quinta-feira, 27 de junho de 2024

artigo de Claudia Malinverni sobre comunicação e saúde

 

A progressiva consolidação e, hoje, onipresença da internet e suas redes sociais como espaço de produção de sentidos levaram as sociedades contemporâneas a uma espécie de caos comunicacional, que coloca em disputa o desafio permanente de estabelecer o que é verdade. Ou, como postula o filósofo e historiador francês Michel Foucault(1926-1984), a “política geral” da verdade, o regime discursivo que, desde o século XV, com base no pensar e fazer científico, detinha a primazia de distinguir o verdadeiro e o falso dos enunciados em circulação no espaço público.

Hoje , o estatuto de verdade baseado na ciência – e difundido por canais legitimados pela comunidade perita, entre eles a imprensa generalista –, já não é hegemônico.

Com a emergência do mundo virtual, a informação de qualidade, aquela submetida a diferentes níveis de validação e checagem, passou a disputar o espaço público com uma miríade de fenômenos discursivos – negacionismos, desinformação/misinformação, fake news, infodemia – que instauraram a chamada “pós-verdade”. Eleita a palavra do ano de 2016, a pós-verdade foi tecida num longo processo de tensionamentos da credibilidade da política, da imprensa e da própria ciência, instituições centrais do projeto moderno que nomeou, enfim, um complexo regime discursivo, o qual, desde o início do século XXI, sob uma nova ordem neoliberal, viabilizou a emergência de tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a expansão da internet.

Esse aparato sociotécnico colocou em concorrência dois regimes discursivos: de um lado, o da verdade baseada no saber científico, em corpos de saber disciplinares; de outro, o da pós-verdade, fincado no testemunho pessoal, na emoção, na crença e nos valores subjetivos.

Embora boatos sejam tão antigos quanto a própria necessidade humana de se comunicar, a pós-verdade é um fenômeno do nosso tempo, estreitamente vinculado às mídias digitais, que impuseram outra forma de circulação das informações, viabilizando a propagação massiva das mensagens e afetos, sejam eles baseados em regimes de verdade (disciplinares) ou de pós-verdade (testemunhais), em tempo real e incontrolavelmente.

De abrangência global, esses discursos fraudulentos ganharam escala, afetando de modo generalizado todas as dimensões da vida cotidiana, em particular as mais sensíveis, como a saúde. E impôs desafios inéditos e complexos aos sistemas de gestão, que agora, além de enfrentar questões clássicas do processo saúde-doença, também precisam lidar com discursos que negam a ciência e desinformam, tais como:

recusa e menosprezo a ações de saúde baseadas em evidência;

defesa e prescrição de protocolos cientificamente ineficazes ou mesmo de risco;

campanhas de difamação, desqualificação e deslegitimação de políticas, programas e ações públicas de saúde.

Potencialmente, esses discursos afetam a tomada de decisão de cada indivíduo e da coletividade quanto ao cuidado que aceitarão receber dos sistemas e dos profissionais de saúde, produzindo novos eventos ou contribuindo para o agravamento de velhos conhecidos da saúde coletiva. Para ficar num só exemplo, estudos brasileiros já demonstram que o negacionismo, a desinformação e as fake news são os principais fatores de hesitação vacinal na imunização contra a covid-19. Daí a distinção conceitual entre esses fenômenos ser uma das estratégias para o seu enfrentamento.

Classicamente, negacionismo é o discurso que recusa/nega o método científico, emergindo contemporaneamente como a expressão de “uma crise epistemológica, que se traduz na perda de confiança em instituições fundamentais da sociedade, dentre as quais a própria universidade [academia]”. Os negacionistas – em geral pessoas sem especialização ou competência técnica, mas também especialistas – se apropriam de símbolos e signos da ciência para eleger novas autoridades epistêmicas, inventando competências que lhes dê destaque na arena pública e, frequentemente, ganhos políticos e financeiros.

Subvertendo valores de reconhecimento e autoridade da ciência, eles criam suas próprias autoridades, construindo seu discurso em torno de argumentos retóricos pseudocientíficos que dão aparência de debate legítimo onde ele nem sequer existe. Como regra, o discurso negacionista é usado contra um consenso ou evidências contundentes por pessoas que têm poucos ou nenhum fato para apoiar seu ponto de vista, empregando um conjunto de táticas para causar impactos discursivos no curto prazo.

