Para uma promessa de infinitas extensões de informação,a
possibilidade de que o alcance da mente poderia ser ilimitado, a internet e
suas metastáticas rede sociais vem se mostrando uma ferramenta de contrastes
cujo desfecho parece evoluir para o incontrolável...
A vida online ficou mais rápida, mais superficial, mais acusadora
,mais viciante. Estamos plugados num pouco de tudo o tempo todo. Os smartphones
estenderam as conexões para todos os
lugares, intercambiando momentos antes nunca concebidos.
As repercussões coletivas são piores.Se prestarmos atenção
será possível notar expressões e comportamentos que se repetem no social. A
atenção vem perdendo espaço para a abstração. Uma insaciedade toma conta das
expectativas que se avolumam no dia a dia , nas inúmeras e fúteis mensagens que
nos chegam , no compromisso prescrito com o desempenho. A conexão é a maior
droga da contemporaneidade . A fome que assola a maioria e que só aumenta numa proporção
inigualável. Os cérebros estão à deriva no oceano denso de clicks ,
notificações , likes e checagens. A estratégia do compromisso de validação
pessoal une a tribo. A todo instante ecoa o som de uma batida de tambor : Você
existe. Você é visto .
A idiotia tecnológica caracteriza a adesão ás mídias : a
exploração narcísica , tão primária no humano , é o imã da atração. Posto ,
portanto existo.
Os meios passaram a valer mais do que o conteúdo. Regras
muito bem atreladas a objetivos de anular a diferença governam toda a criação e
consumo , anulam o surgimento da espontaneidade, mudam as pessoas e a
sociedade.Estamos “pensando” como multidão.
Num livro profético de 1985, “Amusing Ourselves to Death”, Neil
Postman argumentou que a distopia que devemos temer não é o totalitarismo de
“1984” de George Orwell, mas a sonolência narcotizada de “Admirável Mundo Novo”
de Aldous Huxley. Estamos diante de uma cultura que é estampada por sua
produção de trivialidades.
Somos transformados pelos meios que usamos.Não deixa de ser
assustador observar que os comportamentos transgrediram algumas convenções
clássicas . Instigados pelo modismo endêmico adolescentes publicam fotos
pessoais para avaliação pública. A privacidade e os momentos de intimidade são
expostos como uma nudez da personalidade . A maneira como o Instagram funciona
está mudando a forma como os adolescentes pensam. Está sobrecarregando sua
necessidade de aprovação de sua aparência, do que dizem e do que estão fazendo,
tornando-os sempre disponíveis e nunca suficientes.
Nós moldamos nossas ferramentas para depois sermos moldados
por elas. Como queremos ser moldados? Quem queremos nos tornar?
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