sábado, 22 de janeiro de 2022

A Omicron nos tornará imunes ?

 Estudos avaliam que em Outubro de 2021 , portanto antes da Omicron se espalhar pelo mundo , cerca de 86,2 % dos americanos tinham anticorpos contra o SARS cov 2 , provenientes da exposição à doença ou por causa das vacinas . Nestes dias em que a variante vem infectando mais de 800 mil pessoas por dia nos Estados Unidos , os que se mantém virgens de exposição ou vacinação são uma fração diminuta.

Na visão mais otimista de nosso futuro, esse aumento de pessoas com anticorpos pode ser visto como um ponto de virada na proteção ao nível da população de um país. O alcance da Omicron seria tão abrangente que estaríamos próximos do fim da pandemia.

Mas há razões para acreditar que esta previsão não se concretizará. Uma nova variante pode surgir exatamente por essa propagação desenfreada do vírus. E pode , semelhante à Omicron , escapar da imunidade formada. 95% de pessoas expostas não significam 95% de pessoas protegidas.Quando os países sairem dessa onda, cada um dos indivíduos estará em pontos imunológicos radicalmente diferentes – alguns mais fortes, outros mais fracos..Certas comunidades terão proteção anti-COVID mais altos do que outras, que permanecerão relativamente vulneráveis. O vírus se espalha de forma desigual assim como as estratégias para detê-lo. Não temos uma estratégia definida que envolva vacinas , bloqueios e outras medidas sanitárias. Agora, as somas dessas decisões díspares serão refletidas em nossa imunidade.

A imunidade coletiva é a chave para acabar com uma pandemia. Mas sua construção começa com cada indivíduo. Até agora sabemos que a imunidade contra o coronavírus não é plenamente conhecida. Ainda não podemos dizer exatamente qual a diferença de proteção entre um indivíduo com esquema vacinal completo e recentemente infectado e outro com duas doses da vacina e também infectado recentemente.Infecções e vacinas adicionam proteção; o tempo a diminui. Nem a imunidade induzida por vírus nem a imunidade induzida por vacina parecem durar muito tempo . Uma exceção são as doenças graves : experiências com outros coronavírus mostraram que a proteção é mais duradoura.

Nem sempre é óbvio por que as pessoas respondem de maneira diferente aos mesmos vírus ou vacinas. Mesmo dentro de um mesmo grupo demográfico , alguns geram respostas realmente robustas, e outras simplesmente nunca o fazem.

Dois anos, bilhões de doses de vacinas, milhões de infecções documentadas , a taxa de vulnerabilidade em nossa população nunca foi maior ou mais difícil de manejar. Algumas pessoas de alto risco, que nunca foram vacinadas ou infectadas, não têm praticamente nenhuma proteção; muitos indivíduos jovens e saudáveis ​​foram triplamente vacinados e estão adquirindo infecções pela Omicron. É uma verdadeira varredura que o vírus vem fazendo com um abismo de possibilidades imunológicas. E o cenário do surgimento de uma outra variante instável e com repercussões imprevisíveis, distinta do Omicron e de tudo o que vimos antes,pode derrubar todas as suposições imunológicas otimistas que estabelecemos e nos enviar para mais uma onda devastadora.

Quando novas variantes aparecerem, elas mais uma vez  revelarão as nossas falhas e descaso com a pandemia . Provavelmente veremos ilhas de controle separadas por mares imensos de desigualdades de recursos vacinais e medidas de contenção : a proteção imunológica entre os privilegiados, a susceptibilidade em comunidades pobres, rurais ,de poucos recursos além dos negacionistas não vacinados.


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