quarta-feira, 25 de novembro de 2020

estudo inglês sobre anticorpos X SARS cov2

 Um estudo quantificou a proteção para reinfecções de quem já produziu anticorpos para COVID-19.

Foi realizado em 4 hospitais no Reino Unido com cerca de 12 mil profissionais da saúde seguidos por 6-7 meses

Dados de conclusão : quem tinha anticorpo prévio teve menor risco de reinfectar / ter sintoma

Método resumido do trabalho : este estudo fez uma coorte no baseline e seguiu majoritariamente profissionais de saúde, tendo testes regulares e screening. Também diferenciam se os testes foram de screening
(assintomáticos) ou se as pessoas tinham sintomas
A análise principal foi ter anticorpo IgG contra a spike do vírus como exposição da coorte no baseline (grupo com IgG x grupo sem IgG). Também fizeram análise complementar para IgG contra o nucleocapsídeo e avaliaram se o título do anticorpo poderia trazer maior proteção.

Outro aspecto : tomaram uma decisão, por vezes pragmática,porém comum em estudos de seguimento em doenças infecciosas, que é dar uma janela de 60 dias para os com IgG positivo, ou seja, nesta janela
novos eventos seriam ainda considerados como primeiro evento.

Resultados finais: 11052 investigados (90.4%) sem IgG e 1167 (9.6%) com IgG, eles observaram que 165 (1.5%) dos negativos positivaram com PCR (76 assintomáticos e 89 sintomáticos) e 3 (0.2%) dos positivos
reinfectaram (3 assintomáticos)

 Contando em taxa (rate), pelo tempo de seguimento, isso é, pessoas são transformadas em "dias em risco" ou dias de seguimento até infectar ou se parou o seguimento, gerando pessoas-dia, temos -0.86/10.000 dias de risco x - 0.21/10.000 dias de risco

Se fizer um modelo ajustado, por idade, sexo, mês calendário (evolução), isso também se manteve, uma taxa de incidência ajustada de 0.25 (0.08-0.80), ou seja, o risco é 4 vezes menor em quem já tinha IgG contra a spike.

O mesmo se repetiu para IgG anti-nucleopsideo, e a combinação.
Também descrevem os casos de reinfeção com maior detalhes
Por fim, olharam se a proteção por título de anticorpo estaria associado a maior proteção. E sim, maior título, maior proteção, com possível não linearidade.

Lembrando que profissionais da saúde são grupo de alto risco. Mas que parte do seguimento contempla períodos de baixa transmissão comunitária em UK. Não sabemos se os resultados seriam o mesmo em épocas com mais casos, como na segunda onda por lá agora.

Os com IgG negativo no começo foram mais testados, o que é esperado. -

O risco é menor, mas ele existe. Também não sabemos como seria e será num seguimento maior. - Não medimos comportamento de risco a exposição em ambos grupos, o que pode enviesar para ambos lados.

Não se mediu imunidade celular - Características dos testes podem influenciar (falso positivo/falso negativo). - São muitos profissionais e bom seguimento, mas ainda relativamente "pequena" para nível populacional

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Como Oxford produziu a vacina em tempo recorde

O grupo de Oxford começou o trabalho a 10 anos atrás, muito antes da COVID19 surgir. O grupo pesquisava vírus de chimpanzés que poderiam ser “hackeados” para expressarem uma proteína de outro agente infeccioso e assim induzirem imunidade em humanos.

O incrivel desse sistema (chamado ChAdOx1) é que ele permitiria o desenvolvimento rápido de vacinas para diferentes doenças, apenas trocando-se a proteína do agente infeccioso. Estudos prévios já haviam mostrado tolerabilidade e segurança no uso desse vetor.

Ao longo dos anos essa plataforma ChAdOx1 (Chimpanzee Adenoviral Oxford 1) foi utilizada no desenvolvimento de diversas vacinas (Ebola, Zika, Chickungunya, HPV, Hepatite B, Tuberculose, HIV), portanto há grande experiência e confiança em sua segurança.

