quarta-feira, 12 de abril de 2017

O tempo de ser



Martin Heidegger , filósofo alemão , afirmou que o sentido do ser é tempo.Isso significa : ser não é nada persistente , ser é um acontecimento.
A espiritualidade tibetana educa de modo sublime a percepção da impermanência.Ensina o desapego no aperfeiçoamento do sujeito.Quem busca a felicidade deve romper com o egocentrismo e entender o significado da palavra comunhão.
Ser é soltar as rédeas do apego excessivo.

Para usar as palavras de Umberto Eco  : a dimensão ética só passa a existir quando nos defrontamos com o outro.Para ser e exercer não estaremos sós.Será um confronto com a responsabilidade pois quem escolhe uma vida em comunidade deverá concordar com um mínimo consenso de valores , normas e respeito.

Quem escolheu o cuidado como seu trabalho deve entendê-lo como o dispositivo essencial de lidar com o mundo , sua identidade mais profunda.Cuidar deveria ser para a medicina solicitude , zelo , atenção.Entender que o cuidado surge na importância do outro.Como cuidar da doença sem entender o doente ?

O tempo de ser é a capacidade de compreender a solidão moral hoje obscurecida por tantos sintomas ou suprimida pelos sentimentos de defesa.Um ser humano marcado pela fragilidade e impermanência.Não é uma parte que adoece mas sim a vida com toda sua magnitude.Então deveríamos visar não somente a cura mas a interpretação do adoecer.Não permanecermos na superficialidade do que apenas vemos.O sufismo tem uma frase perfeita para o cuidado : um balde só se enche de água se desce ao fundo do poço.

O tempo de ser carece de uma ética da compaixão.Esse desgaste do nosso presente deveria ser o motivo maior para uma fundamentação do cuidado.Exercer a moralidade na afirmação de um novo sentido.Estamos presos em determinados modelos que nos são impostos , que impedem a real face da nossa tarefa essencial

O tempo de ser nos exige uma fidelidade de carater , um sentido para que façamos as pazes com nós mesmos.Afinal de contas vamos morrendo lentamente até acabar de morrer.

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