domingo, 29 de março de 2020

lições da história em tempos de Covid


Um dos confortos ao estudar história,neste tempo de Covid, é poder encontrar momentos no passado onde a situação foi muito pior.

A peste negra de 1347 dizimou praticamente metade da população européia no espaço de 4 anos.
O escritor Giovanni Boccaccio foi quem trouxe a dura realidade daqueles tempo e estimou que 100.000 pessoas morreram só na cidade de Florença,capital da Toscana na Itália, em 4 meses (entre Março e Julho de 1348).

Boccaccio, naquela época,era um oficial de impostos e viu de perto a morte escorrer pelas ruas da cidade.
A cada manhã,corpos eram depositados nas ruas para depois serem recolhidos por veículos municipais e levados às igrejas mais próximas a fim de serem abençoados e enterrados fora da cidade.Na medida em que os indices de mortalidade aumentavam, as práticas tradicionais de velamento dos corpos foram abandonadas pois ultrapassavam a capacidade do serviço publico de atender a demanda.Profundas trincheiras foram cavadas para que os cadaveres fossem empilhados em camadas.
Boccaccio escreve : “ não foi concedido mais respeito aos mortos do que hoje seria dedicado às cabras mortas"

Como o COVID-19,a doença se propagou rapidamente,mas diferentemente da atual ela infectou a todos,jovens e idosos,ricos e pobres.Os efeitos no organismo eram devastadores e humilhantes :tumores que cresciam pela pele,feridas gangrenosas nas mãos e pés,a pele se tornava escura,as vitimas podiam ter tosse sanguinolenta,Boccacio se referia ao terrível odor pútrido da respiração das vitimas: “o acumulo de corpos exalava o pior dos ares nos lembrando a cada momento da presença da morte".
Não houve dignidade na morte durante a Peste Negra.

Não foi surpreendente que um tipo de distanciamento social se tornou a norma na época.
Todos corriam em pânico.Os vizinhos se evitavam.Os pais recusavam que enfermeiras assistissem seus filhos doentes pois elas eram estranhas ao ambiente familiar.Alguns se trancaram em casa com poucos amigos e estocaram comida e vinho.O entretenimento entre eles era a música e se recusavam a ouvir qualquer noticia sobre as mortes.Outros ,sem meios de escapar,passaram a saquear as casas dos mortos,desatentos ao risco de infecção.

Não é certo , ainda,o destino do Covid.Como será o seu comportamento após o controle da pendemia.A peste negra permaneceu por muito tempo na Europa de forma endêmica e voltou a ter picos de epidemia por 17 vezes até a ultima onda que ocorreu em 1664.
Com o tempo uma espécie primária de redes de informação , os relatos de viajantes,traziam noticias de cidades acometidas pela infecção.

As questões daquele tempo também são as nossas hoje : como a peste chegou à Bolonha ?Quantos foram infectados ?Qual a taxa real de mortalidade?
As autoridades públicas tomaram medidas drásticas para isolarem os doentes.
Em Veneza os médicos foram proibidos de sair da cidade.
Os profissionais de saúde usaram uma vestimenta rudimentar mas muito semelhante ao nosso arsenal de proteção moderno.

Diferentemente de hoje as máscaras em forma de um longo bico eram pulverizadas com perfume para atenuar o cheiro da morte.



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