O grupo de Oxford ,quando alertado pela ameaça da COVID 19, ativou os planos previamente traçados para outras vacinas combinou a expertise em MERS (que havia testado em 2013) com a plataforma ChAdOx1. Dessa forma conseguiram “pular” vários anos de pesquisa básica e tinham confiança na segurança da vacina para MERS em humanos

Com dinheiro praticamente infinito, puderam também correr riscos financeiros previamente considerados inviáveis. Enquanto em outras épocas as fases de pesquisa clínica seriam feitas sequencialmente (e separadas por meses ou anos entre elas),dessa vez as fases foram combinadas ou realizadas em rápida sucessão. As agências regulatórias já acompanhavam o processo no decorrer do estudo, e estavam prontas para permitir o início da próxima fase ao momento que a anterior terminasse.

Dessa forma o grande desperdício de tempo entre as fases foi eliminado, sem prejuízo algum aos participantes do estudo ou aos resultados. Os exatos mesmos critérios de qualidade e segurança de outras vacinas foram implementados no processo de desenvolvimento da vacina COVID19.

domingo, 22 de novembro de 2020

porque mais homens morrem pelo COVID 19 ?

 Os dados são claros : homens têm um indice de fatalidade maior pelo COVID 19. Muitos explicam esta discrepância pelo comportamento ; maior indice de tabagismo,relutância em procurar atendimento médico mais precocemente e até menor adesão á higiene das mãos.

Mas o que vemos na atual pandemia não é uma anomalia.Pelo contrário : quando se trata de sobrevivência o homem é o sexo mais fraco. A desvantagem inata biológica é aparente em cada faixa etária ; bebês do sexo feminino têm mais chance de completar seu primeiro aniversário; 80 % de todos os centenários são mulheres; 95 % dos que atingem 110 anos são mulheres. Enquanto os homens têm mais massa muscular e maior altura, maior força física quando se trata de sobreviver aos desafios das doenças as mulheres terão desfechos melhores. Por um tempo a unica razão a ser justificada foi o comportamento. Mas , na verdade , a vantagem feminina ainda persiste quando se ajustam as variáveis como educação,economia , uso de alcool e drogas e consumo de cigarro. 

O que está por trás da superioridade feminina? Isso começa em nível cromossômico.As mulheres têm dois cromossomos X — um de suas mães e um de seus pais — enquanto os homens têm apenas um cromossomo X, de suas mães e um Y. Isso é crucial : os cromossomos X estão ligados a funções vitais como desenvolver e manter o cérebro e também o sistema imune. Os cientistas entendem que cromossomos XX dão às mulheres uma vantagem em algumas áreas : tem um X extra , no caso do outro falhar.Isso explica como as mulheres são menos susceptíveis à cegueira,por exemplo

Mas a ciência está apenas começando a entender essa vantagem extra. Mais de 2.000 genes combinados fazem os dois cromossomos X e são usados pelas células para interagirem  e cooperarem no metabolismo feminino. Cada célula usa predominantemente um cromossomo X — se um cromossomo têm genes melhores para reconhecer vírus invasores como o SARS Cov2 a resposta será mais eficiente.

Ao contrário,os homens são forçados a usar apenas o unico X  e se este não for competente....não haverá outra opção.

As mulheres têm mais opções para lidarem com traumas estressantes da vida.Isto é importante para se evitar disturbios durante a gestação,combater infecções e salvar o feto etc.Claramente uma proteção evolutiva,de perpetuação da espécie.

O mesmo se aplicar ao risco de desenvolver cãncer em órgãos que ambos compartilham.E mesmo que desenvolvam tendem a ter desfechos melhores.

Também vemos diferenças nas expressões genéticas hormonais: altos níveis de testosterona parecem suprimir o sistema imune; estrogênios têm sido relacionado a uma melhor resposta imunológica.

Os custos que as mulheres pagam por terem um sistema imune mais agressivo é a disposição de desenvolverem doenças auto-imunológicas. Ou seja , suas células podem atacar a si próprias muito mais frequentemente que os homens levando a doenças reumáticas , lupus etc


sábado, 21 de novembro de 2020

SARS Cov 2 no ambiente

 