Vejamos a tática da seletividade, escolha deliberada de dados fora do contexto para sugerir que os achados científicos estão errados. Negacionistas seletivos valem-se do fato de que o conhecimento é sempre provisório para sustentar seus argumentos em artigos isolados, com evidências fracas ou já suplantadas. Um exemplo emblemático: o artigo que sugeriu a associação entre vacina tríplice viral e autismo, publicado em 1998 no prestigioso periódico The Lancet. Metodologicamente frágil, descobriu-se, depois, que o estudo era também eticamente reprovável – seu autor convocou os participantes, 12 pessoas, por meio de um advogado que também levantara fundos para uma pesquisa que ele liderava sobre… vacina tríplice! Só mais de uma década depois, em 2010, quando o médico teve seu registro cancelado pelo conselho de medicina britânico, o periódico suprimiu o artigo de suas bases. Apesar disso, é ainda hoje exaustivamente citado por militantes do movimento antivacina.

Há também a tática dos falsos especialistas ou de produção duvidosa. Vários desses negacionistas têm formação acadêmica e emprestam suas credenciais para sustentar teses sem respaldo científico. No Brasil, sobretudo no início da pandemia de covid-19, quando a comunidade científica ainda estava mergulhada em profundas incertezas sobre o presente e o futuro, muitos médicos sem quaisquer vivências em epidemiologia, virologia ou infectologia – campos de excelência em eventos epidêmicos – apresentaram-se como especialistas nas redes sociais e – pasmem! – na imprensa generalista. Os falsos especialistas também propagam acusações que desacreditam o trabalho de cientistas sérios.

Por fim, temos a tática conspiracionista que prega que a validação da ciência não seria o resultado do consenso entre pares com base em evidências científicas, mas sim do envolvimento destes em uma conspiração complexa e secreta. Logo no início da pandemia, em 2020, conspiracionistas inundaram as redes sociais com a tese de que o vírus Sars-CoV-2 teria sido produzido em laboratório pelo governo comunista chinês para destruir o Ocidente capitalista.

Já a desinformação é a tentativa deliberada (e frequentemente orquestrada) de confundir ou manipular pessoas por meio de informações desonestas, intencionalmente produzidas e disseminadas para causar prejuízos. Seu par é a misinformação (neologismo do inglês misinformation), que trata do compartilhamento de informação falsa, enganosa, equivocada ou incorreta, mas sem intenção de prejudicar.

Já as fake news são definidas como agentes de desinformação propositalmente criadas e disseminadas com o intuito de prejudicar e influenciar pessoas, cuja principal característica é simular a estrutura discursiva e os formatos documentais e jornalísticos.Talvez o fenômeno mais conhecido seja seu uso com fins político-ideológicos, abarcando uma infinidade de textos e contextos. São histórias falsas, muitas vezes sensacionalistas, criadas para amplo compartilhamento on-line e com objetivo de gerar receitas publicitárias por meio do tráfego internético, em geral para desacreditar figuras públicas, movimentos políticos e sociais, sabotar empresas.

Por mais absurdos ou risíveis que possam parecer,esses discursos nunca são inocentes, desinteressados, inconsequentes. Potencialmente, têm consequências graves para as sociedades. No caso da covid-19, estudos nacionais e internacionais já demonstraram como eles “bagunçaram” os sistemas de saúde, sobrecarregando-os, desarticulando-os e, por fim, contribuindo para a morte de pessoas.

Assim, o que está em jogo nesses fenômenos, de modo geral e na saúde, em particular, é a tensão entre a confiança e a desconfiança na política, na ciência e no Estado, em direção a uma experiência construída pessoal e intimamente. Por seu potencial em colocar em risco a saúde e a vida das pessoas e das populações, é imperioso combatê-los.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

o desejo mimético

 

O filósofo René Girard propõe que uma vez satisfeitas as necessidades básicas,as pessoas desejam o que os outros desejam.

O humano deseja o que o outro deseja.

Em pouco tempo , na contemporaniedade , o que acontece é que o desejo se torna contagiante e é copiado pelas pessoas.

O desejo mimético leva a uma escalada já que,ao ser compartilhado com outras pessoas,reforça o valor atribuído ao objeto

Por que desejamos o que os outros desejam ? De acordo com Girard é porque o ser humano não sabe o que desejar e seria muito exaustivo nos questionarmos o tempo todo sobre o que queremos. Por isso se usa um modelo chamado de "mediador do desejo". Isso pode ser alguem inacessível (como um  "influenciador de redes sociais)

O ritmo segue num sistema de cópia do desejo do mediador. O indivíduo , dessa forma , não precisa sempre pensar no que deseja , o que é reconfortante.

