Aprendemos,mas ainda não se sabe muito sobre a Omicron.
Uma tendência preocupante vem se repetindo: essa variante
está se espalhando rapidamente. Na África do Sul , Reino Unido e Dinamarca -
países com a melhor vigilância de variantes e alta imunidade contra COVID - os
casos de Omicron estão crescendo exponencialmente. A variante já superou a
Delta na África do Sul e pode em breve fazer o mesmo em outros lugares. De
acordo com estimativas preliminares, cada pessoa com Omicron está infectando
3–3,5 outros.O que é quase igual à rapidez com que o coronavírus se espalhou
quando se tornou global no início de 2020.
Em outras palavras, o Omicron está se espalhando em
populações altamente imunes tão rapidamente quanto o vírus original em
populações sem imunidade alguma. Se isso se mantiver e não for controlado, uma
grande onda Omicron virá - maior do que esperaríamos com a Delta.A Omicron
ameaça evadir a imunidade que pensávamos ter.
Isso não significa dizer que o relógio da pandemia foi
zerado para o início de 2020. As Vacinas e infecções anteriores podem atenuar
os piores efeitos do vírus. Mesmo que a proteção contra infecções diminua, o
que nós esperamos diante das mutações da proteína spike do Sars cov2, a
proteção contra doenças graves e morte deve ser mais durável. Neste momento a
métrica de hospitalizações, ao invés de casos, pode ser uma medida mais fiel do
impacto do vírus. Porém , com os casos
aumentando drasticamente, mesmo uma pequena porcentagem de pacientes que irão
adoecer pode se transformar em muitas hospitalizações de uma só vez. Essa
pequena proporção de doenças graves, se multiplicada por milhões de casos, será
ruim.
Esta é a matemática simples que devemos ter em mente: uma
pequena porcentagem de um número enorme ainda é um número grande. Analisando as tendências iniciais da África
do Sul, Reino Unido e Dinamarca, uma grande onda de Omicron é muito possível,
embora não garantida. Se quiséssemos pensar de uma forma mais tranquila ,
poderíamos notar que os números absolutos de casos da Omicron detectados até agora são tão pequenos
que podem ser distorcidos ao acaso, e poderíamos estar superestimando o
crescimento da variante ao procurá-la especificamente. Mas a Omicron está
aumentando consistentemente nos três países que procuram ( fazem o
sequenciamento genético) mais por ela e, portanto, provavelmente aumentando
silenciosamente em todos os outros países.
Ao mesmo tempo, a Omicron não parece terrivelmente virulenta
até agora - mas essa observação vem com ressalvas importantes. Os médicos na
África do Sul, onde a Omicron já é dominante, não viram tantos casos graves
como as ondas anteriores . Outros países com um pequeno número de Omicron
também não encontraram pacientes muito doentes. Mas há vários motivos para
acreditar que as notícias sobre a gravidade podem ser menos otimistas do que
parecem atualmente. Em primeiro lugar,ainda é muito cedo. As infecções levam
semanas para ,eventualmente,se tornarem graves. Em 2020, o primeiro caso da
covid 19 nos EUA foi confirmado em 20 de janeiro de 2020 ; a primeira morte
oficial de COVID não foi relatada até 29 de fevereiro . A imagem pode mudar com
o tempo.
Os dados iniciais de gravidade também são confundidos pelo
perfil de pacientes que estão adoecendo. As pessoas que contraem o vírus no
início de uma onda podem ser desproporcionalmente jovens e saudáveis. A própria
população da África do Sul é bastante jovem, com uma idade média de 28 anos, em
comparação com os 38,5 dos Estados Unidos. E embora as taxas de vacinação sejam
baixas na África do Sul, onde menos de um quarto está totalmente inoculado , a
imunidade de infecções anteriores é muito alta, com uma estimativa sugerindo 62
por cento. Um bom número de casos de Omicron são provavelmente reinfecções. Os
casos em pessoas jovens ou previamente infectadas, ou ambos, devem ser
geralmente leves. Se os casos de Omicron nesta população fossem mais graves,
isso seria um sinal catastrófico.
Estamos aguardando para entender o efeito da Omicron nas
pessoas vacinadas. Mesmo que a maioria dos casos continue a ser leve entre os vacinados, a
regra é a mesma. Aumentando o numero de casso exponencialmente implica em maiores
necessidades de cuidados.
A Omicron foi um
grande salto na evolução. Em poucos meses o vírus mudou tanto quanto muitos pesquisadores esperavam que mudasse no
espaço de quatro ou cinco anos.
A questão da “pequena porcentagem de um grande número” tem
estado conosco desde o início da pandemia. O coronavírus é muito menos mortal
do que outros vírus emergentes que deram sinais de alarme no passado - SARS,
MERS ou Ebola - mas é muito mais transmissível.
Mas não estamos na mesma posição que no início de 2020
porque agora temos as ferramentas para controlar a Omicron. E graças aos cientistas
da África do Sul, que perceberam o risco dessa variante muito cedo, temos tempo
para colocá-los em prática. As vacinas provavelmente continuarão protegendo
contra infecções graves, e uma terceira injeção provavelmente aumentará essa
proteção. Compreendemos melhor a transmissão do vírus pelo ar e como evitá-la
com máscaras e ventilação. Temos antivirais no horizonte. Temos testes diagnósticos
mais ágeis. Sabemos que o distanciamento social já controlou o vírus antes.
Só depende de cada um e de todos.
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