Para muitos a pandemia já acabou. Mas o Sars-cov2 segue o
seu rumo evolutivo enquanto nós persistimos com a idéia de ignorarmos a sua
presença.
No momento uma variante com características preocupantes
toma conta de diversos países. A XBB.1.5 é uma "versão" da XBB, uma
variante recombinante da Ômicron , que desde o ano passado vem sendo a
predominante. O termo recombinante se aplica pois ela tem elementos
constituintes da sua genética oriundos de duas variantes da Ômicron
'combinadas', BA.2.75 e BJ.1.
Aprendemos que variantes recombinantes podem surgir a partir
de co-infecções. Isso seria , por exemplo,o caso de uma pessoa se infectar com
mais de uma versão do vírus ao mesmo tempo. Num momento em que as medidas de
proteção praticamente inexistem , o mundo é um laboratório imenso onde o Sars
cov-2 vem se aperfeiçoando a cada dia.
O que já se sabe é que a XBB.1.5. pode ser ainda mais
transmissível que a própria BQ.1.1 (que atualmente circula no Brasil). Além
disso ela tem algumas mutações , especificamente numa região – RDB – onde o vírus
se liga nas células que a torna bem evasiva , ou seja , ela escapa das defesas
promovidas pelas vacinas ou por infecções anteriores. Discute-se se esse “escape”
é maior do que já se conhece em relação à XBB.1. Importante ressaltar que essa perda
de imunidade é parcial. Isso se mede por anticorpos neutralizantes que são
apenas uma parte da nossa defesa imunológica.
A XBB.1.5 tem uma
afinidade maior com o receptor ACE2 (que funciona como uma "porta de
entrada" do vírus em nossas células). E isso condiciona a sua maior
transmissibilidade.
A variante XBB foi inicialmente detectada em Cingapura ( o
que não necessariamente significa que surgiu por lá), e foi gerando
descendentes (ex.: XBB.1.5) que hoje
assola os EUA implicando em um muitos novos casos , hospitalizações e óbitos. O
avanço no pais tem mostrado que o numero de casos vem dobrando a cada 8 dias Ainda não sabemos se a XBB.1.5 pode gerar
sintomas diferentes dos já vistos. Nesse aspecto, ela vem se comportando como a
Omicron original.
No mundo, ela ainda não ganhou tanta “ velocidade” , mas é
possível que isso aconteça em breve.Atuamente já foi detectada em 29 países. Pode
estar está circulando no Brasil? É uma questão de tempo. Nós monitoramos de
modo muito precário a epidemiologia da covid-19. Se procurarmos com presteza ,
iremos achar.
Em relação às vacinas : dados iniciais indicam que as
vacinas atualizadas bivalentes são capazes de melhorar a resposta de anticorpos
neutralizantes contra todas as subvariantes de ômicron . Ainda não temos
previsão de quando as vacinas bivalentes serão oferecidas aqui no Brasil.
Estamos diante de um novo desafio na pandemia .Em resumo
sobre a XBB.1.5 :
- alta transmissibilidade
- escape parcial das defesas (semelhante à XBB.1)
- alta afinidade pra se ligar em ACE2 (transmissibilidade)
- não parece levar à doença mais grave em relação à Ômicron
- as vacinas seguem sendo uma PRIORIDADE
- precisamos padronizar medicamentos como o Paxlovid,
especialmente para atender pacientes de maior risco
Nenhum comentário:
Postar um comentário