Para despertar o desejo basta convencer a pessoa de que tal coisa já é cobiçada por alguém com um certo "status". O prestígio do mediador passa para o objeto desejado e lhe confere um valor ilusório.

Tomamos emprestado nosso desejo do outro, de um modo fundamental, que o confundimos com a vontade de sermos nós mesmos.

Girard também afirma que vivemos em uma época que é ainda mais dificil saber o que queremos.Essa situação nos faz confiar ainda mais em modelos.

Como consequência da dissolução de todas as proibições,vivemos numa vida em que o desejo mimético,completamente liberado e irrestrito,é levado ao extremo

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Caos e causa


 

Caos e causa

 

Uma ligeira mudança na beleza de Cleópatra e o Império Romano se desfaz. Você perde o trem e um encontro inesperado muda o curso da sua vida. Uma borboleta pousa em uma árvore em sua cidade, provocando um furacão no outro lado do globo. Estes cenários exemplificam a essência do “caos”, um termo cunhado pelos cientistas em meados do século XX, para descrever como pequenos eventos em sistemas complexos podem ter consequências vastas e imprevisíveis.

Além desses exemplos é importante responder à pergunta: 'O simples bater das asas de uma borboleta pode realmente desencadear um furacão distante?' Para descobrir as camadas desta questão, devemos primeiro viajar para o mundo clássico da física newtoniana. O que descobrimos é fascinante – o Universo, desde a grande escala dos impérios até aos momentos íntimos da vida cotidiana, funciona num quadro onde o caos e a ordem não são opostos, mas forças intrinsecamente ligadas.

Em seu livro best-seller Chaos: Making a New Science (1987), James Gleick observa que a ciência do século XX será lembrada por três coisas: relatividade, mecânica quântica (MQ) e caos. Estas teorias são distintas porque mudam a nossa compreensão da física clássica para um mundo mais complexo, misterioso e imprevisível.

A física clássica, que atingiu seu auge na obra de Isaac Newton, pensou um universo governado pelo determinismo e pela ordem. Era um mundo semelhante a uma máquina perfeitamente projetada, onde cada ação, como a queda de um dominó, desencadeava inevitavelmente um efeito previsível. Esta previsibilidade absoluta – um mundo onde compreender o presente significa conhecer o futuro – tornou-se a essência da mecânica newtoniana. A física clássica não apenas apresentou um universo ordenado entre os seguidores de Newton, mas também incutiu um profundo sentimento de domínio sobre o mundo natural. As descobertas de Newton fomentaram a crença de que o Universo, anteriormente envolto em mistério, estava agora exposto, provocando um otimismo sem precedentes no poder da ciência. Armados com as leis de Newton e a matemática revolucionária, os principais pensadores sentiram que finalmente haviam desvendado os segredos da realidade.

Nem todo mundo , porém ,  estava animado. Na sua bela obra Lamia (1820), John Keats expressou de forma pungente a preocupação com a perda de mistério e admiração face ao escrutínio empírico. A “filosofia fria” da física clássica parecia “desfazer um arco-íris”, despojando o mundo natural do seu encanto e mistério. Keats ressentiu-se do processo de racionalização científica, que poderia “cortar as asas de um anjo” e reduzir as maravilhas do mundo a simples entradas no “monótono catálogo de coisas comuns”.

O século XX testemunhou uma mudança dramática com o surgimento da relatividade, que redefine a nossa compreensão do espaço e do tempo; com o surgimento da física quântica que revolucionou a nossa compreensão do mundo subatômico; e a teoria do caos. O mundo ordenado e previsível da física newtoniana, o sonho de um universo mecânico pronto para revelar o seu funcionamento mais íntimo, era, felizmente ou não, uma espécie de ilusão. No século XX , a ciência revelou um universo muito mais complexo, menos previsível e, na verdade, caótico.

Tal como os outros dois pilares identificados por Gleick, a teoria do caos desafia a nossa compreensão da física clássica. No entanto, ao contrário da MQ e da relatividade, a teoria do caos opera dentro de uma estrutura newtoniana – ela assume uma realidade determinística governada por leis específicas. No entanto, a teoria do caos revela um nível sedutor de imprevisibilidade aparentemente em desacordo com uma visão objetiva do mundo que surge da natureza complexa dos sistemas não lineares.

Em sistemas dinâmicos, o comportamento muda com o tempo. O conceito de determinismo implica que os estados futuros são determinados com precisão pelas condições atuais, sem qualquer aleatoriedade ou acaso envolvido. Contudo, quando sistemas dinâmicos apresentam não linearidade, o seu comportamento torna-se mais complexo e menos previsível.

