domingo, 13 de setembro de 2020

a corrida pela vacina


 

Vacinas buscam atingir a idéia de imunidade de rebanho, um tipo de fortaleza biológica na qual a ampla maioria da população é protegida contra a infecção.

Uma maneira de se atingir esta meta é através da infecção natural, que envolve pacientes suficientes que serão infectados e recuperados sem sérias consequências.Esta é uma estratégia arriscada pois não se pode prever quanto tempo isso demoraria para ocorrer e durante este tempo o vírus manteria seu caminho de infecção e mortalidade.

As vacinas têm sido a essência científica para se atingir a imunidade de modo mais seguro. Desde que Edward Jenner, nos anos 1790s, descobriu que expor pessoas a pequenas quantidades do vírus da varíola poderia ocorrer a imunidade , essa técnica vem se aprimorando. Hoje , as companhias farmacêuticas e de biotecnologia estão testando mais de 100 vacinas candidatas a combater a COVID-19. Bilhões de dólares estão sendo empregados num esforço global que só encontra precedente na corrida da vacina contra a póliomielite nos anos 1950s. 

Pouco tempo após os cientistas terem isolado o novo coronavirus, equipes chineses já estavam testando 10 potenciais vacinas. Projetos ambiciosos estão em andamento como a Operation Warp Speed , liderada pelos Estados Unidos , que prometem entregar 300 milhões de doses de uma vacina em Janeiro de 2021; empresas como Moderna, AstraZeneca, Pfizer, Sanofi and Johnson & Johnson já têm seus modelos.

Porém um intenso movimento politico está crescendo na corrida pela vacina . Isso pode implicar em riscos de segurança principalmente uma vez que os estudos de fase 3 são essenciais na sua realização. Em Agosto a Russia anunciou que seu ministério da saúde tinha aprovado a vacina chamada de Sputinik que ainda estava em teste de fase 2.Toda a comunidade científica considerou muito prematura essa noticia. O exemplo de que todas as fases do estudo têm que seguir rigorosos controles foi dado recentemente quando a Astra Zêneca interrompeu temporariamente seus estudos por causa de um efeito colateral em um dos participantes.

Desenvolver uma vacina para uma nova doença infecciosa é uma aposta sempre; já estamos vivendo 40 anos da pandemia do HIV e nenhuma vacina se mostrou efetiva até agora. O SARS-CoV-2 é muito novo para a ciência que ainda não está claro se o nosso organismo irá realmente conseguir se proteger da infecção.

A urgência de uma pandemia submete os médicos a fazer hipóteses de formação de imunidade que não tem um tempo definido de duração e de intensidade. Alguns experts afirmam que , no minimo , uma vacina pode minimizar os impactos da doença mais do que levar a uma imunidade esterelizante (ou seja , duradoura)

Um outro desafio : apenas uma vacina pode não será suficiente. Da perspectiva da produção e distribuição, imunizar a população mundial irá requerer que diversas vacinas sejam somadas nesse intento.Como um problema de ordem universal nenhuma companhia tem a capacidade de absorver esse mercado.

Mesmo com multiplas vacinas , não será facil garantir que estas cheguem ás pessoas certas no momento certo. Quase todas as candidatas vão necessitar de uma segunda dose , algumas precisam ser mantidas em refrigeração.

Outra grande dúvida ; como será feita a distribuição das doses , quais pessoas terão prioridades ? Por mais que se produzam quantias altas de doses elas não serão suficientes para atingir as pessoas num primeiro momento de modo geral. As autoridades em saúde irão ter que tomar decisões sobre quem terá prioridade baseando-se , esperamos , em principios de risco e utilidade social

Um exemplo que mostra a complexidade das decisões : até 40% da população dos Estados Unidos se qualificam como grupos de risco : têm condições de base de saúde que as colocam como prioridade

Pesquisadores da CUNY Graduate School of Public Health and Health Policy usaram uma simulação de computador para calcular que se 75% da população mundial fosse vacinada, a vacina teria que ter uma efetividade de 70%. Se somente 60% fosse vacinada, a efetividade sobe para 80%.

Os desafios de atingir uma vacinação universal também encontra desafios nacionalistas : varios países estão investigando suas próprias vacinas e já manifestaram que darão prioridade aos seus cidadãos.Países de pouco recursos serão alijados , a não ser que haja uma comoção mundial , do processo inicial de imunização.

Outra argumentação bastante válida para o nosso tempo é a negativa de muitas pessoas em se vacinarem. Um terço dos americanos já demonstraram vontade em não se vacinar.Mais um obstáculo na busca de uma vacinação mundial.


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