segunda-feira, 12 de março de 2018

apenas sentir











Sempre se pergunta qual o motivo para algum sentimento.
Existe um principio que deveríamos seguir.
O que não se racionaliza apenas se sente.Deixa-se fluir.
Como um curso de agua que se forma após qualquer chuva.
Tem seu propósito.Respeita obstáculos.
Para.
Segue.
Cria uma pseudo permanência.
Depois pode evaporar.

Terá cumprido seu destino

domingo, 11 de março de 2018

desilusão






Acima de tudo,a distinção entre o amor e a desilusão não é tão distinta como imaginamos
A potencial presença de um elemento de desilusão no amor pode servir como importante função de alerta nesse processo

Mas após tanto....a desilusão persiste....o amor morre

sábado, 3 de março de 2018

os limites da compaixão




O atentado recente em Parkland,na Flórida foi o 18 somente neste ano.Há apenas 5 meses um atirador matou 58 pessoas em Las Vegas e cerca de um ano e meio atrás 49 frequentadores de um clube noturno em Orlando foram brutalmente assassinados nas mesmas circunstâncias.Nós deveríamos vivenciar a cada nova morte mais empatia , mais tristeza.Mas não.É próprio do ser humano se sentir desprovido de um sentimento de choque.Existe um conceito psicológico que ajuda a explicar essa insensibilidade diante das tragédias que se repetem,Diante do aumento do numero de vitimas nossa indignação e disposição para fazer algo na verdade diminui.Essa tendência é chamada de letargia psíquica.Essas atrocidades se tornam abstrações em nossas mentes e passam a ser progressivamente atenuadas e até mesmo ignoradas

O psicólogo Paul Slovic , expert na área , diz que não há um valor constante para a vida humana.Uma vida individual vai perdendo sua importância contra o pano de fundo de uma grande tragédia.Um recente estudo publicado por ele demonstrou esse fato.Slovic perguntou a várias pessoas sobre a disposição de doarem dinheiro para crianças com necessidades.Na medida em que o numero de crianças aumentava e o processo de doação se tornava mais frequente havia um decréscimo evidente no ato.Uma dessensibilização.

Na primeira vez que algo realmente chocante acontece ele impacta de modo significativo a maioria de nós.Em 1999 , dois estudantes assassinaram 12 colegas e um professor em Columbine,Colorado.A nação americana foi atingida duramente.Esse momento despertou o conceito dos atentados em escolas.Mas agora,com a repetição dos fatos,a repercussão passa como uma brisa.Nossos sentimentos não atuam como a matemática.Nós , na verdade , estamos mais focados naquilo que nos influencia diretamente : proteger a si próprio , proteger as pessoas próximas a nós.Podemos chamar isso de efeito da singularidade : a hipervalorização da vida individual

Paul Slovic explica melhor.Uma das razões é um sentimento de desamparo.Com o número de vitimas desse tipo de tragédias sempre aumentando nós nos sentimos impotentes para ajudar.Então afastamos o sentimento de empatia.Mas esse desamparo deveria ser encarado como uma mentira.Mesmo soluções mínimas, como leis mais rígidas sobre o controle de armas, podem salvar vidas.
Nem todo mundo é insensível , é claro.Mas pessoas que podem fazer a diferença não deveriam ter esse comportamento.Lutar contra a insensibilidade é um ato de conscientização muitas vezes difícil.Deveríamos ultrapassar os limites da compaixão
Uma morte é uma tragédia.Milhares de mortes não podem ser uma abstração

onde morrer




Até o século passado o lugar apropriado para morrer era em casa , rodeado pelos familiares.Com as extensivas transformações sociais causadas pela urbanização e pela difusão dos hospitais associada às grandes evoluções da medicina, a morte foi deixando progressivamente o lar dos doentes.Até 1940 a maioria das pessoas morria em seus lares mas apenas uma década após, 60% já eram hospitalizados.Com a propagação das unidades de terapia intensiva , com as novas tecnologias , com a extensão da expectativa de vida, os hospitais tornaram-se não só um centro de melhores cuidados mas um local onde a vida passou a ser prolongada em direção ao seu destino inevitável.Por força de ser um setor onde se convive com a gravidade e a fragilidade da doença o fim da vida tornou-se mais solitário .

A medicina vem mudando a forma de morrer. O médico vive a experiência da morte mais como um conceito ou processo do que um ponto final.Existe um calvário penoso que alguns pacientes apresentam : quanto mais medicalizada a morte, mais tempo eles  convivem com esse processo.A linha divisória entre vida e morte fica menos definida.Benjamin Gompertz , um matemático britânico , escreveu em 1825 que existem dois direcionadores para a mortalidade.Um extrínseco : acidentes e doenças.Outro intrínseco : ele chamou de as sementes da indisposição.Nós hoje sabemos que este termo pode ser traduzido pelo conhecimento da morte celular.Todo o progresso que conseguimos nos últimos anos foi exatamente em minimizar ou atenuar esta evolução decisiva.Mas os avanços em aumentar os anos de vida de uma pessoa proporcionam um crescimento de doenças crônicas.Assim nos tornamos reféns do tempo que nos aproxima da morte.Vivenciamos mais esta passagem sem estarmos de fato preparados para o desfecho.

Nossos ancestrais nasciam e morriam nas cavernas.Assim como a nascimento , a morte para muitos dos nossos familiares poderia ocorrer na mesma cama.A medicina moderna criou uma situação pesarosa para quem lida com pacientes no final da vida,Nós começamos buscando as soluções para evitar a morte , entendo-a como um inimigo.Porém ,ao longo do tempo,nós presenciamos estados vegetativos  que nos parecem tão desumanos,destituídos de dignidade.O final da vida vem se tornando mais uma negociação do que uma discussão.Neste momento a reflexão é a melhor saída : um equilíbrio entre o que deseja o coração e o que a mente conhece.Thomas Starzl , o primeiro médico a realizar um transplante de fígado , definiu a vida como uma curva em declínio,lentamente nos aproximando da morte