É preciso união para desobedecer à lógica das guerras e do
militarismo.
A guerra é um crime contra a humanidade. O meu compromisso é
não apoiar qualquer tipo de guerra e a lutar pela eliminação de todas as suas
causas. Leio,com tristeza, as tristes notícias que aparecem em todos os meios
de comunicação sobre o que tem sido chamado de “a nova guerra de Israel”.
Fica uma pergunta repleta de indignação : o que tem sido
feito , quais iniciativas que buscam construir um mundo em paz com justiça na
Palestina, nos territórios ocupados e no Estado de Israel ? O mundo assiste
passivamente à violência do Estado de
Israel, que desenvolve políticas genocidas desde 1947. Seu processo de
militarização social é uma engrenagem perfeita que prepara as mentes e os
corpos de todas as pessoas para a guerra e coloca todos os recursos que dispõe
para desenvolver políticas contra a população palestina.
O recrutamento que obriga todos os homens e mulheres judeus
(os palestinos com cidadania israelense e mulheres judias religiosas estão
isentos) a passar três e dois anos, respectivamente, no exército israelense,
socializa a maioria da população na preparação para a guerra, no treinamento
com as armas. Por outro lado, há décadas, milhares de jovens palestinos, quase
crianças, são presos – quando não gravemente feridos ou assassinados – em cada
protesto, em retaliação às ações armadas do Hamas ou simplesmente porque
incomodam no processo de usurpação e colonização de sua terra. Centenas de
mulheres, centenas de ativistas, de pessoas comuns. Combustível de desespero
para incendiar o ódio e a violência.
Entender não significa justificar. Comprometer-se com a paz
baseada na justiça e na dignidade não é justificar. Apontar a barbárie cometida
pelo Hamas e o restante de facções armadas não é se posicionar ao lado do
Estado de Israel, mas, sim, do lado mais humano que nos leva à compaixão. Contabilizar
as mortes de todas as pessoas que compõem a sociedade civil,é se posicionar
contra um conceito de defesa que se fundamenta na vingança e na violência como
único recurso. A linguagem, nesses dias, continua sendo estar ao lado de uns ou
de outros e eu proponho sair desta espiral e seguir reafirmando o sólido
compromisso de não apoiar as guerras, qualquer guerra.
Quando a violência aumenta, podemos sentir que temos de
‘escolher um lado’, e haverá muitas vozes exigindo que façamos isso. No
entanto, também rejeitamos essa forma binária de ver o mundo, que nos faz
pensar nos outros como inimigos a serem oprimidos ou mortos e a eliminar a
diferença. Não importa o quanto essas demandas sejam fortes, sabemos que
existem, existiram e sempre existirão pessoas e comunidades que rejeitam a
falsa escolha que a violência exige.
Em vez disso,é preciso se alinhar com aqueles que optam por
construir a segurança não com armas e bombas, mas gerando confiança e
cooperação de forma não violenta, apoiando aqueles que se negam a matar, mesmo
quando estão sob imensa pressão, e talvez até ousar imaginar uma situação mais
justa e um mundo pacífico.
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