quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

mais um desserviço do Conselho Federal de Medicina

 

O Conselho Federal de Medicina diz querer conhecer a percepção dos médicos sobre a obrigatoriedade da vacinação infantil contra a covid e promove uma pesquisa on line entre os médicos.

Esse fato gerou polêmica e críticas de entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No texto em que apresenta a pesquisa, em seu site, o CFM afirma ter “o objetivo de conhecer a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação” contra covid-19 a essa faixa de público infantil. “A opinião dos médicos é fundamental para enriquecer o debate e contribuir para a tomada de decisões futuras”, justifica a entidade. “Os resultados da pesquisa subsidiarão o CFM no desenvolvimento de ações relacionadas ao tema”, conclui o texto, sem dar detalhes sobre o objetivo.

Em nota emitida dois dias depois, na última quinta-feira, 11, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) desaprova a iniciativa e defende a vacinação. “A covid-19 foi responsável por 5.310 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e 135 mortes entre crianças menores de 5 anos no Brasil em 2023, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que reúne dados até novembro. A incidência e a mortalidade pela doença na faixa-etária vêm aumentando desde 2022″, afirma a SBIm. “A pasta também informa que foram notificados no país 2.103 casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) – manifestação tardia da covid-19 – desde o início da pandemia, com 142 mortes. Em 2023, houve 51 casos e uma morte”.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgaram uma carta aberta à população na última sexta, 12, na qual reforçam que “existem claras evidências que apontam os benefícios da vacinação pediátrica na prevenção das formas agudas da doença, reduzindo o risco de hospitalizações, bem como suas complicações em curto e longo prazo na população pediátrica”.

As três entidades ressaltam que as vacinas são seguras e a decisão de incorporação pelo SUS é baseada em evidências científicas robustas. A SBIm aponta ainda que, após a aplicação de 47 milhões de doses em menores de 18 anos entre 18 de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2022, as reações à vacina foram consideradas leves ou moderadas (cefaleia, febre e outros efeitos esperados). Não houve nenhum óbito relacionado à imunização. Os dados são do último boletim de monitoramento de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e à Imunização (Esavi), publicado pelo Ministério da Saúde.

Na conclusão da nota, a SBIm observa que “a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que – ao equiparar crenças pessoais à ciência – pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”.

Resumindo : a atual gestão do Conselho Federal de Medicina lançou uma descabida enquete para médicos opinarem sobre a obrigatoriedade da vacina de Covid-19 para crianças. Iniciativa que alimenta uma controvérsia em torno da vacina que não existe e nem deve existir, promovendo o negacionismo médico-científico e teorias da conspiração.

Tudo isso é ainda mais grave em um contexto de desconfiança por uma parte da população em torno das vacinas, que contribuiu para fazer despencar a cobertura vacinal nos últimos anos

O que se esperava do CFM é que reforçasse para a sociedade os inúmeros benefícios da vacinação para a saúde das pessoas. Esses, baseados e respaldados em recomendações das entidades técnicas e científicas competentes para analisar a segurança, eficácia e relação risco-benefício das vacinas. São estas entidades as capacitadas para analisar de forma sistemática os estudos de segurança, imunogenicidade, eficácia, além dos relatórios de farmacovigilância produzidos mundo afora.

A vacina para Covid-19 foi incorporada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao calendário vacinal da criança, baseado em decisão da Câmara Técnica Assessora do Ministério da Saúde, seguindo rigorosas análises.

Fomentar questionamentos em torno da obrigatoriedade de quaisquer vacinas do PNI, além de não ser ético, contraria o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, no qual as vacinas são um direito fundamental da criança, o direito à saúde e à vida.

O CFM deve abandonar de uma vez por todas essas pautas negacionistas, que tanto mal fazem ao país, e ajudar a construir uma sociedade mais justa e saudável.

 

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