubada dos vetos,


O que Bolsonaro diz:

“O BRASIL ESTÁ QUEBRADO, CHEFE. EU NÃO CONSIGO FAZER NADA. EU QUERIA MEXER NA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA, TÁ, TEVE ESSE VÍRUS, POTENCIALIZADO PELA MÍDIA QUE NÓS TEMOS, ESSA MÍDIA SEM CARÁTER


Essa história continua.....


quando vamos observar os efeitos das vacinas ?

 

No momento,por todo o mundo,os hospitais vivem um pesadelo com o numero de pacientes com covid-19 aumentando e , em alguns pontos,já saturando a capacidade de atendimento..As vacinas são a única opção de saírmos dessa situação. A questão é : em quanto tempo observaremos uma virada do jogo,uma queda substancial e sustentada no número de casos ?

As vacinas reduzem óbitos e admissões hospitalares de duas formas: a proteção direta que elas promovem; e a proteção indireta ao não vacinado pela diminuição da transmissibilidade em uma comunidade. Se fosse possível medir estes efeitos combinados—e quão rápido eles ocorrem – isso só seria mensurável por uma vacinação em massa. Hoje,os resultados nos são mostrados de forma muito lenta diante da escassez dos insumos e das diferentes estratégias empregadas pelo mundo.

A maioria dos países estão vacinando seus idosos prioritariamente,junto com profissionais de saúde envolvidos no atendimento de casos específicos da doença. A predominância de óbitos pela covid-19—cerca de 85% na Inglaterra—são de pessoas com mais de 70 anos.

Nas enfermarias também observamos esta faixa etária embora se admitam muitas pessoas  ao redor dos 50 anos.Os hospitais ainda demorarão muito tempo para observarem queda no numero de internações diante desse fato pois este grupo etário será vacinado mais tarde

Este padrão pode implicar numa percepção de lento progresso dos efeitos da vacinação e o numero de mortes em pessoas de meia idade podem permanecer ou até aumentar nos próximos meses(proporcionalmente).

No momento,Israel é um lugar para se avaliar as primeiras evidências de como e quando a vacinação implicará numa mudança de rumo.Eles estão vacinando sua população de modo mais rápido do que os outros países.No dia 19 de Janeiro , um mês após o inicio da campanha,Israel tinha vacinado 26% dos seus 9 m ilhões de habitantes com no mínimo uma dose da vacina.E agora os resultados já começam a aparecer.

Num recente estudo, Ran Balicer do Clalit Research Institute de Tel Aviv,comparou um grupo de 200 mil pessoas acima dos 60 anos que havia sido vacinado e outro grupo similar sem vacinação.Ele avaliou diferenças nos índices de infecção em pessoas que tinham entrado em contato  com pacientes sintomáticos ou que tinham testado + para covid 19

Nos primeiros 12 dias de exposição,os testes  positivos permaneceram igual entre os dois grupos. No dia 13, no grupo vacinado os índices de contágio caíram levemente. No dia 14 , caíram em 1/3.Houve um certo desapontamento que esta queda não tenha sido maior,mas a vacina em uso : Pfizer-BioNTech , utiliza duas doses,então o efeito só seria medido após a segunda dose.

Os efeitos precoces da admissão hospitalar em Israel podem ser difíceis de serem mensurados por causa de outros fatores determinantes: o lockdown e a disseminação da cepa b.1.1.7,considerada bem mais contagiosa. Esta combinação de fatores também pode ser extensiva a outros países na Europa.

Um sinal dos efeitos da vacina em Israel começou a ser notado em 2 de Janeiro, o dia quando a proporção dos pacientes com mais de 60 anos que tinham sido vacinados atingiu 40%. O numero de pacientes com doença grave nesses pacientes havia crescido em 30% uma semana antes mas só 7% na semana seguinte. Importante :em pacientes com idade de 40 a  55 anos o numero de doentes graves permaneceu o mesmo.

Mesmo em uma campanha eficiente muitos ficarão sem cobertura vacinal.As vacinas não estão aprovadas para gestantes e pessoas menores do que 16 anos. As crianças raramente sofrem com a doença mas podem transmitir o vírus o que pode inferiri em problemas com a volta às aulas.Estudos em crianças maiores já estão sendo realizados.Nas mais jovens ainda vão demorar....

