sexta-feira, 30 de julho de 2021

quantas pessoas vacinar ?

 

Nosso Plano Nacional de vacinação contra a Covid-19 estimava, a principio, a necessidade de vacinação de 70% da população. Esse número vem do entendimento da taxa de reprodução (R0) do vírus : o número de pessoas que podem ser infectadas por uma pessoa doente.

Inicialmente, o R0 para a COVID-19 foi estimado entre 2 e 3. A gripe, em comparação, tem um R0 de 1,3 e enquanto o sarampo tem um R0 de 18.

O R0 permite calcular a porcentagem mínima de indivíduos a serem imunizados necessária para proteger toda a população.

Esta condição, conhecida como limiar de imunidade coletiva (de rebanho), é calculada por [1- (1/R0)]*100. Para o SARS-CoV-2, usando um valor de R0 de 3, o cálculo seria: [1- (1/3)]*100, assim, [1 - (0,3)]*100, ou seja [0,70]*100 que daria a proporção de 70% da população.

A variante Delta tem R0 estimando de 5-8, dado o aumento da transmissibilidade do vírus. Provavelmente teremos que vacinar um percentual maior de pessoas (~ 90%) para que todos estejamos protegidos.

E , o mais relevante é que essa conta é feita baseando-se que uma vacina que seja 100% eficaz na prevenção da infecção. Nenhuma cavina atingiu , e provavelmente não atingirá , esse percentual.

Alerta

 

Alerta : um grande erro está sendo cometido !!

 

 

Dados do CDC (Center for Diseases Control) mostram o grande erro que vem sendo cometido nos países que estão flexibilizando medidas de isolamento na medida em que a cobertura vacinal ainda não é a adequada ,  e onde a variante Delta do sars Cov2 vem se tornando dominante.

Esse é o caso do Brasil onde já se fala até ( no Rio de Janeiro ) em data para o fim da pandemia.

NÃO É O MOMENTO.

A Delta é mais transmissível que qualquer outra das variantes anteriores

Ela transmite mais do  que: a Varíola , os outros coronavírus MERS & SARS , Ebola, Resfriado comum e gripe, Gripe espanhola de 1918

Ela é tão transmissível quanto a catapora

É a variante que produz maior carga viral e a que promove a maior duração de eliminação do vírus

Ela tem o maior risco de REINFECÇÃO  ( se a infecção anterior foi há ≥180 dias)

Pode causar doença mais grave do que todas as variantes anteriores

Pode ocasionar infecção em vacinados tão transmissível quanto em não vacinados

O IMPORTANTE: as vacinas funcionam contra a Delta

- Risco de infecção por Delta é 3 vezes menor nos vacinados

- Risco de doença grave ou morte é no mínimo 10 vezes menor nos vacinados

As vacinas ainda continuam com alta proteção(>90%) contra doença grave e mortes pela DELTA.

Estamos com baixa cobertura vacinal no Brasil. Apostar somente nas vacinas é um grande erro como tantos outros já cometidos no país.

As medidas não farmacológicas (distanciamento , máscaras , restrições que impeçam o aglomeramento de pessoas etc) são essenciais e imprescindíveis.

 

 

 

sábado, 24 de julho de 2021

vivendo com o Coronavírus

 

Nosso sistema imunológico pode reconhecer patógenos que nos causam infecções por décadas , alguns por toda a vida . Isso que dizer que ao nos depararmos com uma nova exposição não haveria doença ou , na pior das hipóteses , esta ocorreria de forma leve.Para os coronavírus a resposta de defesa é muito instável.Contra os chamados coronavírus sazonais – causadores de um terço dos resfriados , nós não produzimos uma defesa adequada o que pode significar que reinfeções acontecem com frequência.

Essa inconstante defesa imunológica irá moldar nosso futuro em relação à pandemia. Muitos virologistas entendem que o sars Cov-2 não será erradicado .Ele se tornaria endêmico , uma palavra derivada do grego “endemos” que significa “ nas pessoas”.

Vírus endêmicos circulam constantemente entre nós , geralmente em baixos níveis , mas com ocasionais emergência de surtos. Nós não os controlamos com quarentenas ou ordens de “ficar em casa” .Nós vivemos com eles.

