Compaixão é muito mais do que empatia ou simpatia. Empatia e
simpatia são sentimentos. Ser compassivo requer uma ação pessoal.
A expectativa de todos os pacientes é que os médicos
realmente se preocupem com suas queixas. Antes dos avanços da ciência no século
20, a compaixão costumava ser a única ação de cura disponível para os médicos.
Em um discurso para os alunos de medicina da Universidade de Harvard em 1926 ,
Francis Peabody afirmou: "Uma das qualidades essenciais do clínico é o
interesse pela humanidade, pois o segredo do cuidado do paciente está em cuidar
do paciente. "
Para muitos de nós, a pandemia da COVID-19 afetou as
relações de proximidade entre médico-paciente. Tornou-se impossível mostrar
compaixão face a face. Consultas foram realizadas on line . A pandemia também afetou
as lições de semiotécnica e de anamnese nas faculdades de medicina, base da
formação acadêmica.
No entanto,o ensino
médico vem sendo definhado no seu humanismo há tempos. As aulas se tornaram
mecanicistas , os pacientes são meros figurantes. Intrusões técnicas impedem a
comunicação essencial entre aquele que escuta e o que fala. O prontuário
eletrônico geralmente criou uma barreira, em vez de uma ponte para a
comunicação.
Evidências científicas atestam que o ato de cuidar - a
verdadeira demonstração de compaixão - faz diferença nos resultados do
paciente. A gênese da compaixão, a evidência científica revolucionária de que o
cuidado faz a diferença vem sendo estudada por Stephen Trzeciak, médico
intensivista.Ele publicou o livro Compassionomics onde mostra dados
convincentes de que a compaixão melhora os resultados dos pacientes em uma
ampla variedade de situações médicas. Por outro lado, sua ausência pode ter
efeitos devastadores para a saúde.
Mas por que o título Compassionomics ? A tese de base
econômica do livro enfatiza que a compaixão reduz os custos de saúde. Ser
compassivo com uma pessoa na sala de
emergência reduz as visitas de retorno. Expressar compaixão em especialidades
de alto risco reduz as reivindicações de responsabilidade médica. Em suma,
esses e outros estudos bem documentados sinalizam que mais cuidado na área de
saúde ajudaria a reverter os custos crescentes. Trzeciak também afirma que
mostrar compaixão de forma consistente pode aliviar o esgotamento entre os
profissionais de saúde. Ao expressar conscientemente compaixão para com cada
paciente, ele sentiu os sintomas de esgotamento desaparecerem gradualmente e
sentiu uma paixão renovada pelo cuidado de cada um.
A compaixão ocorre em profundas interações entre humanos..
Mas como os complexos médicos em expansão podem ser compassivos? Grandes
instituições médicas tornaram-se hábeis em fazer testes; não são tão bons em fornecer
cuidados face a face.
Todos os médicos devem se esforçar para demonstrar compaixão
na fala e nas ações. Aqueles em certas especialidades terão mais oportunidades
de compaixão durante os encontros clínicos. Mas poderia a compaixão ser
mostrada por completo nesta era tecnológica, onde muitos pacientes e médicos, e
muitos professores e alunos não estão frente a frente com seus pacientes ? A
Covid não estaria trazendo mais uma de suas consequências danosas a um ato tão
imprescindível na arte de cuidar ?
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