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Entendendo mutações no SARS Cov2


 

No centro de cada coronavírus está o seu genoma,uma estrutura com cerca de 30 mil “letras” de RNA. Funciona como sua instrução para forçar as células humanas a produzirem cerca de 29 proteínas que ajudam o vírus a se multiplicar e se espalhar.

Na medida que ocorre a replicação viral, pequenos erros na cópia , conhecidos como mutações,surgem naturalmente no genoma.Uma linhagem de coronavirus irá , tipicamente, acumular uma ou duas mutações a cada mês.

Algumas mutações não tem efeitos nas proteínas formadas pela célula infectada.Outras podem alterar o formato proteico por causa da mudança ou deleção de um dos aminoácidos (que estão ligados para formarem as proteínas).

Através deste processo de seleção natural, mutações neutras ou até ligeiramente benéficas serão passadas através de gerações de vírus,enquanto que mutações prejudiciais são “corrigidas” pela próprio RNA.

 

Mutação da linhagem B.1.1.7

Foi relatada pela primeira vez no Reino Unido.Apresenta 17 mutações recentes que trocam ou deletam aminoácidos na proteína viral. Chama a atenção 8 mutações na proteína spike que alteram o seu formato ( a proteína spike fica com duas deleções e seis substituições na sua sequência de aminoácidos)

 

Mutação N501Y

Os cientistas suspeitam que uma mutação, chamada de N501Y,é muito importante em fazer a linhagem B.1.1.7 mais contagiosa Ela altera um aminoácido que se localiza no topo da proteína spike, que faz contato com um receptor na célula humana.Isso leva a uma melhor afinidade pelos receptores celulares tornando o risco de infecção mais bem sucedido

É possível que a mutação N501Y tenha evoluído independentemente em muitas linhagens de coronavírus. Além da linhagem B.1.1.7, ela já foi identificada em variantes da Australia, Brasil, Dinamarca, Japão,Holanda, Africa do Sul etc.

Além da N501Y,a B.1.1.7 tem 16 outras mutações que podem beneficiar o vírus ou serem neutras.Podem ser passadas de geração a geração. Seus efeitos estão sendo estudados no presente momento.

Outra misteriosa mutação na linhagem B.1.1.7 deleta os aminoácidos nas posições 69 e 70 da proteína spike. Experimentos mostram que isso capacita , também , o vírus a infectar as células com mais sucesso. E é possível que isto altere o formato da spike de modo a torna-la mais resistente ao ataque de anticorpos.

Os pesquisadores chama essa deleção de recorrente pois a mesma parte do genoma também tem sido deletada em outras linhagens. A mutação H69–V70 também ocorreu numa variante que infectou milhões de roedores (vison) na Dinamarca. Os cientistas estão identificando outras regiões que podem desempenhar um importante papel no futuro da evolução viral

 

Mutação (deleção) Y144/145

Aqui ocorre uma mudança nos aminoácidos na posição 144t ou 145 também na proteína spike.Esta também parece fortalecer o vírus contra anticorpos

 

Mutação P681H

 

Quando a proteína spike está se ligando à célula uma enzima humana atua facilitando a sua penetração. A mutação P681H facilita esta enzima a agir a favor da entrada do vírus.Esta mutação é vista também em outras linhagens.Mas , felizmente , é rara estar associada à mutação N501Y

Mutação ORF8

 

 ORF8 é uma proteína pequena cuja função permanece misteriosa.Parece não ser essencial para a replicação viral, mas pode ser uma espécie de ajuda a mutantes que perderam algumas proteínas.

 

 

A linhagem B.1.1.7 já foi identificada em mais de 50 países com alguns deles decretando lockdown e restrições de viagens.A estimativa é de que seja 50% mais transmissível e pode se tornar a variante dominante em vários países em breve.NoReino Unido ela já é.

A explicação para como a B.1.1.7 apareceu é de que muitas mutações aconteceram em uma só pessoa. Pacientes com sistema imunológico enfraquecido podem permanecer infectados , replicando o vírus , por meses (acumulando mutações).Quando esses pacientes são tratados com plasma de convalescentes, que contêm anticorpos contra o coronavírus, a seleção natural pode favorecer o vírus com mutações que o protegem.

