Dos 193 países do mundo, 134 suspenderam as aulas durante a pandemia da covid-19. Algo absolutamente inédito na história da humanidade. Até agosto de 2020, mais de 1 bilhão de crianças e jovens ficaram longe da escola, de acordo com a Unicef, a agência das Nações Unidas para infância.
No inicio do do segundo semestre, 105 desses 134 países –78% do total – tentaram a retomada das aulas. 59 começaram essa jornada no final de agosto, mesmo que diante do risco de uma segunda onda de contaminação.
No Brasil, governos estaduais estudam os melhores protocolos para a volta às aulas presenciais.
Porém, diante do ineditismo desse processo complexo da pandemia várias questões ainda não podem ser completamente respondidas.
A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicou no dia 24 de agosto um material simples e didático, com dados e parâmetros para auxiliar nas decisões a serem tomadas por autoridades políticas, sanitárias e educacionais.
Ao pensar em reabrir escolas, as autoridades devem levar em conta os benefícios e os riscos para a educação, para a saúde pública e para a realidade socioeconômica no contexto específico. A defesa do interesse de cada criança deve estar no centro das decisões tomadas, usando para isso as melhores evidências disponíveis. Entretanto, a forma como essa retomada se dará vai variar de escola para escola”, diz o documento da Unicef.
Uma coisa muito relevante a destacar é que qualquer política de retomada das aulas só será segura e efetiva se estiver em sintonia com as demais políticas sanitárias adotadas em cada país. Não adianta a criança ir para uma escola onde vigorem protocolos rigorosos de distanciamento se, ao voltar para casa, o contexto é de aglomeração, de contato descontrolado com diversas pessoas e de descuido no uso de máscaras e com a higiene das mãos.
As sugestões vão desde ideias simples – como realizar aulas ao ar livre, em vez de usar espaços fechados – até alterar características físicas das escolas, quando necessário e possível.
Nas escolas brasileiras já ocorrem debates como a diminuição das turmas e a rotatividade dos alunos, para garantir o distanciamento entre as carteiras e prevenir aglomerações.
Alguns tópicos são problemas universais como a dificuldade em garantir as condições de higiene nos banheiros de uso coletivo. A pandemia reforçou a necessidade de que as escolas tenham sabonete disponível em quantidade suficiente nos sanitários o tempo todo, o que é difícil encontrar, mesmo em escolas de países desenvolvidos.
Um dos pontos que o documento realça é a importância de prestar atenção à carga emocional que essa situação excepcional traz aos alunos que regressam às aulas.
É preciso prestar apoio psicológico às crianças infectadas, para combater o estigma e o preconceito de colegas de classe durante o período de afastamento.
É importante, diz o documento da Unicef, que as crianças saibam que não há nada de errado em sentir medo, angústia e ansiedade em relação a tantas e tão grandes mudanças nesse período.
Para facilitar a detecção desses casos, a agência recomenda que as escolas mantenham comitês de pais e professores, que sejam capazes de facilitar o contato entre o que acontece em casa e na escola.
A Unicef antecipa que muitos estudantes precisarão de ajuda suplementar nos próximos meses, dado o caráter excepcional do momento. Nesses casos, são recomendadas iniciativas como retrospectivas de conteúdo, abertura de horários suplementares e lições de casa em maior quantidade e frequência.
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