domingo, 29 de março de 2020

Como chegamos até aqui : crônicas sobre o Covid 19 parte 1




Coronavírus : como chegamos até aqui 1

Por milhares de anos o Coronavírus esteve infectando morcegos no sul da China.
Um dia,um predecessor do Covid 19,teve a oportunidade de expandir seu reinado entre morcegos.Talvez o pangolim,um animal raro de vida selvagem,comercializado quase sempre de modo clandestino em mercados em países do sudeste asiático,tenha sido seu hospedeiro onde foi possível que o vírus passasse por um processo de mutação de modo dramatico.

O ancestral do Covid pode ter utilizado um segmento de um coronavírus (já presente) diferente no novo hospedeiro,o que possibilitou que ele se tornasse uma versão aprimorada de si próprio,muito mais patogênico.Recentemente este vírus saltou para uma nova espécie : a humana.Apenas um primeiro ser humano foi infectado e uma pandemia ocorreu.

Os cientistas descobriram que o coronavírus são originários de morcegos seguindo,como detetives,a epidemia de SARS em 2003.Um animal,na época , conhecido como civeta (uma espécie de gato selvagem) foi considerado o hospedeiro intermediário.Na época,a província chinesa de Guangdong,comercializava este animal como uma preciosa iguaria.Quando testados no mercado público apresentavam anticorpos contra o vírus.Mas em outros locais ,não urbanos,os testes eram negativos indicando que animais de outras espécies poderiam trocar vírus entre si por causa da intensa proximidade com que viviam em gaiolas onde excrementos eram compartilhados.

Pesquisadores,após isso, viajaram pelo país coletando centenas de amostras de morcegos.Após meses de investigação eles descobriram 4 espécies de coronavírus semelhantes ao que causava o SARS,um dos quais tinha uma correlação genética similar de 90%.
Anos de pesquisa entre morcegos demonstram que outros coronavírus circulam entre estes animais em outros continentes.Estes vírus estão convivendo próximos de nós há muitos anos.Na medida que sua diversidade se expande,cepas diferentes co-infectam morcegos que se tornam verdadeiros laboratórios de mutação.Esse processo acontece sem que os morcegam adoeçam.Uma estratégia precisa para a sua missão de expansão.

Em Janeiro de 2020 os chineses sequenciaram um coronavírus encontrado em morcegos e descobriram que este compartilhava 96% do seu genoma com o Covid 19.Análises moleculares comprovam que os dois vírus tem um comum um predecessor que data de 30 a 50 anos atrás.Isso sugere uma mutação ocorreu em colônias de morcegos e depois num hospedeiro intermediário
Análises do Covid 19 indicam definitivamente um “ spillover” (que significa um salto de um animal para uma pessoa) o que coloca como mais que provável que o vírus já estivesse circulando entre pessoas antes de Dezembro de 2019

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