Como seria viver com um sars Cov-2 endêmico ¿ . Isso vai depender da potência de nossa memória imunológica . Ou seja , como será a durabilidade e força da imunidade induzida pela infecção natural ou vacina. Ela seria afetada pelo aparecimento de novas variantes afetando nossa vulnerabilidade à reinfecção ¿ . A questão ainda não respondida sobre o sars Cov-2 portanto é : quanto de durabilidade terá a nossa resposta de anticorpos .

Por enquanto é muito precoce para se fazer qualquer aposta temporal. Estudos realizados com os parentes mais próximos do sars Cov-2 ( sars Cov-1 e MERS) têm demonstrado que os anticorpos declinam em 2 a 3 anos após a infecção . Mas declínio não significa necessariamente desaparecimento. Mesmo níveis baixos (ou até indetectáveis) de anticorpos podem ser suficientes para evitar a progressão para uma forma grave da doença. A memória imunológica não é definida apenas pelos anticorpos . Existe uma complexa rede de outros componentes (como as células T) que podem ser acionados diante de uma reexposição.

Vírus não são estáticos. Enquanto acumulam mutações , mudam sua forma, e podem gradualmente se tornar mais difíceis de serem reconhecidos pelo sistema imune. Os coronavírus mutam mais lentamente que os vírus da Influenza e HIV , mas com a evolução prolongada e indiscriminada na natureza , em uma ou duas décadas podem evadir o nosso sistema imune.

Enquanto nossa imunidade coletiva cresce, o coronavírus deve mudar seu perfil de pandêmico para endêmico. Deverá circular com taxas de infecção menores e causando doença menos grave. Deve infectar crianças não vacinadas – onde normalmente causa infecção assintomática ou leve.Alguns indivíduos vacinados também poderão apresentar sintomas leves. Certos grupos de pacientes , idosos e imunocomprometidos por exemplo – irão desenvolver doença grave , algo que já vemos nos dias de hoje com a Influenza.

Para maioria de nós a COVID se tornará familiar como a gripe , uma ameaça bem conhecida da nossa vida neste planeta   

terça-feira, 13 de julho de 2021

Covid grave e genética

 

Desde o inicio da pandemia cientistas e médicos têm tentado entender por que algumas pessoas desenvolvem COVID-19 grave, enquanto outras quase não apresentam sintomas. Fatores de risco (como idade e condições médicas subjacentes) e fatores ambientais (determinantes socioeconômicos de saúde) são conhecidos por terem papéis na determinação da gravidade da doença. No entanto, as variações no genoma humano sempre são cogitadas e menos investigadas. A revista Nature apresentou nesta semana os resultados de um grande estudo genético da infecção pelo SARS-CoV-2. Os pesquisadores identificam 13 locais (ou loci) no genoma humano que afetam a susceptibilidade e a gravidade do COVID-19.

Os efeitos dos fatores genéticos variam desde mutações raras e de alto impacto que podem fazer a diferença entre um indivíduo desenvolver sintomas leves e uma doença com risco de vida , até variantes genéticas mais comuns que afetam apenas moderadamente a gravidade dos sintomas . Mesmo assim, os estudos genômicos humanos de doenças infecciosas permanecem escassos em comparação com os de outras condições imunológicas, como as doenças autoimunes. Há várias razões para isso. O principal deles é que as doenças infecciosas são normalmente estudadas com foco no microrganismo causador da doença, e não no hospedeiro. Além disso, as variantes genéticas humanas geralmente têm efeitos relativamente pequenos sobre os resultados da infecção em comparação com os efeitos de fatores sociodemográficos, como idade ou acesso a cuidados de saúde.

Os autores do estudo superaram esses desafios estabelecendo rapidamente uma grande colaboração internacional quando a pandemia começou. Esta incluiu cerca de 3.000 pesquisadores e médicos e dados de 46 estudos envolvendo mais de 49.000 indivíduos com COVID-19 (comparados com 2 milhões de indivíduos controle, sem a doença). Para obter resultados comparáveis ​​em todos os 46 grupos de estudo, os autores definiram 3 categorias de análise: infecção, que incluiu pessoas com COVID-19 confirmada; hospitalização, que consistiu em indivíduos com COVID-19 moderado a grave; e doença crítica, pacientes foram hospitalizados e necessitaram de suporte respiratório ou morreram. Para identificar as variantes genéticas associadas à suscetibilidade e gravidade do COVID-19, os autores primeiro compararam a diferença nas frequências de milhões de variantes genéticas entre as pessoas infectadas com COVID-19 e os indivíduos de controle em cada estudo. Eles então combinaram os resultados de todos os 46 estudos para aumentar o poder estatístico de seus dados.

