terça-feira, 22 de dezembro de 2020

ainda sobre a nova mutação do SARS Cov2

 A nova variante do SARS Cov2 que apareceu no Reino Unido tem forçado Londres a um novo lockdown além de restrições de alguns países aos vôos provenientes da Inglaterra

Sempre que uma mutação viral potencialmente significante emerge, os cientistas procuram entender 3 fatores fundamentais: o quanto ela se espalha, a doença que ela causa e se ela implica em alguma alteração na imunidade (natural ou induzida por vacina).

A primeira questão : esta variante parece ser mais transmissível,mas ainda precisamos de mais evidências.A segunda : até agora não há sinal que ela possa causar uma doença mais séria.A terceira : as questões sobre imunidade só serão respondidas com precisão mais tarde.

Até agora não existem evidências que o vírus tenha mudado o suficiente para alterar o perfil de imunidade . Portanto,algum impacto sobre a eficácia da vacina não está sendo cogitado

O Coronavirus tem uma dinâmica mais lenta que o vírus Influenza. SARS-CoV-2 tem adicionado uma ou duas mudanças por mês no seu genoma de RNA desde que surgiu no ultimo ano na China, e diferentes versões do vírus tem circulado através da pandemia.

Esta variante, chamada de B.1.1.7 ou VUI-202012/01, mostrou no minimo 17 mutações. Algumas estão no genoma que fornece instruções para a proteína spike, que se liga às células humanas dando inicio à infecção. Algumas vacinas foram desenvolvidas para ensinarem o sistema imune a criar anticorpos contra estas proteínas, então é possível que mudanças nesta estrutura viral possa alterar a eficácia vacinal. O mesmo poderia ocorrer com os anticorpos formados numa primeira infecção.Estes poderiam não reconhecer a "nova variante". Mas,é importante ressaltar que outros componentes imunes , por exempo , as células T, contribuiriam para a proteção

Desta forma, se o vírus evoluir para "escapar" das vacinas — agora ou no futuro — a imunização não seria de todo ineficiente; poderia ser menos protetora e isso exigiria uma atualização das vacinas periódicamente

A maioria das pessoas no mundo ainda estão suscetíveis ao vírus, portanto não é provável que exista uma pressão evolutiva para o vírus se adaptar.Porém, isso poderia ocorrer quando uma grande parcela da população for vacinada.

Uma teoria para o surgimento desta nova variante seria : um paciente imunocomprometido com uma "rara" COVID crônica — onde o vírus se replicasse por semanas, isso geraria o surgimento de uma mutação

Sobre a questão de causar doença mais grave ; pesquisas estão sendo feitas em pacientes hospitalizados avaliando a presença desta cepa

Todos os vírus mutam.E o SARS-2 está sendo bem monitorado. Uma outra variante conhecida como D614G, ajudou a aumentar a eficiência da velocidade de disseminação viral. Mas várias outras mutações não deram em nada.

Embora os britânicos rotulem a mutação B.1.1.7 como sendo até mais 70%  transmissível ainda não podemos afirmar com precisão. É possível que uma variante possa parecer mas contagiosa em uma determinada área e não se sustente epidemiológicamente

Outra afirmação ainda não totalmente embasada é que a nova variante tenha um coeficiente de transmissão de 1,5 versus 1,1 da cepa tradicional. esta é uma grande diferença : 10 pessoas infectadas levariam a 11 novas infecções vs 10 pessoas infectadas levariam a 15 novas infecções.

Outra possibilidade é que pacientes infectados tenham maior carga viral

Importante frisar que na Africa do Sul uma variante muito similar a esta do Reino Unido tambem apresentou maior indice de transmissão. Outra discussão também que vem sendo abordada é a possibilidade da nova variante ser capaz de infectar mais crianças

Já temos relatos da B.1.1.7 na Holanda, Dinamarca,Itália,Islândia e Australia.Se procurarmos vamos achar.


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