Joan Miró foi um pintor e escultor espanhol que
notabilizou-se pelas tendências modernistas de sua obra.
Em 2018 uma exposição
revisou seu extenso trabalho em Paris.Entre as pinturas o publico pôde rever uma
trilogia chamada de Bleu 1,2 e 3.
Cada obra mostrava pontos e linhas dispostos
sobre um fundo azul.Esta técnica foi nominada como “pintura automática” na qual
Miró permitia que sua mão passeasse aleatóriamente pela tela.
Para os visitantes
a contemplação era traduzida por um sentimento de confusão: qual seria o
significado que ele procurou demonstrar ?
A experiência do entendimento da arte
moderna é semelhante ao processo do diagnóstico clínico : ambos têm similares
prazeres e desafios.Assim como as telas de Miró,os pacientes quase sempre
apresentam sinais e sintomas que fogem aos padrões ou pelo menos não são
tradicionais.Em casos de alta complexidade não encontraremos causas aparentes
para o problema e , diante do fato ,
nossa expressão pode ser de confusão também (para nosso alivio 80% dos sintomas
que resistem a um diagnóstico irão resolver espontaneamente dentro de 4 a 12
semanas).
Os pontos e linhas de Miró apresentam um similar dilema
porque a sua disposição pode não justificar a procura por uma explicação
relevante.Porém , existe uma diferença fundamental entre a arte e a medicina no
julgamento sobre o significado de uma pintura ou sua importância que pode ser
meramente subjetiva
Diagnósticos médicos contém verdades que podem ser
reveladas apenas com informação objetiva.A arte moderna e a medicina levam a
uma busca por explicações,mas na saúde podemos trilhar um caminho onde os
pacientes não obtenham as respostas desejadas
A arte de Miró pode nos ensinar
que a busca excessiva interfere com nossa habilidade de obter significância no
encontro clínico.Quando não sabemos como interpretar a arte dos sintomas nós
deveríamos simplesmente valorizar a arte de se conectar com o paciente ao invés
de sempre tentar explicar tudo
Deste modo , a arte moderna pode nos fazer
aceitar uma verdade dolorosa : algumas vezes simplesmente não temos a resposta
desejada para quem nos procura. A arte da medicina envolve reconhecer onde os
pontos e linhas podem ser conectados e onde eles nunca serão.
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