quinta-feira, 19 de outubro de 2023

o não compromisso

 

É preciso união para desobedecer à lógica das guerras e do militarismo.

A guerra é um crime contra a humanidade. O meu compromisso é não apoiar qualquer tipo de guerra e a lutar pela eliminação de todas as suas causas. Leio,com tristeza, as tristes notícias que aparecem em todos os meios de comunicação sobre o que tem sido chamado de “a nova guerra de Israel”.

Fica uma pergunta repleta de indignação : o que tem sido feito , quais iniciativas que buscam construir um mundo em paz com justiça na Palestina, nos territórios ocupados e no Estado de Israel ? O mundo assiste passivamente  à violência do Estado de Israel, que desenvolve políticas genocidas desde 1947. Seu processo de militarização social é uma engrenagem perfeita que prepara as mentes e os corpos de todas as pessoas para a guerra e coloca todos os recursos que dispõe para desenvolver políticas contra a população palestina.

O recrutamento que obriga todos os homens e mulheres judeus (os palestinos com cidadania israelense e mulheres judias religiosas estão isentos) a passar três e dois anos, respectivamente, no exército israelense, socializa a maioria da população na preparação para a guerra, no treinamento com as armas. Por outro lado, há décadas, milhares de jovens palestinos, quase crianças, são presos – quando não gravemente feridos ou assassinados – em cada protesto, em retaliação às ações armadas do Hamas ou simplesmente porque incomodam no processo de usurpação e colonização de sua terra. Centenas de mulheres, centenas de ativistas, de pessoas comuns. Combustível de desespero para incendiar o ódio e a violência.

Entender não significa justificar. Comprometer-se com a paz baseada na justiça e na dignidade não é justificar. Apontar a barbárie cometida pelo Hamas e o restante de facções armadas não é se posicionar ao lado do Estado de Israel, mas, sim, do lado mais humano que nos leva à compaixão. Contabilizar as mortes de todas as pessoas que compõem a sociedade civil,é se posicionar contra um conceito de defesa que se fundamenta na vingança e na violência como único recurso. A linguagem, nesses dias, continua sendo estar ao lado de uns ou de outros e eu proponho sair desta espiral e seguir reafirmando o sólido compromisso de não apoiar as guerras, qualquer guerra.

Quando a violência aumenta, podemos sentir que temos de ‘escolher um lado’, e haverá muitas vozes exigindo que façamos isso. No entanto, também rejeitamos essa forma binária de ver o mundo, que nos faz pensar nos outros como inimigos a serem oprimidos ou mortos e a eliminar a diferença. Não importa o quanto essas demandas sejam fortes, sabemos que existem, existiram e sempre existirão pessoas e comunidades que rejeitam a falsa escolha que a violência exige.

Em vez disso,é preciso se alinhar com aqueles que optam por construir a segurança não com armas e bombas, mas gerando confiança e cooperação de forma não violenta, apoiando aqueles que se negam a matar, mesmo quando estão sob imensa pressão, e talvez até ousar imaginar uma situação mais justa e um mundo pacífico.


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