quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

a nova cara da pandemia


 

Para muitos a pandemia já acabou. Mas o Sars-cov2 segue o seu rumo evolutivo enquanto nós persistimos com a idéia de ignorarmos a sua presença.

No momento uma variante com características preocupantes toma conta de diversos países. A XBB.1.5 é uma "versão" da XBB, uma variante recombinante da Ômicron , que desde o ano passado vem sendo a predominante. O termo recombinante se aplica pois ela tem elementos constituintes da sua genética oriundos de duas variantes da Ômicron 'combinadas', BA.2.75 e BJ.1.

Aprendemos que variantes recombinantes podem surgir a partir de co-infecções. Isso seria , por exemplo,o caso de uma pessoa se infectar com mais de uma versão do vírus ao mesmo tempo. Num momento em que as medidas de proteção praticamente inexistem , o mundo é um laboratório imenso onde o Sars cov-2 vem se aperfeiçoando a cada dia.

O que já se sabe é que a XBB.1.5. pode ser ainda mais transmissível que a própria BQ.1.1 (que atualmente circula no Brasil). Além disso ela tem algumas mutações , especificamente numa região – RDB – onde o vírus se liga nas células que a torna bem evasiva , ou seja , ela escapa das defesas promovidas pelas vacinas ou por infecções anteriores. Discute-se se esse “escape” é maior do que já se conhece em relação à XBB.1. Importante ressaltar que essa perda de imunidade é parcial. Isso se mede por anticorpos neutralizantes que são apenas uma parte da nossa defesa imunológica.

 A XBB.1.5 tem uma afinidade maior com o receptor ACE2 (que funciona como uma "porta de entrada" do vírus em nossas células). E isso condiciona a sua maior transmissibilidade.

A variante XBB foi inicialmente detectada em Cingapura ( o que não necessariamente significa que surgiu por lá), e foi gerando descendentes (ex.: XBB.1.5)  que hoje assola os EUA implicando em um muitos novos casos , hospitalizações e óbitos. O avanço no pais tem mostrado que o numero de casos vem dobrando a cada 8 dias  Ainda não sabemos se a XBB.1.5 pode gerar sintomas diferentes dos já  vistos. Nesse aspecto, ela vem se comportando como a Omicron original.

No mundo, ela ainda não ganhou tanta “ velocidade” , mas é possível que isso aconteça em breve.Atuamente já foi detectada em 29 países. Pode estar está circulando no Brasil? É uma questão de tempo. Nós monitoramos de modo muito precário a epidemiologia da covid-19. Se procurarmos com presteza , iremos achar.

Em relação às vacinas : dados iniciais indicam que as vacinas atualizadas bivalentes são capazes de melhorar a resposta de anticorpos neutralizantes contra todas as subvariantes de ômicron . Ainda não temos previsão de quando as vacinas bivalentes serão oferecidas aqui no Brasil.

Estamos diante de um novo desafio na pandemia .Em resumo sobre a XBB.1.5 :

- alta transmissibilidade

- escape parcial das defesas (semelhante à XBB.1)

- alta afinidade pra se ligar em ACE2 (transmissibilidade)

- não parece levar à doença mais grave em relação à Ômicron

- as vacinas seguem sendo uma PRIORIDADE

- precisamos padronizar medicamentos como o Paxlovid, especialmente para atender pacientes de maior risco

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