quinta-feira, 11 de maio de 2017
Lavar as mãos
O que é mais provável para salvar vidas : o investimento em alta tecnologia ou os esforços em melhorar as performances em medicina ?.A maioria das pessoas optaria pela primeira hipótese.Mas nós que trabalhamos com controle de infecção acreditamos que todas as iniciativas em incrementar o que já existe de eficiente tem a capacidade de mudar o mundo.
Nós devemos prestigiar as inovações e expandir nossas habilidades e conhecimentos mas se melhorarmos a nossa ciência de performance estaremos na busca da excelência.Existem muitos exemplos que poderiam ser descritos aqui.Mas vamos falar do mais simples deles e o mais barato : a higienização das mãos.
As estatisticas mundiais mostram que os médicos e enfermeiros lavam suas mãos apenas , no máximo , em metade das oportunidades que aparecem num dia normal de trabalho.Isto , infelizmente , não é nenhuma novidade.Em 1847 , um obstetra hungaro trabalhando em Viena , Ignac Semmelweis , deduziu que o fato dos doutores não lavarem as mãos eles estariam contaminando mulheres que haviam acabado de dar à luz com uma infecção quase sempre fatal , a febre puerperal.Uma simples exigência higiênica , uma vez implantada , salvou centenas de vida à época.
Nenhuma parte de nossa pele está livre de bactérias.Nas nossas mãos podem existir 5 milhões de colônias por centímetro quadrado.O lugar mais difícil para erradicá-las é embaixo de nossas unhas.
A higiene com sabonete comum pode remover as sujidades superficiais.Hoje nós utilizamos nos hospitais alguns produtos como o alcóol e a clorexidina capazes de romper as membranas bacterianas e consequentemente terem uma melhor eficácia.Mas uma adequada higiene das mãos é quase como um ritual : você deve remover relógios ou jóias (ou melhor - não usá-los) , umedecer sua mão , aplicar o produto indicado pelo hospital esfregando vigorosamente as mãos , unhas , e o terço distal do antebraço pela duração aproximada de 15 a 30 segundos.Depois enxague e seque com um papel toalha descartável e repita a operação antes e depois de entrar em contato com o paciente.
Nos ultimos anos as comissões de controle de infecção também vêm buscando soluções práticas dentro do hospital para incentivar estas medidas : dispensers com alcóol gel , pias disponíveis em todos os setores etc
Nosso desafio este ano é a conscientização de todos sobre o risco das bactérias multirresistentes e a importância de cada um , pacientes e profissionais de saúde , na responsabilidade desse pequeno gesto
Nós sempre esperamos pelo modo mais fácil de se consertar um problema.Mas poucas coisas na vida são resolvidas desta forma..O sucesso requer que centenas de passos sejam dados de modo certo ; um após o outro , com a conscientização de nossa importância em mudar algo.
E por mais que tenhamos aprendido sobre o controle de infecção ainda temos uma enorme dificuldade em clarear o significado da higiene das mãos para muitos profissionais.O paradoxo é que dentro de um centro cirurgico a adesão ao método é 100%.Quando atingimos 70% nas enfermarias e UTIs abrimos um largo sorriso.
Interromper a disseminação de patógenos dentro de qualquer hospital não é uma questão de ignorância.É uma questão de adesão , de colaboração .Uma falha individual de aplicar o conhecimento corretamente.
Respondendo a pergunta inicial : precisamos de tecnologia....? . Não ! Precisamos de esforços na performance.
Quando você se esforça para melhorar muito provavelmente não ficará sozinho nesse empenho
dedico este post às minha parceiras do serviço de controle de infecção do Hospital Santa Catarina de Blumenau : Carol , Kelly e Juliette
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Adorei. Busca incansável da segurança do paciente, colaborador, visitante e acompanhante.
ResponderExcluirVamos dedicar este post a você que também é nosso parceiro neste setor espetacular.