quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Terceira dose da vacina / Reportagem do Diario Catarinense de 11/08/20121

 


Especialistas estudam possível terceira dose da vacina contra Covid
Especialistas estudam possível terceira dose da vacina contra Covid(Foto: Cristiano Andujar, PMF/Divulgação)

Com o surgimento de novas variantes do coronavírus, estudos com a terceira dose da vacina têm sido autorizados pelas agências reguladoras. O especialista Amaury Mielle, infectologista do Hospital Santa Catarina, de Blumenau, opina que as doses de complemento deveriam ser utilizadas apenas em alguns grupos específicos e não em toda a população.

Há cerca de um ano as vacinas contra a Covid-19 estão sendo desenvolvidas em vários países. A maior parte dos testes e pesquisas tem mostrado que o fator de proteção dura por cerca de seis meses nas pessoas que se vacinaram com as duas doses.

Os primeiros estudos feitos para liberar a vacina de forma rápida, ainda em 2020, tinham o objetivo de diminuir os casos graves e as consequências da pandemia, entregando o produto ao mercado no menor tempo possível. Dessa forma, não foi possível estudar anteriormente quanto tempo os anticorpos se manteriam no corpo.

— Agora já tem praticamente um ano que os estudos foram iniciados e percebeu-se que há uma queda na proteção tradicional contra a Covid e que essa queda acontece em alguns pacientes de uma maneira mais importante, como em idosos e pessoas com doenças imunológicas — explicou Mielle.

A queda ocorre nos anticorpos neutralizantes, principal forma de mensurar a ação do sistema imunológico do paciente. Percebendo essa diminuição dos anticorpos, especialistas passaram a pensar na possibilidade de aplicação de uma terceira dose de complemento.

— A ideia de propor alguns grupos de início para receber a terceira dose ocorre principalmente porque a gente continua na pandemia e ainda tem a questão da variante Delta. Nós não soubemos controlar a pandemia e as variantes passam a ser uma verdadeira ameaça. Por isso os estudos para aplicação da terceira dose — afirmou o infectologista.

Mielle ainda explicou que essa queda não acontece em todas as pessoas e que não representaria uma ameaça caso não existisse a variante Delta.

— Normalmente, quanto mais idoso pior a resposta à vacina. O público alvo da terceira dose deveria ser essas pessoas, além daqueles que têm doenças imunológicas ou pacientes oncológicos, por exemplo. Também seria uma alternativa vacinar profissionais da saúde pela exposição que eles têm.

Enquanto alguns países testam e estudam a terceira dose, muitos não começaram a aplicação da primeira ou, ainda, vacinaram uma pequena parcela da população. Escolher quem será vacinado com a terceira dose pode passar também por uma questão ética.

— É um debate até ético. A gente tem um número enorme de países que nem iniciaram a vacinação. Qual o cenário ideal? Agilizar a vacinação da primeira dose, encurtar o tempo da segunda dose e vacinar com a terceira dose as pessoas de maior risco — explicou o especialista Amaury Mielle.

Segundo o imunologista, não se trata de um reforço, mas de um complemento da vacinação. O reforço vai acontecer daqui a um tempo, quando o vírus ficar endêmico e circular entre as pessoas como uma forma mais leve, semelhante ao da gripe.

O reforço aconteceria, por exemplo, se as duas doses dessem uma imunização completa e a terceira viesse para reforçar. Mas o que se estuda é que a terceira dose é necessária, em alguns casos, para complementar e imunizar, como é o caso da vacina da hepatite B.

Tanto o reforço, quanto o complemento, podem ser feitos com imunizantes de marcas diferentes. Esse processo se chama imunização heteróloga. A aplicação da vacina pode ser feita de acordo com a disponibilidade dos imunizantes.

Os especialistas perceberam que a imunidade humoral pode diminuir depois da aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19. Ou seja, a quantidade de anticorpos neutralizantes é reduzida. Porém, há também outras formas de imunização, como a imunidade celular, também chamada de memória, que não é possível medir com equipamentos ou em simples laboratórios.

Em estudos feitos com pessoas recuperadas da SARS-CoV-1, que atingiu o mundo em 2003, as células de memória estavam presentes. Isso é um bom sinal e ajuda no combate ao coronavírus, porém, essa forma de imunidade não pode ser mensurada e controlada de forma simples.

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