 

Outras mutações

Uma das primeiras mutações que foram observadas na pandemia é a D614G.Ela apareceu na China no inicio da pandemia e , provavelmente , ajudou na circulação do vírus. Em muitos países ela se tornou dominante. A B.1.1.7 é uma descendente dela.

Na Africa do Sul uma variante conhecida como 501Y.V2 também já se espalhou pelo mundo.Ela tem 8 mutações que também mudam aminoácidos na spike

Nenhuma dessas variantes , até o momento , são passíveis de ajudarem o  coronavirus a escaparem da ação das vacinas. Os anticorpos gerados pela vacina da Pfizer-BioNTech foram comprovados em barrar a mutação N501Y em células de laboratório. Os mais otimistas acreditam que podemos levar anos e muitas mutações para que isto ocorra...

 


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Recuperados ?

Um estudo recente publicado no Lancet trouxe mais dados sobre a relevância do pós COVID.Desta vez foram avaliados que receberam alta após hospitalizações pela doença.O estudo seguiu 1.733 pacientes entre Janeiro e Maio de 2020 e concluiu que após 6 meses de alta , 76% ainda tinham algum sintoma.

Fadiga e fraqueza muscular eram os mais comuns (63%),seguidos por disturbios do sono (26%) , queda de cabelo (22%) e disturbios do olfato (11%).Ansiedade e depressão também foram comuns.

Aqueles que passarma por disturbios respiratórios severos e que realizaram tomografias de tórax ainda mostravam alterações nos exames 6 meses após.A média de idade foi de 57 anos ( o que está bem abaixo do esperado para pacientes que requerem hospitalização)

Este é o estudo mais amplo que acompanhou o pós alta. mas ele não consegue refletir o real impacto na qualidade de vida destes pacientes e que isso representará para o futuro


Portanto o termo recuperado só tem conotação política ou de minimização do problema.os gestores em saúde insistem em mostrar esta estatistica como um "troféu" de combate ao COVID.Pura incompetência e desconhecimento.

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

testes sorológicos para o COVID 19

Os testes sorológicos refletem uma resposta de defesa do organismo frente à uma infecção.Este processo é chamado de soroconversão e leva de uma a duas semanas para iniciar e consequentemente poder ser avaliado laboratorialmente. Altos títulos de anticorpos persistem por diversas semanas.Uma vez que boa parte das pessoas expostas ao vírus podem ter sintomas leves ou ausentes , os testes sorológicos refletem o percentual de acometimento de uma população.

O sistema imune adaptativo cria uma resposta contra o SARS-CoV-2 produzindo anticorpos especificos das classes IgM, IgG e IgA  De forma geral , em outras infecções virais,o IgM aparece após 5 dias da exposição e oIgG após 10 dias.Entretanto , no COVID o tempo de sroroconversão varia bastante o que faz com que os testes comercializados possam ter interpretações discutíveis nas primeiras duas semanas após a infecção. Dependendo da gravidade da infecção , também amagnitude da resposta está alterada

Uma vez que o SARS-CoV-2 infecta a nasofaringe e pulmão, o IgA presente em mucosas , também pode contribuir para o diagnóstico.  

Testes sorológicos tipicamente detectam anticorpos contra antígenos como a proteína spike ou a proteína do nucleocapsídeo. O genoma do SARS-CoV-2 tem mais de 30 proteinas.Testar para multiplos antígenos poderia melhorar o poder diagnóstico. Os testes hoje no merdado não distinguem entre cepas diferentes do vírus que vem sofrenco constantes mutações.Também é possível reação cruzada com outros coronavírus ,principalmente o SARS-CoV-1 e o MERS-CoV .

os tipos de testes são ; ensaio de fluxo lateral (LFA - o teste rápido), o ELISA o de quimioluminescência (CLIA )

LFA : semelhante a um teste de gravidez , temfacilidade na execução , resulatos qualitativos em minutos.Problemas : variações na amostra,problemas na leitura do resultado, amplificação enzimática não é rapidamente atingida no teste - isso faz com que sua sensibilidade e especificidade sejam muito discutíveis ( além dos inumeros fabricantes de procedência duvidosa no mercado)

ELISA : requer laboratório e pessoal treinado , fornece resultados com alta precisão pois capta o sinal de amplificação enzimático.Detecta IgG, IgM e IgA. Etapas de detecção torna o ELISA altamente sensivel

CLIA : similar ao ELISA mas atua em micropartículas que imobilizam os antígenos que permite excelente acurácia.

