Nós nos lembramos do medico como parte da comunidade.Era possível
vê-lo pela cidade.Nós sabíamos que sua esposa estaria levando os filhos para a
escola todas as manhãs.Nós sabíamos onde encontrá-lo quando necessário e também
sabíamos que ele não saberia responder a todas as nossas questões.Mas ele nos ouviria e teria palavras de
conforto para todos os males.Desse modo ele cuidava e muitas vezes curava.Ele
nos oferecia muito mais do que comprimidos.Ele nos oferecia ajuda com a vida e
com a morte.Nós iríamos procurá-lo pessoalmente ou com nossa família e tínhamos
, no fundo , a consciência que éramos todos humanos e que ele estaria sempre
tentando o nosso melhor.
Nós agora vemos
enfermeiras , médicos muito mais atarefados.Parecem estar com pressa digitando
em seus computadores , atendendo seus celulares , olhando mais para uma tela
luminosa do que para os nossos olhos.Também notamos que as frases são curtas ,
calculistas , objetivas e que parecem ser sempre as mesmas.Parece que os
ouvidos não fazem questão de ouvir.
Nós vemos em alguma sala de espera a pintura de Luke Fildes ,
The Doctor .E nos permitimos pensar que aquele médico era esse que conhecemos
tão bem mas que foi se anulando com a tecnologia e com a insensibilidade.
Olhamos para as pessoas que aguardam as consultas e descobrimos
que compartilhamos as mesmas angústias.A tela imortalizou o médico que
precisamos e o reteve para sempre como uma imagem
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