A morte de alguém famoso comove mais do que a morte de
milhares. Infelizmente , o olhar preconceituoso e enviesado condena sem razão.
Bastou que um ator vacinado com a Coronavac morrese pela Covid
para que acusações infundadas recaíssem contra a vacina. Neste momento é
fundamental que a realidade do processo de imunização em que vivemos clareie
este céu tão nublado de inverdades.
O ponto crucial da pandemia aqui no Brasil é a intensa
transmissão comunitária do vírus. Há muito que o país deixou de enfrentar com
seriedade a maior crise sanitária que já tivemos ( se é que de fato algum dia
enfrentou) . Com o número de novos casos mesmo se a vacina tivesse 97% de
proteção contra óbito e já estivesse disponível desde o inicio, ainda teriam
morrido 16.970 pessoas.
Se a vacina tivesse 80% de proteção contra óbito (número
ainda incrivelmente ótimo), teriam morrido 113.149 pessoas.
Na história da medicina não existe vacina que proteja 100% .
Cada morte é uma tragédia. Mas temos que considerar as particularidades do ser
humano e todas as interações com quaisquer intervenções terapêuticas ou
preventivas.
A transmissão comunitária está alta mas poderia ter sido
pior. Muita gente se cuidou ( e ainda se cuida , apesar de tantos incentivos para
não fazê-lo).Mesmo assim o número de mortes seria significativo.
É preciso entender que as vacinas são um meio importante
para enfrentarmos a pandemia. Aliás , uma situação nunca antes vista na
história humana. Cabe aqui uma analogia : estamos em um mar revolto, em uma
tempestade. A vacina é uma bóia, um bote inflável. Vai ajudar muito a gente a
sobreviver, mas precisamos SAIR DA TEMPESTADE.
Deixar pessoas em um mar revolto e dar uma bóia com 90% de
chance de sobrevivência não pode ser considerada uma estratégia final de
sucesso para acabar com a pandemia.
Temos o exemplo do Vietnã (que tem a metade da população do
Brasil). Controlou muito eficazmente o inicio da pandemia por lá . Agora sofreu
o ataque recente da Delta e novamente está demonstrando que medidas não
farmacológicas funcionam muito bem para conter a transmissão. Estão iniciando a
vacinação e enfrentando um aumento do número de mortes que será minimizado na
medida em a cobertura vacinal progredir.
Desta forma nos cabe reduzir a transmissão enquanto não
temos a explosão de casos provável nos próximos meses.E , fundamentalmente ,
ampliar ao máximo nossa cobertura vacinal.
Trata-se de estabelecer um contrato social que nunca
firmamos. A expressão da solidariedade e do humanismo. A única maneira de
valorizarmos CADA vida.
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