sexta-feira, 13 de agosto de 2021

cada vida

 

A morte de alguém famoso comove mais do que a morte de milhares. Infelizmente , o olhar preconceituoso e enviesado condena sem razão.

Bastou que um ator vacinado com a Coronavac morrese pela Covid para que acusações infundadas recaíssem contra a vacina. Neste momento é fundamental que a realidade do processo de imunização em que vivemos clareie este céu tão nublado de inverdades.

O ponto crucial da pandemia aqui no Brasil é a intensa transmissão comunitária do vírus. Há muito que o país deixou de enfrentar com seriedade a maior crise sanitária que já tivemos ( se é que de fato algum dia enfrentou) . Com o número de novos casos mesmo se a vacina tivesse 97% de proteção contra óbito e já estivesse disponível desde o inicio, ainda teriam morrido 16.970 pessoas.

Se a vacina tivesse 80% de proteção contra óbito (número ainda incrivelmente ótimo), teriam morrido 113.149 pessoas.

Na história da medicina não existe vacina que proteja 100% . Cada morte é uma tragédia. Mas temos que considerar as particularidades do ser humano e todas as interações com quaisquer intervenções terapêuticas ou preventivas.

A transmissão comunitária está alta mas poderia ter sido pior. Muita gente se cuidou ( e ainda se cuida , apesar de tantos incentivos para não fazê-lo).Mesmo assim o número de mortes seria significativo.

É preciso entender que as vacinas são um meio importante para enfrentarmos a pandemia. Aliás , uma situação nunca antes vista na história humana. Cabe aqui uma analogia : estamos em um mar revolto, em uma tempestade. A vacina é uma bóia, um bote inflável. Vai ajudar muito a gente a sobreviver, mas precisamos SAIR DA TEMPESTADE.

Deixar pessoas em um mar revolto e dar uma bóia com 90% de chance de sobrevivência não pode ser considerada uma estratégia final de sucesso para acabar com a pandemia.

Temos o exemplo do Vietnã (que tem a metade da população do Brasil). Controlou muito eficazmente o inicio da pandemia por lá . Agora sofreu o ataque recente da Delta e novamente está demonstrando que medidas não farmacológicas funcionam muito bem para conter a transmissão. Estão iniciando a vacinação e enfrentando um aumento do número de mortes que será minimizado na medida em a cobertura vacinal progredir.

Desta forma nos cabe reduzir a transmissão enquanto não temos a explosão de casos provável nos próximos meses.E , fundamentalmente , ampliar ao máximo nossa cobertura vacinal.

Trata-se de estabelecer um contrato social que nunca firmamos. A expressão da solidariedade e do humanismo. A única maneira de valorizarmos CADA vida.

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