segunda-feira, 24 de abril de 2017

Os riscos da paixão



Nossas ambivalèncias , dualidades , representam de modo singular a cautela para se entregar a uma paixão.Numa época de desconfiança , de não compromisso , aventurar-se numa entega é temer encargos , tensões e falta de liberdade. Inconscientemente podemos estar seguindo o que dizia Heidegger : " as coisas só se revelam para a consciência por causa da frustração que provocam ".
A maioria das pessoas espera do relacionamento apenas a satisfação.O que ultrapassa isso passa a ser excesso e descartável.Alguns sociólogos demagogos consideram nossa atualidade como uma era aberta a novas amizades , convívios , vida em comunidade e incentivam o sufocamento da paixão como uma doença arcaica.É isso o que realmente desejam aqueles que não desejam responsabilizar-se de fato pelo que sentem e pelos outros : mantenha distância de qualquer seriedade , deixe as portas abertas.

Se vive hoje em uma " rede".Ela nos possibilita uma conexão ou desconexão.Simples assim.Um paradoxo pois quanto mais pessoas conectadas mais vazia é sua essência.Dessa forma as ditas possibilidades do amor são fragilizadas antes que comecem a tomar forma.Esse padrão lentamente ( e perigosamente) se estende para todo o nosso comportamento.O filósofo Ralph Emerson afirmava que quando se esquia sobre gelo fino o segredo é fazê-lo em grande velocidade.Assim a rapidez dita a regra.Nada é durável pois não há tempo para o que é relevante.Uma paixão não tem tempo de formar-se.

Heráclito dizia que o amor e a morte são como um rio : não se penetram duas vezes no mesmo.
Não se atinge o amor sem a humildade , a coragem e a autenticidade.Numa cultura onde estas qualidades são ausentes a paixão continuará sendo uma rara conquista

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