segunda-feira, 3 de outubro de 2022

afeto

 

O humano está afetivamente presente no mundo. Viver é experimentar um processo contínuo de sentimentos diversos, que podem mudar e contradizer-se com o passar do tempo. A dinâmica psicológica do que muda resulta das formas que o olhar se volta para o mundo e para os outros.

Não estamos imersos na vida apenas perpassados por sentimentos passageiros. Os acontecimentos nos tocam e modulam e assim as decisões são envoltas pelo afeto. Coração e razão dançam a mesma música, cada um com seus passos , mas influenciando-se mutuamente.

A tarefa para a sanidade é “racionalizar” o afeto empregando a lucidez do filtro que permeia timidamente o cotidiano. Não se trata de eliminar a emoção , apenas de direcioná-la para seu canto de importância.

Keaton escreveu que existe uma “ inteligibilidade da emoção, uma lógica que a ela se impõe; da mesma forma,uma afetividade no mais rigoroso dos pensamentos, uma emoção que o condiciona”. A vida afetiva não tem intenções explícitas.Algumas vezes surge contra o controle.O afeto está em cinesia,emerge dos encontros,muitas vezes ressurge do passado.Na concepção da individualidade parece ter geração espontânea.

A antropologia pode demonstrar o aspecto arduamente edificado dos afetos e o quanto isso moldou as sociedades humanas. O afeto visto como um símbolo da relação permanente de cada um com o mundo ,as coisas e os acontecimentos que o cotidiano,essa trama inenarrável , descortina.

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