Um teste com 95% de sensibilidade e 95%  de especificidade pode parecer altamente confiável mas , na verdade , vai depender da prevalência da infecção na população. Geralmente, alta especificidade de um teste é muito importante em locais de baixa prevalência.Alta sensibilidade é importante em populações de alta prevalência.

Outra analise é o valor preditivo positivo/negativo : métricas que representam a performance de um teste.Por exemplo : testar um população com 1% de prevalência da infecção, com um teste de 100% de sensibilidade e 99% de especificidade vai reportar quase 2% positivos . nas mesmas condições um teste de 95% especificidade irá reportar 6% positivo.

 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Manaus : um aviso sobre a possibilidade de reinfecção ?

 Quando o numero de novos casos de Covid começaram a aumentar em Manaus,virologistas do Imperial College London revisaram os estudos que mostravam que cerca de 3/4 da população ja poderiam ter sido infectados pelo SARS-CoV-2, o que se aproximaria de uma possível imunidade de rebanho. A questão : como explicar essa ressurgência de novos casos ?

No dia12 de Janeiro , um estudo postado no site virological.org. mostrou que de 31 amostras coletadas em Dezembro em Manaus , 41% eram pertencentes a uma nova linhagem chamada P.1. Uma possibilidade : seria possível que ela causaria uma nova infecção , escapando da defesa produzida pela cepa inicial?. E outra grande duvida : seria necessário atualizar as vacinas disponíveis a fim de promover imunização adequada ?

Uma outra possibilidade levantada é de que a imunidade adquirida após a infecção inicial estaria sendo naturalmente perdida e o comportamento das pessoas levando a aglomerações e desrespeito às normas de prevenção explodiria a casuistica.Ester Sabino, da USP,já está estudando essa variante.

Por enquanto é precoce afirmar que as vacinas não funcionariam contra estas cepas

Mas se isso ocorrer elas precisarão ser atualizadas.

.....e essa seria uma nova e desafiadora empreitada 

Guerra de narrativas : médicos que prescrevem drogas que não têm efeitos no tratamento do COVID

Aprendemos muito com a experiência mundial no manejo do COVD quando completamos um ano de pandemia. Temos consensos , nacionais e internacionais muito bem fundamentados , sobre o que funciona no tratamento. Isso pode ser encontrado nas Diretrizes da OMS para manejo da Covid19, nas orientações do NIH (USA), nas orientações do CDC (USA), nas orientaçoes da Agência Médica Europeia (EMA). No Brasil na Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia, Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

Infelizmente , uma parcela de médicos ignora a Medicina e cria uma narrativa paralela baseando-se em artigos científicos de má qualidade,especulações , artigos de péssima qualidade  e suas próprias experiências de observação.

O discurso é muito parecido : " tenho visto resultados incríveis com o tratamento precoce da Covid19, os pacientes melhoram". Criam um mantra para subsidiar suas prescrições, negando toda a produção cuidadosa de evidências dos ensaios clínicos sólidos.É uma ilusão de óptica :

A Covid19 tem uma evolução favorável na maioria dos casos (felizmente !!), mesmos em pacientes de risco. A doença irá ser "tratada" por medicamentos sintomáticos (quando houver necessidade) ou por qualquer coisa que for dada ao paciente ( canjas , chás , dipirona etc).Para esses médicos, a sensação de ter impactado na melhora ,acaba justificando a ignorância científica. Por isso , há muito tempo ,os estudos clínicos randomizados,controlados por placebo,são um imperativo na ciência médica pois só assim é possível verificar se de fato o tratamento é efetivo e seguro.


Esses médicos contrariam a modernização da medicina dos últimos 50 anos.O seu avanço em prol de uma prescrição mais segura e eficaz.Um tratamento fundamentado na interpretação de resultados de ensaios clínicos controlados solidifica a verdadeira ciência e retira a " autoridade" das conclusões pessoais (base da famosa frase : " na minha experiência" !!)
 Além de não funcionar,o chamado "tratamento precoce" ou a "profilaxia contra o COVID" causa uma falsa sensação de proteção.O paciente acaba tendo maior risco de se infectar. Sente-se mais seguro , protegido. Relaxa nas medidas de proteção.

