Nosso sistema imunológico pode reconhecer patógenos que nos
causam infecções por décadas , alguns por toda a vida . Isso que dizer que ao
nos depararmos com uma nova exposição não haveria doença ou , na pior das
hipóteses , esta ocorreria de forma leve.Para os coronavírus a resposta de
defesa é muito instável.Contra os chamados coronavírus sazonais – causadores de
um terço dos resfriados , nós não produzimos uma defesa adequada o que pode
significar que reinfeções acontecem com frequência.
Essa inconstante defesa imunológica irá moldar nosso futuro
em relação à pandemia. Muitos virologistas entendem que o sars Cov-2 não será
erradicado .Ele se tornaria endêmico , uma palavra derivada do grego “endemos”
que significa “ nas pessoas”.
Vírus endêmicos circulam constantemente entre nós ,
geralmente em baixos níveis , mas com ocasionais emergência de surtos. Nós não os
controlamos com quarentenas ou ordens de “ficar em casa” .Nós vivemos com eles.
Como seria viver com um sars Cov-2 endêmico ¿ . Isso vai
depender da potência de nossa memória imunológica . Ou seja , como será a
durabilidade e força da imunidade induzida pela infecção natural ou vacina. Ela
seria afetada pelo aparecimento de novas variantes afetando nossa vulnerabilidade
à reinfecção ¿ . A questão ainda não respondida sobre o sars Cov-2 portanto é :
quanto de durabilidade terá a nossa resposta de anticorpos .
Por enquanto é muito precoce para se fazer qualquer aposta
temporal. Estudos realizados com os parentes mais próximos do sars Cov-2 ( sars
Cov-1 e MERS) têm demonstrado que os anticorpos declinam em 2 a 3 anos após a
infecção . Mas declínio não significa necessariamente desaparecimento. Mesmo
níveis baixos (ou até indetectáveis) de anticorpos podem ser suficientes para
evitar a progressão para uma forma grave da doença. A memória imunológica não é
definida apenas pelos anticorpos . Existe uma complexa rede de outros
componentes (como as células T) que podem ser acionados diante de uma
reexposição.
Vírus não são estáticos. Enquanto acumulam mutações , mudam
sua forma, e podem gradualmente se tornar mais difíceis de serem reconhecidos
pelo sistema imune. Os coronavírus mutam mais lentamente que os vírus da
Influenza e HIV , mas com a evolução prolongada e indiscriminada na natureza ,
em uma ou duas décadas podem evadir o nosso sistema imune.
Enquanto nossa imunidade coletiva cresce, o coronavírus deve
mudar seu perfil de pandêmico para endêmico. Deverá circular com taxas de infecção
menores e causando doença menos grave. Deve infectar crianças não vacinadas – onde
normalmente causa infecção assintomática ou leve.Alguns indivíduos vacinados
também poderão apresentar sintomas leves. Certos grupos de pacientes , idosos e
imunocomprometidos por exemplo – irão desenvolver doença grave , algo que já
vemos nos dias de hoje com a Influenza.
Para maioria de nós a COVID se tornará familiar como a gripe
, uma ameaça bem conhecida da nossa vida neste planeta
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