Algumas questões são ainda levantadas sobre a dinâmica da transmissibilidade do SARS Cov 2. Para pessoas com COVID 19 , um teste PCR positivo indica por si só capacidade de infecção ou seria necesssário um minimo de alta carga viral (definida por ciclos de pesquisa do RNA menor que 35) ?
O mesmo pode ser aplicado ao ambiente.
Uma pesquisa na plataforma MEDLINE identifica 6 estudos com dados de contaminação pelo vírus associada à superficies. O RNA viral foi confirmado em 1·0–52·7% das amostras. Em 5 estudos o SARS-CoV-2 não foi detectado. Em 1 estudo o vírus foi identificado em 9·2% das amostras e foi explicado pela possibilidade de um paciente com tosse persistente ter eliminado gotículas no ambiente.
Os achados são consistentes com dados laboratoriais que mostram que ciclos de em média 29·3 (superficies de aço) 29·5 (plásticos) se correlacionam com a detecção de vírus em cultura e ciclos de 32·5 (aço) ou 32·7 (plástico) se correlacionam com vírus não cultivável
O RNA do SARS-CoV-2 pode ser encontrado em superficies por até 28 dias.Ciclos maiores do que 33 obtidos em amostras de superficies provavelmente não tem relevância na transmissão. A contaminação pode ocorrer somente se o evento aconteceu recentemente e se o portador estava bem próximo à superficie. Se a pessoa fonte não está permanentemente perto do local , se não tiver sintomas e estiver usando máscara seria desprezível o risco. Em situações de ambiente de trabalho foi visto que somente 5 (0·6%) de 841 testes entre empregados foram positivos (num período de duas semanas), e os valores de ciclo foram entre 33 e 36. Analisando 5500 amostras de diferentes superficies do ambiente onde esses pacientes trabalhavam apenas 44 (0·8%) foram positivas, com ciclos de 34 e 38, indicando que a carga viral no ambiente foi ainda mais baixa

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Sobre máscaras


 

As máscaras são o símbolo desta pandemia que já matou milhões de pessoas.Sua utilidade em instituições de saúde claramente diminui o indice de infectividade do SARS-CoV-2. Mas diante da ampla variedade de tipos de máscaras usadas pelo público em geral, os dados reais de sua proteção não são muito bem calculados.Somamos a isso uma não adesão por completo ao seu uso muito motivada pelos discursos de presidentes folclóricos que negam quaisquer benefícios das medidas de controle da pandemia.Uma grande contribuição às dúvidas sobre sua eficácia.

A ciência vem procurando reforçar com estudos mais contundentes a sua prática.

Mas continuamos no impasse não só na sua utilização universal mas também no modo dessa utilização.

No inico da pandemia tínhamos dúvidas de como o SARS-CoV-2 era transmitido de modo que por um tempo usar máscara era uma dúvida na nossa sociedade ocidental

Nunca questionamos a N95, que é desenhada para filtrar cerca de 95% das partículas inaladas que meçam 0.3µm ou mais. Mas o seu uso se limitou aos profissionais de saúde diante das dificuldades em se adquirir.Isto levantou uma questão: deveriam as pessoas usar máscaras cirurgicas ou de tecidos?  Se sim, em quais condições? Essa seria uma resposta a ser dada por um bom estudo clínico.Mas numa pandemia não temos tempo hábil para isto

Então a ciência passou a se basear em estudos observacionais e de laboratório.

Eficácia no seu uso foi sendo provada por comprovações clássicas.Em Junho , dois cabelereiros no Missouri testaram positivo para SARS Cov2. Ambos usavam máscaras de duplo tecido ou cirurgicas no seu trabalho. Apesar de contaminarem membros da família , nenhum cliente foi infectado.Analises mais rigorosas mostraram mais evidências. Um estudo em Agosto mostrou que a mortalidade pelo COVID foi 4 vezes menor em locais onde o uso de máscara é obrigatório e recomendado pelo governo. A Mongolia adotou o uso universal em Janeiro e até Maio não tinha reportado mortes pelo vírus.

Estudos em animais também podem ajudar. Kwok-Yung Yue da University of Hong Kong avaliou hamsters infectados e saudáveis em gaiolas conjuntas. Sem uma barreira cerca de dois terços dos animais contraíram o vírus.

Mais adiante também aprendemos que a menor carga viral acarretaria doença menos grave. Ou seja, mesmo que não seja 100% eficaz na filtragem das partículas ainda terá um efeito protetor

Isso ainda poderia gerar um outro beneficio : infecções leves que induziriam imunidade , é quase uma vacina

O debate sobre máscaras é totalmente ligado a uma questão: como o vírus viaja pelo ar e dissemina a infecção?

Aprendemos muito sobre os aerossóis nos ultimos meses.Passamos a reconhecer que não são só as gotículas  carreiam o vírus.

Visualization of the droplet spread when an N95 mask equipped with an exhalation port is used to impede the emerging jet.