Existe um custo para esta infeliz prática .O governo investiu 11 milhões de reais nos kits de traatmento precoce. Prefeitos e Governadores empregam parte do orçamento em saúde para bancar esta prática absurda. Resultado : as UTIs estão lotadas de pacientes que seguiram o tratamento precoce.
O pior : há uma forte associação entre médicos e pessoas que seguem seus preceitos no tratamento precoce com uma posição anti-vacina. Boa parte destes são apoiadores do Governo Bolsonaro e de sua catástrófica gestão da pandemia no Brasil.Um governo que tem uma clara agenda anti-ciência e que nega o consenso científico contrariando as medidas mais eficazes de controle da pandemia :evitar aglomerações e uso de máscaras.
Soma-se a estes fatos a nula participação dos conselhos de medicina. Não vimos até o momento quaisquer medidas  para coibir (ou mesmo punir) esses médicos que se posicionam contra o rigor científico e que acabam sendo formadores de opinião.
Enquanto isso vemos um país se curvar diante de um vírus que soma milhares de mortos. Para a medicina , o COVID legará a pior herança : a morte da credibilidade de uma profissão.O descrédito na ciência . A vulgarização do ato médico . 



sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

o custo politico do SARS Cov2

 Existe um consenso tácito de que o custo político de deixar as pessoas morrerem desassistidas é menor do que o custo político de promover medidas reais de contenção do coronavírus.

É menor do que fechar baladas, bares, restaurantes.

É a barbárie institucionalizada.

E sempre vem a questão e os trabalhadores do setor de serviços ?....irão morrer de fome ?.... Sim, eles são afetados. Um Estado decente, com E maiúsculo, faria questão de prestar assistência pra eles sem fazer com que eles ( e todos) se exponham ao risco de morte.

Qualquer coisa diferente é um fracasso.

É genocidio


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

mutações

 A evolução, seja de vírus ou de qualquer organismo, não segue uma caminho linear, mas sim caminhos que se dividem, onde diferentes linhagens seguem rotas evolutivas independentes. Ao longo dessas rotas, cada (população de) coronavírus acumula cerca ~2 mutações por mês

As rotas evolutivas que cada (população de) vírus segue é praticamente única. Assim, ao longo de cada rota, cerca de 22 mutações ocorrem por ano, mas se somarmos as mutações acumuladas por CADA rota, chegamos a centenas de milhares de mutações.

Desde o começo da pandemia, mais de 32.000 mutações mudaram não só o genoma, como também as proteínas do SARS-CoV-2. Desse modo, aquela média de 22 mutações por ano só se aplica a rota evolutiva de um único vírus: são muitas mutações, o que é normal


transmissão em ambientes abertos do SARS Cov 2 : novas variantes

 O risco de transmissão do SARS Cov2 é complexo e multi-dimensional.Ele depende de muitos fatores : tipo de contato (duração,proximidade,tipo de atividade) , fatores individuais , ambientais (externo,interno),sócio-econômico e adesão ás medidas de restrições.

A transmissão é facilitada pela proximidade , pelo contato prolongado e frequencia de contatos de forma que,quando mais tempo se passa com alguem contaminado e quanto menos ventilado ou mais aglomerado for o ambiente maior será o risco.

Mas qual seria a possibilidade de contrair o vírus em ambientes abertos? Estudos de rastreamento de contatos sugerem que a transmissão é 20 vezes maior em ambientes fechados.O risco não é zero mas é significativamente menor.Tambem sabemos que a maioria das transmissões (> 90%) ocorrem em abientes interno.Compartilhar o mesmo quarto,contatos diários frequentes,atividades em grupo,jantares etc são de alto risco e aumentam na medida em que se aumenta o tempo de contato e a proximidade.

O pequeno numero de casos onde a transmissão aconteceu em locais abertos foi ocasionado por interações de proximidade,de longa duração e que envolveram tambem atividades internas.Desta maneira podemos considerar que o risco continua sendo consideravelmente baixo a menos que aconteça a interação próxima e uma duração significativa.Exemplo : estar andando na rua e cruzar com uma pessoa sem nehuma interação.

 Com as novas variantes,toas as interações são de alto risco mas as externas devem continuar sendo de baixo risco.Mas,diante da maior transissbilidade vai aumentar ,em muito,a chance de se encontrar uma pessoa que esteja transmitindo.Vivemos um delicado momento da necessidade das medidas de prevenção e da chamada fadiga do distanciamento.

