As minúcias de cada dia vivido podem ter sua própria
fascinação. Está é a base do excelente livro da filósofa Havi Carel
Phenomenology of illness (fenomenologia da doença).
Ela inicia lamentando que a maioria dos filósofos
negligeciem uma grande proporção daquilo que importa a nós : amor , a família ,
envelhecimento e doença.Com exceção dos estóicos e de Epicuro que discutiram
nossa fragilidade e mortalidade , os filósofos posteriores pretenderam abordar
o etéreo.
Ela discute o poderoso argumento do nosso dever de
reconhecer as vozes e experiências dos pacientes que cuidamos.A também filósofa
, Miranda Fricker , utiliza o termo injustica epistêmiológica para se referir a
como os profissionais nem entendem nem valorizam à experiência vivida da
doença.De como pensamos que estar doente necessariamente implicaria numa menor
qualidade de vida.Essa mensagem é transmitida de modo inconsciente em nossa
educação médica
No seu livro , Carel utilizou a palavra fenomenologia no
sentido de abranger uma diversidade de abordagens.Há um capítulo bastante
intenso explorando o debate de alunos de Heidegger para o que representaria o
termo " estar morrendo " e o que o próprio Heidegger pensa sobre a
morte.
O livro nos faz refletir sobre as fronteiras entre doença e
incapacidade : Carel usa o termo arquitetura social da doença - uma interação
com os outros que não entendem o que seria ter uma limitação física.
A filosofia pode nos ajudar a entender a doença e , de certa
forma , a doença pode ser uma ferramenta filosófica motivando a reflexão.A
doença nos retira das condutas regulares de cada dia.Os paciente têm a
subjetividade do adoecer e podem nos transmitir seus feitos únicos.
Eles podem ter o passaporte para um lugar que só eles entendem
e que nós deveríamos ter a obrigação de conhecer.
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