terça-feira, 14 de novembro de 2017

a busca insensata da felicidade



Existe um imperativo da felicidade nos nossos dias atuais.
O direito à felicidade torna-se um dever.Estamos condenados a sermos felizes e se não o conseguimos acabamos por nos culpar.
É provável que sejamos a primeira sociedade na história humana a nos tornarmos infelizes por não sermos felizes

A obsessão que nos assola é um obstáculo à felicidade.Somos bombardeados por falsas promessas ligadas ao consumo,à aparência física,ao sucesso social.Quem se deixa levar a isso passará de desejos realizados a multiplos novos desejos insatisfeitos.Uma vida de frustração em frustração.

A infelicidade vem do fato de se ter buscado objetivos muito elevados,que jamais,provavelmente, serão alcançados e começando exatamente por querer ser feliz.Surge o cansaço de si próprio.Surgem as numerosas formas de depressão : o alto preço pago pelo duplo imperativo de autonomia e de realização pessoal.

A depressão moderna é muitas vezes uma doença da responsabilidade.Antes o homem vivia os dilemas da culpa,neurótico pelas tentativas de se libertar.Hoje vive o dilema das necessidades sociais.O compromisso que assume pelo imperativo de mostrar-se feliz

É possível ser feliz sem nunca perguntar pela felicidade .E , certamente , essa pergunta pode até complicar a existência.
A arte da felicidade consiste em não estabelecer objetivos elevados demais,inatingíveis,massacrantes.
O segredo é graduar as ações.Seguir por etapas conhecendo e superando os fracassos e os acasos da vida.
Montaigne já explicou : devemos deixar a atenção se mover sem esforço,saber agir e não agir.

Para a nossa sociedade do desempenho vale uma vida que não seja de expectativas outras que não as nossas.

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