Por meio dessa análise combinada, os autores identificaram 13 loci que estavam associados à infecção por SARS-CoV-2 e à gravidade da doença , incluindo 6 loci não relatados em estudos anteriores de genômica humana de COVID-19 . Quatro loci afetam a suscetibilidade geral ao SARS-CoV-2, enquanto nove foram associados à gravidade da doença.Para entender melhor a biologia do COVID-19 e os mecanismos que conectam esses loci aos desfechos de doenças, os autores procuraram genes que estavam nas proximidades de cada locus (ou seja, 'genes candidatos'). Eles identificaram mais de 40 genes candidatos, vários dos quais foram previamente implicados na função imunológica ou têm funções conhecidas nos pulmões, sugerindo que variantes nas regiões genômicas destacadas pelas descobertas dos autores podem exercer seu efeito sobre o resultado de COVID-19 por meio do sistema respiratório.

Um exemplo é o gene TYK2 . Variantes desse gene podem aumentar a suscetibilidade a infecções por outros vírus, bactérias e fungos.Os autores relataram que os indivíduos que carregam certas mutações em TYK2 têm maior risco de serem hospitalizados ou de desenvolver doenças críticas devido à infecção pelo SARS-CoV-2. Outro exemplo é o gene DPP9 , uma variante neste gene aumenta o risco de adoecer gravemente com COVID-19.

Este estudo representa um marco importante em nossa compreensão do papel da genética humana na suscetibilidade ao SARS-CoV-2; no entanto, ainda há mais trabalho a ser feito.

Apesar dessas limitações, as implicações dos resultados do estudo são de longo alcance. Este estudo é importante não apenas para avançar nossa compreensão da suscetibilidade humana ao COVID-19; também destaca o valor das colaborações globais para esclarecer a base genética humana da variabilidade na suscetibilidade a doenças infecciosas. As infecções continuam entre as principais causas de mortalidade em países de baixa renda e representam uma ameaça global crescente, devido às mudanças climáticas, à urbanização e ao aumento do tamanho da população . A genômica humana pode ser uma ferramenta eficaz para compreender os mecanismos biológicos que sustentam as respostas imunológicas a infecções específicas, para identificar indivíduos em risco e para desenvolver novos medicamentos e vacinas para infecções existentes ou emergentes.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

a perigosa estratégia da Inglaterra

 

Mesmo diante da evolução para uma terceira onda da pandemia na Inglaterra, o governo planeja reabrir ainda mais o país. Parece implícita nessa decisão o conhecimento de que as infecções aumentarão, mas que isso não importaria porque as vacinas “quebraram o elo entre infecção e mortalidade”.No próximo 19 de julho - denominado Dia da Liberdade - quase todas as restrições ainda em vigência devem terminar. Porém, esta decisão é perigosa e prematura.

O fim da pandemia por meio da imunidade populacional exige que um percentual suficiente da população esteja imune para evitar o crescimento exponencial do SARS-CoV-2. É improvável que esta imunidade seja alcançada diante do atual ritmo de vacinação em vigência no país.

A intenção do governo do Reino Unido ao aliviar as restrições é uma suposta imunidade alcançada pela vacinação para algumas pessoas, somada à infecção natural para outras (principalmente os jovens). O Secretário de Saúde do Reino Unido afirmou que os casos diários podem chegar a 100.000 por dia durante os meses de verão de 2021. A ligação entre infecção e morte pode ter sido amenizada, mas não foi quebrada, e a infecção ainda pode causar morbidade substancial tanto na doença aguda quanto na de longa duração. Trata-se de uma arriscada e irresponsável decisão.

Nessa proposta a transmissão não controlada afetará desproporcionalmente crianças e jovens não vacinados. Dados oficiais do governo do Reino Unido mostram que, em 4 de julho de 2021, 51% da população total do Reino Unido tinha sido totalmente vacinada. Mesmo assumindo que aproximadamente 20% das pessoas não vacinadas estariam protegidas por infecção anterior de SARS-CoV-2, isso ainda deixa mais de 17 milhões de pessoas sem proteção contra a COVID-19. Considerando isso, e a alta transmissibilidade da variante SARS-CoV-2 Delta, o crescimento exponencial provavelmente continuará até que milhões de pessoas sejam infectadas, deixando centenas de milhares com doenças e incapacidades de longo prazo. Essa estratégia corre o risco de criar uma geração com problemas crônicos de saúde e deficiências, cujos impactos pessoais e econômicos poderão ser sentidos nas próximas décadas.