O vírus tem apenas cerca de 0.1 µmde diâmetro. Mas ele viaja pelo ar movido por partículas.Então as máscaras têm que mostra poderio de filtrar essas partículas.A maioria tem 1–10 µm de diâmetro e podem permanecer no ar , em suspensão , por um longo tempo.Os cientistas ainda não têm a certeza de qual tamanho desssas gotículas é o mais importante na transmissão.

Sabemos que a transmissão assintomática tem um papel fundamental no processo da infectividade.Por isso os aerossóis se constituem no principal veículo transportador de vírus.Então as máscaras precisam ser eficazes em bloquear os aerossóis.

Numa revisão de estudos observacionais se viu que máscaras de tecido são comparáveis às cirurgicas e são 67% efetivas em proteger o ususário.Linsey Marr, uma engenheira ambiental da Virginia Tech em Blacksburg, mostrou que mesmo máscara de algodão pode bloquear metade dos aerossóis inalados e quase 80%dos exalados medindo cerca de 2 mm.

Multiplas camadas são mais eficazes.

Questões sobre máscaras vão além da biologia , epidemiologia. O comportamento humano está precisando se adaptar a uma nova situação que vai além de apenas alguns momentos do seu dia mas de uma vigilância contínua.

Baseball players, one batting & one catching, and umpire standing behind, wearing masks during the 1918 influenza pandemic


As máscaras nos lembram da nossa responsabilidade social compartilhada..

Nos Estados Unidos o uso de máscara esteve ao redor de 50% em Julho.Um aumento de 20% do que foi visto em Março e Abril.Estudos mostram que se o uso fosse de 95% a partir de Setembro,numero visto em Singapura por exemplo,isso poderia salvar cerca de 100 mil vidas até Janeiro de 2021.


domingo, 15 de novembro de 2020

interferon nebulizado para tratamento COVI19

O jornal the lancet respiratory medicine acaba de publicar o resultado de um estudo randomizado,duplo-cego,controlado por placebo do uso de interferon beta - 1a nebulizado em pacientes admitidos em hospitais com COVID 19. Os autores observaram significativas melhoras com o uso do produto após 15 dias de terapia porém sem diferença na questão de alta hospitalar no dia 28

Os interferons tipo 1 estão entre as primeiras citocinas produzidas durante uma infecção viral.O Interferon beta tem mostrado um efeito antiviral contra os coronavírus.

Estudos clínicos do SARS-CoV-2 mostram que uma proporção de pacientes com COVID-19 grave tem atividade do tipo interferon 1 prejudicada

A via de administração do interferon beta-1a  foi diferente de outros estudos que também testaram a droga ; a via por nebulização permite a chegada da mesma diretamente no trato respiratório

O numero de pacientes arrolados neste estudo,porém,foi pequeno.Portanto,temos que aguardar trabalhos mais robustos para termos a certeza de que o interferon nebulizado possa entrar no rol das intervenções curativas

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Crianças e imunidade SARS Cov 2


 

Crianças infectadas pelo coronavirus produzem menos anticorpos e por menos tempo quando comparadas a adultos.

Outros estudos têm sugerido que uma forte resposta imune pode ser vista em pacientes que desenvolvem infecção grave. Uma resposta mais fraca em crianças pode , paradoxalmente, indicar o não desenvolvimento de formas mais severas nessa população por haver menor resposta inflamatória como consequência da infecção. Também explicaria a menor capacidade das crianças em transmitirem o vírus.

O estudo foi publicado na Nature Immunology.

Ter menos imunidade não significa risco maior de reinfecção.

O trabalho analisou anticorpos contra o coronavirus em 4 grupos de pacientes: 19 adultos que tinham sido hospitalizados pelo COVID; 13 adultos hospitalizadas com forma grave; 16 crianças  hospitalizadas com síndrome inflamatória multi sistêmica e 31 crianças (metade assintomáticas).

A produção de anticorpos variou entre crianças e adultos.Crianças fizeram primariamente um tipo de anticorpo, IgG, que reconhece a proteína spike do vírus. Adultos, em contraste, fizeram mais anticorpos diferentes contra outras proteínas e anticorpos neutralizantes.

Nenhum grupo de crianças teve anticorpos para a proteína do nucleocapsídeo N.Esta proteína é encontrada dentro do vírus e não na sua superfície, o sistema imune poderia só fazer anticorpos contra ela se houvesse uma ampla infecção disseminada.

