Com o andamento da campanha de imunização contra o COVID
muitas perguntas surgiram como: por que temos reações adversas após a
vacinação? Por que algumas pessoas não tem? não ter reações pode indicar que
não se produziu uma resposta protetora?
Para explicar é importante uma pequena revisão sobre
resposta imune...... quando nosso
organismo encontra uma agente infeccioso, ou quando recebemos uma vacina, a
nossa reação normal é de produzir uma defesa a partir da ativação de várias células
constituintes do nosso sistema imunológico . Este complexo sistema mantém uma vigilância
contínua e explica o porque de adoecermos ou não por uma infecção.
Os primeiros passos da resposta vão ser organizados por células
do sistema imune inato ( a chamada primeira linha de defesa, inespecífica, que
responde ao menor sinal de um organismo estranho, seja um vírus , uma bactéria
etc). Além disso temos moléculas : entre elas as citocinas , cujo melhor
representante é o interferon tipo I (IFN-I). Este , desempenha um papel vital
na potencialização dos estágios iniciais da resposta imune.
O IFN-I agrupa uma mistura de IFN-β, vários subtipos de
IFN-α e outros. O IFN-I junto com o IFN-λ (que é um INF-III) são produzidos
logo após o contato com patógenos e têm efeitos antivirais poderosos, agindo em
todo o corpo para o IFN-I e no sistema respiratório para o IFN-III.
O IFN-I é produzido principalmente por células chamadas
macrófagos e células dendríticas (DC), a partir da interação com moléculas
associadas ao patógeno (chamados de PAMPs).Isso cria uma espécie de identidade
que vai reconhecer o agente infeccioso ou , no caso , os componentes da vacina.
As células dendríticas são super especialistas nesse
reconhecimento. Elas têm, na sua superfície, mecanismos específicos para
reconhecer esses PAMPs, chamados de PPR (receptores de reconhecimento de padrões
complementares). No caso de uma vacina de m- RNA por exemplo: o PAMP (RNA) será
reconhecido pelas PPR dessa células.
As vacinas têm tecnologias diferentes, e podem ativar rotas
específicas dentro desse processo. Mas o
básico é que , de uma forma em geral, trata-se de ativar o reconhecimento por
parte dessas células e o INF-I induzindo a ativação de células dendríticas.
Os adjuvantes (componentes que permitem a absorção) das
vacinas ajudam para que essa resposta seja formada.Pela lógica da resposta
imunológica, os efeitos colaterais das vacinas contra a COVID-19 são um produto
de aumento de IFN-I enquanto montamos uma resposta imune eficaz.
Esses efeitos podem ser diferentes em termos de sintomas e
variam conforme a idade, sexo, entre outros fatores. Normalmente são leves a moderados
e transitórios, e indicam apenas que a vacina está fazendo seu trabalho de
estimular a produção do interferon, um imunoestimulador.
Mas....e quem não sentiu nada ? significa que não houve
resposta? .Absolutamente não!
Nos ensaios clínicos, um número significativo de pessoas não
relatou efeitos secundários e a resposta imune foi completa . Portanto, devemos
ficar tranquilos ! Ter ou não reações após a vacina não vai indicar que se fez
(ou não) uma resposta imune. Os dois fenômenos (ter ou não reações após a
vacina) são esperados e foram observados nos ensaios clínicos. O importante é
todos nos vacinarmos