Por que alguém ama?'
Essa é uma pergunta mal formulada por muitas razões, e uma delas pode ser que
ela não tem uma boa resposta. 'Porque você é forte; porque você é atraente;
porque você me faz rir; porque você é gentil; porque você será um ótimo(a) pai(mãe)
; porque você é (financeiramente ou não) estável; porque você é ótimo(a) de
cama; porque você me faz sentir completo(a) ; porque você é confiante,
tranquilo(a), jovem, divertido(a), criativo(a), inteligente...
Passamos muito tempo buscando uma razão muito boa para amar
uns aos outros. E essa crença também faz pensar que o objetivo da vida era se
tornar amável. Iríamos à academia – para ser amável. Escreveria grandes livros
– para ser amável. Nos manteriamosa firmes, da melhor forma humanamente
possível – para ser amável.
É um projeto amplamente fútil porque a pergunta "Por
que você me ama?" pode ter sempre resposta inadequada.
Se alguém acredita que há uma razão para amar – passará a
vida procurando por ela.O amor não é uma questão de dívida e troca. Não é
possível reunir uma lista exaustiva de condições de amor. Assim como uma lista
exaustiva de características não pode descrever ninguém completamente.
Um poema de Elizabeth
Barrett Browning responde :
Como eu te amo? Deixe-me contar as maneiras.
Eu te amo até a profundidade, largura e altura que minha
alma pode alcançar, quando me sinto fora de vista para os fins do ser e da
graça ideal.
Eu te amo até o nível da necessidade mais silenciosa de cada dia,
pelo sol e pela luz de velas.
Eu te amo livremente, enquanto os homens lutam pelo que é
certo.
Eu te amo puramente, enquanto eles se afastam do louvor.
Eu te amo com a paixão posta em uso
Em minhas velhas tristezas, e com a fé da minha infância.
Eu te amo com um amor que parecia perder
Com meus santos perdidos. Eu te amo com a respiração,sorrisos,
lágrimas, de toda a minha vida; e, se Deus escolher, eu te amarei melhor depois
da morte.
O amor não é para ser conquistado ou trocado, porque se
fosse, então seria algo de valor comparável, e não incomparável. E é isso que
queremos no amor, na vida e no casamento, algo de valor incomparável. Então,
devemos colocar isso em nossas cabeças - não há razão para amarmos uns aos
outros. Nas palavras do monge e poeta Thomas Merton , "o amor não é um
pacote" para ser medido e trocado.
No final, somos todos seres extremamente desagradáveis.
Somos cruéis, mal-humorados, desleais e completamente feios — além disso,
envelhecemos, ficamos doentes e morremos — o que é a melhor razão que alguém
poderia ter para evitar amar seres como nós. Nunca, jamais, em nenhuma vida,
poderíamos ganhar algo como amor. Mas amamos e somos amados, e esse fato
irracional deve proporcionar um pouco de paz de espírito em vários aspectos
diferentes, contanto que o consideremos total e completamente irracional. Amar
(e especialmente se casar) é uma decisão irracional, e tem que ser para que o
amor sobreviva.
Dizer "eu te amo incondicionalmente" frequentemente
significa "No balanço, eu ficarei com você principalmente, não importa o
que aconteça: eu pesei todas as razões pelas quais eu te amo e elas geralmente
superam as razões para não amar."
Dizer "eu te amo incondicionalmente" é, em vez
disso, simplesmente dizer que não há razão, nem boa nem ruim, para eu te amar,
que eu o faço livremente sem razão.. Nesse sentido, o amor é mais parecido com
um ato de fé do que com uma decisão racional, e continua a ser enquanto
estivermos "nela". Então não vamos esquecer, e é fácil esquecer, o
salto para o amor ou casamento não é um ato singular, mas permanece tão
audacioso (e irracional) quanto a fanfarra inicial de um casamento. Caso
contrário, não é amor.
Então como se deixa de amar? Nunca pode ser por descobrir
que não há mais razão. Talvez deixemos de amar quando confundimos as condições
de companheirismo com o amor em si, o que é, para o bem e para o mal,
irracional. Talvez deixemos de amar apenas por pensar que temos que ter razões
para ficar.
Claro, há outra possibilidade, que é assustadora e,
portanto, provavelmente verdadeira. Talvez o amor acabe como uma canção: em seu
próprio tempo. Ou quando o riso desaparece, quando o tempo acaba. E talvez isso
seja motivo suficiente para sermos indizivelmente gratos pelo tempo que nos
resta.