As altas taxas de transmissão nas escolas e nas crianças levarão ,inevitavelmente, a uma interrupção educacional significativa. A causa principal da interrupção educacional é a transmissão, não o isolamento. Reduções rígidas nas escolas, juntamente com medidas para manter a transmissão na comunidade baixa e a eventual vacinação das crianças, garantirão que as crianças possam permanecer nas escolas com segurança .Isso é ainda mais importante para crianças vulneráveis ​​clínica e socialmente. Permitir que a transmissão continue durante o verão criará um reservatório de infecção, que provavelmente irá acelerar a propagação quando as escolas e universidades reabrirem no outono.

Dados de estudos genômicos sugerem que a estratégia do governo oferece um terreno fértil para o surgimento de variantes resistentes à vacina. Isso colocaria todos em risco, incluindo aqueles já vacinados, no Reino Unido e em todo o mundo. Embora as vacinas possam ser atualizadas, isso requer tempo e recursos, deixando muitos expostos nesse ínterim. A disseminação de variantes de escape potencialmente mais transmissíveis afetaria desproporcionalmente os mais desfavorecidos .

O pior : esta estratégia terá um impacto significativo nos serviços de saúde e no esgotamento das equipes médicas que ainda não se recuperaram das ondas de infecção anteriores. A ligação entre os casos e as internações hospitalares não foi quebrada, e o número crescente de casos inevitavelmente levará ao aumento das internações hospitalares, repercutindo ainda mais na prestação de serviços de saúde não associados à Covid 19. Essas políticas continuarão a afetar desproporcionalmente os mais vulneráveis ​​e marginalizados, aprofundando as desigualdades.

Diante desses graves riscos,é antiética e ilógica qualquer estratégia que tolere altos níveis de infecção. O governo do Reino Unido deve reconsiderar sua estratégia atual e tomar medidas urgentes para proteger o público, incluindo as crianças.Oa governo deve atrasar a reabertura completa até que todos, incluindo adolescentes, tenham recebido a oferta de vacinação e a adesão seja alta.

domingo, 4 de julho de 2021

a evolução do SARS Cov 2

 

Compreender as tendências na evolução do SARS-CoV-2 é fundamental para controlar a pandemia de COVID-19. Um estudo fundamental acaba de ser publicado no jornal PNAS onde os pesquisadores analisaram mais de 300.000 sequências de genoma das variantes do SARS-CoV-2 identificadas até janeiro de 2021.

Os resultados mostram que a evolução contínua do vírus durante a pandemia é caracterizada principalmente por um processo chamado de “seleção purificadora” : o domínio de ligação ao receptor da proteína spike e a região da proteína do nucleocapsídeo associada aos sinais de localização nuclear (NLS) são ” enriquecidos “ com substituições de aminoácidos selecionadas positivamente. Essas substituições formam uma rede fortemente conectada de interações e são como assinaturas das variantes do SARS-CoV-2.

A diversidade de vírus dentro de cada região geográfica tem crescido continuamente durante toda a pandemia . A análise das similaridades filogenéticas entre as diversas regiões revela quatro períodos distintos no surgimento de mutações importantes. O período inicial de rápida diversificação terminou em fevereiro de 2020  e foi seguido por um grande evento de disseminação global com a mutação D614G na proteína spike . As variantes associadas alcançou proeminência global de março a julho, durante um período de estagnação em termos de diversidade inter-regional.A partir de julho de 2020, surgem múltiplas mutações, algumas das quais já foi demonstrado que permitem a evasão de anticorpos.

Altas taxas de mutação de vírus de RNA permitem a adaptação aos hospedeiros em um ritmo surpreendente. No entanto, a conservação da sequência básica indica que a seleção purificadora é a principal força que molda a evolução das populações do SARS Cov2, com a seleção positiva afetando apenas subconjuntos relativamente pequenos de locais diretamente envolvidos na coevolução vírus-hospedeiro. O destino de um novo vírus zoonótico é, em grande parte, determinado pelo combate promovido pela intervenção de saúde pública. Períodos intermitentes de seleção positiva podem resultar em evasão imunológica duradoura, levando a oscilações no tamanho da população suscetível e, em última análise, um padrão regular de epidemias repetidas, como já foi amplamente demonstrado para o vírus influenza.

