segunda-feira, 1 de abril de 2019

Trajetória




Nós vivemos imaginando que nossas vidas seguem um tipo de trajetória , como um enredo de uma novela , e reconhecendo desta forma nos pretendemos ser os seus autores.
Mas frequentemente sentimos um senso de precariedade , uma suspeita de que , mesmo seguindo rigorosamente as regras , não teremos controle sobre a história e muito menos o direito a um final feliz.É este o tema do livro “Cruel Otimismo” de Lauren Berlant que sugere que o que nos move de fato é a persistência , o desejo às vezes não perceptível de ir superando as adversidades.
Vamos aprendendo sobre o que nos faz mal.Nosso status emocional vai calibrando as ideías de como ter saúde etc.Mas a busca pela boa vida tem sempre as suas derrotas e um misto de fantasia e realidade nos desvia do racionalismo.Berlant chama estes momentos de “audácia da esperança” : um atalho , muitas vezss sutil , no nosso caminho que mostra que a trajetória tem que ser um constante improviso.A proposta de reflexão do livro também é entender a vida que é levada através de pequenas ambições.O trajeto deve ser percorrido mesmo que , ocasionalmente , naõ esteja bem sinalizado.Não existirá sempre a certeza que estejamos no rumo mais adequado.Pois há coisas que não podem acontecer na sua totalidade até o fim.Muitas são grandes demais para encontrar o seu espaço nos degraus dos fatos.Vamos percebendo que a vida em sua essência tenta acontecer numa espécie de teste da realidade , uma prova de que esta pode suportá-la. E quando olhamos , depois de muito tempo a nossa biografia, podemos nos assustar com pa´ginas em branco espalhadas entre tantas histórias
O homem consiste em tentar ser o que não pode ser,e isto é o que definimos com um verbo apropriado : viver

De certa forma a lição do livro é a persistência mesmo que o enredo de nossa história esteja prestes a terminar e nós , seus pretensos autores , não saibamos como.

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