O governo Bolsonaro busca difundir mensagens otimistas com relação à covid-19 sempre desviando o foco, preferindo falar em exagero e “histeria”, em vez de enfrentar a gravidade da situação.
Foi patética a estratégia da Secretaria de Comunicação do governo , em Maio , que passou a focar em “dados positivos”, como estatísticas sobre pessoas que haviam se recuperado da covid-19, em vez de refletir sobre o número de mortos.Um dos efeitos destas posturas repulsivas foi avaliado por uma pesquisa realizada pelo Insper, em abril : pessoas tendem a se expor mais à infecção depois de ouvir uma mensagem "positiva" sobre a pandemia.
No desenrolar desta tragédia que norteia as ações de um governo fascista a população permeia por uma fadiga sem precedentes.
A maioria das pessoas não estão mais aguentando permanecer em isolamento, mesmo porque o propósito deste implica numa tarefa social, grupal , uma ciranda que só funciona se todo mundo der a mão. Na medida em que alguns vão saindo e você vai ficando sozinho, não tem mais roda de ciranda. Perde-se a crença na possibilidade de contar com o outro e aí cada um passa a se voltar para si próprio.
Surge uma ideia de otimismo ao se achar que a curva de casos já alcançou seu ápice.Porém se esquece que a descida implica em milhares de mortes.Vive-se em constante negação desse fato e uma dificuldade de pagar o preço por se abster da vida pública em nome das mortes que virão. Pode ser pensado como conformismo: já que muitos morrerão mesmo, não adienta fazer nada.
Há uma tentativa do governo em plantar um otimismo sem base, sem nenhuma referência.
Nós podemos ser otimistas com relação a coisas que podemos fazer de modo diferente, das quais temos algum indício, alguma fundamentação. Quando esse otimismo se torna uma experiência totalmente irreal, estamos na ordem do delírio, da negação, da impossibilidade de ler os sinais dos acontecimentos, da falta de crítica.
Acreditar que a situação da pandemia está melhorando enquanto milhares continuam morrendo reflete uma crise de empatia na sociedade
Não fomos aprovados no teste do pensamento pelo bem comum, da ideia de se privar em nome do outro, de todos.Começamos o isolamento com certo sentido cívico mas não foi suficientemente bem feito por razões que dizem respeito também ao governo com exemplos discordantes do que era esperado cientificamente.
A fadiga foi consequência da perda das forças de quem tinha que abrir mão de algo.E ficou claro que, como sociedade, demonstramos uma grande dificuldade em pensar no outro, em se pensar como um país, como um coletivo. Continuamos sendo um país no qual o individualismo é uma marca central..
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