É preciso reconhecer que nem todos irão assumir completamente a interação social por períodos de tempo prolongados e cada vez mais interações irão ocorrer em abientes ao ar livre.

As novas variantes ainda não foram estudadas nesse aspecto : o quanto mudarão o risco nos ambientes externos considerando tudo o que abordei acima.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

a confusa apresentação da eficácia da Coronavac

 Ontem o assunto foi a eficácia da Coronavac.

O que tornou o assunto mais polêmico foi a intensa conotação politica associada , o atraso descabido e as prorrogações das datas de anuncio sugerindo que havia uma temerosidade no numero final que ficou bem abaixo da eficácia das outras vacinas já aprovadas.

Os números divulgados para a vacina são RRR, ou redução do risco relativo. Esse é o primeiro ponto a se ressaltar e deve nortear todas as interpretações em relação à vacina.

Como a RRR total deu cerca de 50%, houve uma certa confusao, porque fica a idéia que o risco de se contaminar é de 50%.

Mas não : RRR de 50% quer dizer que seu risco é reduzido pela metade EM COMPARAÇÃO com quem recebeu placebo, por isso ele se chama risco relativo.

Uma redução de 50% é bem relevante clinicamente. Exemplo : se você tinha 10% de risco de contrair COVID, seu risco será de 5% com a vacina. Se tinha 2%, seu risco será de 1%.Isso para o total de casos, que é puxado principalmente pelo maior número de casos muito leves (os que não precisam atenção).

Para casos leves (que precisam de assistência), a redução foi de 78%. Esse é o valor mais importante clinicamente. Significa que se o seu risco fosse de 100%, seria reduzido para 22%.Se o risco fosse de 10%, seria reduzido para 2,2%.Isso é MUITO bom.

Para os casos moderados ou graves, o número de casos foi muito pequeno, então não é possível afirmar com certeza que houve redução.Esse é o ponto mais significativo pois está sendo visto como o mais importante - em termos de propagandas - mas não tem significado estatístico.Aqui entra o viés politico.

Mas, é razoável supor que, com o aumento do tamanho da amostra, esse efeito possa aparecer.

A mais importante lição : para vacinas, sabemos que é muito importante a cobertura vacinal.Para uma vacina com uma redução de risco de 50% é muito importante que a maioria da população seja vacinada a fim de estabelecermos uma proteção real.

domingo, 10 de janeiro de 2021

entendendo eficácia e efetividade em vacinas

 Vamos tentar entender cálculos de eficácia e efetividade da vacina com exemplo

Supondo 2000 voluntários
Metade grupo placebo (sem vacina) e a outra metade grupo vacinado ( 1000/1000)
1. Destes 2000 voluntários, 500 tiveram casos de COVID com sintomas

avaliando os 500 casos por grupo:
400 no grupo placebo e 100 foram no grupo vacinado

2. ocorreram 5óbitos no total
Óbitos 5 em 500: 5 grupo placebo e 0 grupo vacinado

3. ocorreram 100 casos Moderado/Grave 100 em 500:
100 grupo placebo e 0 grupo vacinado
4. ocorreram 395 casos ambulatoriais leves:

373 grupo placebo e 22 grupo vacinado

Qual a capacidade de proteger com a cobertura vacinal? Calcular Eficácia
100 casos COVID / 1000 vacinados = 0.1 400 casos COVID / 1000 placebo = 0.4
1 - (0.1/ 0.4) 1- 0.25 0.75 Resposta para avaliação: 75% de EFICÁCIA, capacidade da vacina proteger com a cobertura vacinal

Qual a capacidade de reduzir número de casos? Calcular Efetividade parte1
1 - (A x D) / (C x D) A = vacinado infectado (22) 1000-22 = 978 B = vacinado Não infectado (978) C = placebo infectado (478) 1000 - (5+100+373) = 522 D = Placebo não infectado(522)

Calcular Efetividade parte2
1 - ((22 * 522) / ( 478 * 978))
1 - ((11484) / (467484)) 1 - (0.0245) 0.9755
Resposta para avaliação: 97% de EFETIVIDADE da vacina reduzir número de casos da COVID-19 comparando grupos vacinado contra grupo placebo