Durante a atual pandemia de coronavírus (COVID-19), a compreensão do grau e da dinâmica da diversificação de locais sujeitos à seleção positiva são essenciais para estabelecer um plano estratégico de respostas, de orientações sobre isolamento, quarentena e ampla e rápida vacinação.

Estamos tendo a oportunidade de observar a evolução do vírus durante uma pandemia. Este é um feito inédito na história humana. Apesar da redução nas viagens globais, a evolução do SARS-Cov-2 é parcialmente moldada por fatores globalizantes. Existem fortes evidências de diversificação contínua de vírus dentro de regiões geográficas e “especialização”, ou seja, formação de variantes estáveis, divergentes e específicas da região. Essa diversificação adaptativa em andamento pode prolongar substancialmente a pandemia e a campanha de vacinação, na qual vacinas específicas para variantes provavelmente serão necessárias.

sexta-feira, 2 de julho de 2021

efeitos colaterais das vacinas

 


Com o andamento da campanha de imunização contra o COVID muitas perguntas surgiram como: por que temos reações adversas após a vacinação? Por que algumas pessoas não tem? não ter reações pode indicar que não se produziu uma resposta protetora?

Para explicar é importante uma pequena revisão sobre resposta imune......  quando nosso organismo encontra uma agente infeccioso, ou quando recebemos uma vacina, a nossa reação normal é de produzir uma defesa a partir da ativação de várias células constituintes do nosso sistema imunológico . Este complexo sistema mantém uma vigilância contínua e explica o porque de adoecermos ou não por uma infecção.

Os primeiros passos da resposta vão ser organizados por células do sistema imune inato ( a chamada primeira linha de defesa, inespecífica, que responde ao menor sinal de um organismo estranho, seja um vírus , uma bactéria etc). Além disso temos moléculas : entre elas as citocinas , cujo melhor representante é o interferon tipo I (IFN-I). Este , desempenha um papel vital na potencialização dos estágios iniciais da resposta imune.

O IFN-I agrupa uma mistura de IFN-β, vários subtipos de IFN-α e outros. O IFN-I junto com o IFN-λ (que é um INF-III) são produzidos logo após o contato com patógenos e têm efeitos antivirais poderosos, agindo em todo o corpo para o IFN-I e no sistema respiratório para o IFN-III.

O IFN-I é produzido principalmente por células chamadas macrófagos e células dendríticas (DC), a partir da interação com moléculas associadas ao patógeno (chamados de PAMPs).Isso cria uma espécie de identidade que vai reconhecer o agente infeccioso ou , no caso , os componentes da vacina.

As células dendríticas são super especialistas nesse reconhecimento. Elas têm, na sua superfície, mecanismos específicos para reconhecer esses PAMPs, chamados de PPR (receptores de reconhecimento de padrões complementares). No caso de uma vacina de m- RNA por exemplo: o PAMP (RNA) será reconhecido pelas PPR dessa células.

As vacinas têm tecnologias diferentes, e podem ativar rotas específicas dentro desse processo.  Mas o básico é que , de uma forma em geral, trata-se de ativar o reconhecimento por parte dessas células e o INF-I induzindo a ativação de células dendríticas.

Os adjuvantes (componentes que permitem a absorção) das vacinas ajudam para que essa resposta seja formada.Pela lógica da resposta imunológica, os efeitos colaterais das vacinas contra a COVID-19 são um produto de aumento de IFN-I enquanto montamos uma resposta imune eficaz.

Esses efeitos podem ser diferentes em termos de sintomas e variam conforme a idade, sexo, entre outros fatores. Normalmente são leves a moderados e transitórios, e indicam apenas que a vacina está fazendo seu trabalho de estimular a produção do interferon, um imunoestimulador.

Mas....e quem não sentiu nada ? significa que não houve resposta? .Absolutamente não!

Nos ensaios clínicos, um número significativo de pessoas não relatou efeitos secundários e a resposta imune foi completa . Portanto, devemos ficar tranquilos ! Ter ou não reações após a vacina não vai indicar que se fez (ou não) uma resposta imune. Os dois fenômenos (ter ou não reações após a vacina) são esperados e foram observados nos ensaios clínicos. O importante é todos nos vacinarmos