 


uma expectativa de prevenção do COVID 19

 


Um spray nasal que bloqueia a absorção do SARS-CoV-2 levou à completa proteção de furões (animais semelhantes a lontras) infectados experimentalmente.O estudo foi publicado mas ainda não revisado .

 

O spray,considerado não tóxico e estável,precisa ser testado em humanos e pode gerar um novo modo de enfrentamento da pandemia. Uma aplicação diária intra nasal poderia atuar como uma vacina.

O experimento foi realizado pelos cientistas da Columbia University Medical Cente em Nova Ioque, Erasmus Medical Center na Holanda e Cornell University in Ithaca, N.Y. O spray ataca o vírus diretamente. Ele contém um lipopeptídeo, uma partícula de colesterol ligada a uma cadeia de aminoácidos (os “blocos” construtores de proteínas). Este processo se comporta exatamente como um alongamento dos aminoácidos da proteína do vírus que é responsável pela entrada do mesmo nas vias aéreas humanas.

Antes do vírus injetar o seu RNA na célulal, a proteína precisa efetivamente descompactar, expondo duas cadeias de aminoacidos, para se fundir á parede celular. Enquanto a spike completa o processo, o spray de lipopeptídeos se insere e impede o vírus de se acoplar à célula.

No estudo o spray foi administrado a seis furões, divididos em pares e colocados em 3 jaulas.Em cada uma também haviam dois outros furôes que receberam um spray placebo. Cada furão foi infectado pelo SARS Cov2 dois dias antes

Os furões são usados pelos cientistas para estudar a influenza, SARS  e outros vírus respiratórios pois podem ter infecções por estes agentes semelhantes aos humanos

Após 24 horas juntos, nenhum dos furões que recebream o spray contraíram a doença; todos do grupo placebo , sim. A replicação viral foi completamente bloqueda

A proteção demora cerca de 24 horas.

Resta agora o estudo em humanos.

 


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

uma estratégia contra o Covid 19 : ganhar tempo


 

No inicio da pandemia o mantra era "achatar a curva", uma estratégia para conter a disseminação viral.

Sete meses depois é possível avaliar o que essa proposta nos deu de mais importante : o indice de mortalidade caiu significativamente. Os hospitais na maioria das cidades não estão sobrecarregados e os tratamentos , embora limitados, mostram sucesso em diminuir óbitos e tempo de hospitalização. Um exemplo : na cidade de Nova Iorque o indice de mortalidade em Maio era de 25.6 % contra 7.6 % em Agosto.

Estas mudanças não são explicadas pela variável de termos pacientes mais jovens ou mais saudáveis. Os estudos que mostram essa melhora são ajustados para corrigir fatores como idade ou situações de risco. É importante que as pessoas saibam da relevância dos seus comportamentos.Isto faz toda a diferença. Quanto mais tempo nós conseguirmos prevenir a infecção , melhores estaremos preparados para enfrentá-la.

O que era verdade sobre "achatar a curva" em Março ainda o é. Nós estamos aprendendo como tratar o vírus e uma terapia mais contundente ainda está por vir.


A falta de conhecimento foi mesclada a muitas tentativas infrutíferas na dinâmica do combate,principalmente,dos casos graves. A entubação precoce,em alguns casos,poderia ser mais danosa do que benéfica.O COVID-19 pode se manifestar muito diferente de pessoa para pessoa e isso foi nos mostrando caminhos mais claros.Não há um tratamento padrão ; a ventilação é um exemplo disso. A descoberta da dexametasona alterou em cerca de 35% a diminuição da mortalidade.

Uma ampla experiência pode ser trocada em tempo real.

Estudos randomizados ,controlados são quase impossíveis de serem feitos no curso de uma pandemia. Aspectos legais e éticos permeiam essa dificuldade. Desta forma fica-se distante daquilo que realmente funciona de forma mais rápida.No momento discute-se a eficácia dos anticorpos monoclonais que parecem promissores mas são caros e dificeis de serem produzidos em larga escala.

Mas podemos afirmar que estamos caminhando , dentro dos passos de uma ciência persistente e cautelosa, em direção a terapias mais eficazes e acessíveis no futuro. E teremos uma vacina. Em algum momento o COVID-19 se tornará uma doença controlável .Para tanto precisamos de tempo. E um tempo de vigilância , de solidariedade , de empatia.Que parecem tão escassos hoje em dia.