Algumas condições como estados de choque , a meditação ,
experiências “fora do corpo” e intoxicação por drogas alteram nosso senso de
tempo e de auto percepção
.Esses momentos têm sido ignorados pela ciência , ou
carecem de explicações sensatas
.O neuropsicologista Marc Wittmann publicou um
livro (Altered States of Consciousness) onde discute seus argumentos sobre os
mistérios da consciência.Seus estudos tiveram inicio com o acompanhamento de
pacientes vitimas de traumas do cérebro nos quais a noção de tempo esteve
claramente distorcida.O próximo passo foi buscar uma associação pesquisando uma
ampla variedade de estados onde a consciência está mudada ( como na meditação e
no uso de drogas alucinógenas) , situações ditas como não usuais.
Drogas como o LSD promovem uma perda de conectividade entre
certas áreas do cérebro mas , por outro lado , estimulam outras.A psilocibina é
capaz de melhorar a ansiedade sobre a proximidade da morte em pacientes
terminais.Estes exemplos provam que a consciência é dependente de certas
conexões.O cérebro é competente para processar diferenças extremas na
percepção.Esta é uma pista que vem sendo profundamente avaliada.
Wittmann dá o exemplo
também da experiência tão frequente dos sonhos.
Eles ocorrem regularmente , para
algumas pessoas todas as noites , e não há uma clara distinção com os estados
normais conscientes.O que resta de comum nesses fatos é que , simultaneamente ,
existe uma mudança do sentido do tempo e da percepção individual.Mas isso
também acontece em estados normais de consciência. Um exemplo é o que ocorre
durante o tédio onde o tempo parece se arrastar mas a percepção está
absolutamente normal.Quando estamos completamente absorvidos no que estamos
fazendo o tempo flui rapidamente.São as chamadas flutuações conscientes do
cotidiano.Essas experiências ilustram as dificuldades de entendermos plenamente
a consciência.Wittmann concorda que não temos uma definição pronta.Se
perguntarmos a diferentes cientistas e filósofos teremos respostas distintas.Mas
se observarmos os estados alterados da mente , onde os processos cerebrais
ocorrem de modo diferente , poderíamos aprender sobre como chegar a um
consenso.
Um grande debate atravessa a história da filosofia : o que é
o self¿ .É uma identidade na mente ou simplesmente uma construção gerada por
ausência de comprovações mais exatas ¿ .Na filosofia analítica e na budista
existe o consenso que , na verdade , não existe o self.As pesquisas de Marc
Wittmann mostram que em estados alterados da consciência o senso de self muda e
até , em alguns casos , desaparece.Isto é bastante relacionado às questões
básicas que permeiam a história do pensamento humano : se existe uma percepção
individual do que ela seria constituída ¿. Essa intersecção da pesquisa científica
, da psicologia e da filosofia ainda não chegou á conclusão para o que nos
desafia desde sempre.
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