Um exemplo :

Considere uma torneira simples. Em baixa pressão, a água flui em um padrão suave ou laminar. À medida que a pressão aumenta, o fluxo permanece constante, mas aumenta ligeiramente. Num ponto crítico, no entanto, marcado por não mais do que uma pequena mudança de pressão, vemos uma “transição de fase” – o fluxo ordenado subitamente torna-se turbulento, exemplificando o caos: a sensibilidade de sistemas não lineares como fluidos a pequenas mudanças, levando a resultados imprevisíveis .

Podemos pensar no movimento de uma pequena pedra rolando pela encosta de uma montanha. Pequenas variações no seu ponto de partida, terreno irregular, densidade do solo e até mesmo na direção do vento podem alterar drasticamente o seu caminho e posição final.

Um paralelo na mecânica celeste é o chamado problema dos três corpos, com três corpos no espaço como a recente série da Netflix. Considere dois corpos no espaço: a Terra e a Lua. A mecânica newtoniana nos permite prever perfeitamente os movimentos orbitais desses dois corpos. No entanto, quando acrescentamos um terceiro corpo, o Sol, descobrimos um nível de complexidade que desafia a previsibilidade newtoniana. As interações gravitacionais entre estes três corpos criam um sistema dinâmico e não linear onde pequenas variações nas condições iniciais, por exemplo, pequenas variações nas distâncias ou velocidades de qualquer corpo, podem levar a resultados muito diferentes; as posições de longo prazo dos três órgãos tornam-se praticamente impossíveis de prever.

Em termos matemáticos e científicos mais amplos, “caos” refere-se a sistemas que parecem aleatórios, mas que são inerentemente deterministas. Comumente conhecida como efeito borboleta, a teoria do caos pode destruir nossa noção comum de causa e efeito. Sugere que prever o futuro a longo prazo é incrivelmente complexo porque mesmo acontecimentos minúsculos e aparentemente irrelevantes podem ter consequências significativas.

O termo “efeito borboleta” é frequentemente atribuído ao meteorologista Edward Lorenz, que usou o exemplo agora familiar para descrever o caos: uma borboleta batendo as asas no Brasil poderia desencadear uma cadeia de eventos que levaria a um furacão no Texas três semanas depois. Este cenário aparentemente estranho sublinha a natureza contra-intuitiva da teoria do caos. Embora a ideia de que pequenas causas tenham grandes efeitos possa parecer familiar, a teoria do caos desafia os nossos pressupostos comuns sobre como o mundo funciona. A lição surpreendente não é que pequenos acontecimentos possam ter consequências significativas, mas sim a profunda dificuldade em prever essas consequências.

Assim como a falta de um prego leva à perda de um reino, será que o movimento de um inseto distante poderia desencadear eventos catastróficos? A resposta, talvez surpreendentemente, depende da perspectiva – como escolhemos olhar para o mundo e como entendemos causa e efeito.

Antes de considerarmos as duas perspectivas distintas, é fundamental notar que o efeito borboleta é uma metáfora para uma teoria, nomeadamente, o caos – a ideia de que pequenas mudanças nas condições podem ter efeitos grandes e inesperados.

A natureza caótica dos sistemas não lineares impacta mais do que apenas a matemática. Por exemplo, pequenas mutações genéticas ou alterações ambientais na evolução biológica podem levar a mudanças evolutivas significativas ao longo do tempo. O caminho da evolução não é linear ou previsível; em vez disso, está cheio de reviravoltas inesperadas, como o movimento de uma pedra montanha abaixo. Da mesma forma, em economia, os mercados funcionam como sistemas complexos e não lineares. Rumores sobre uma empresa ou pequenas alterações nas taxas de juro podem funcionar como gatilhos, desencadeando mudanças substanciais e imprevistas. A crise financeira de 2007-08 constitui um lembrete preocupante de que pequenas perturbações num sector podem provocar um colapso global.

Costumava-se pensar que os acontecimentos que mudaram o mundo eram coisas como grandes bombas, políticos maníacos, enormes terremotos ou grandes movimentos populacionais, mas agora percebeu-se que esta é uma visão muito antiquada sustentada por pessoas totalmente fora de sintonia e contato com o pensamento moderno. As coisas que realmente mudam o mundo, de acordo com a teoria do Caos, são as pequenas coisas.Todas as coisas importam. Mas será que o movimento de uma borboleta, pesando aproximadamente o mesmo que uma moeda de um centavo, pode causar uma tempestade considerável? A resposta é bastante complexa. A resposta é sim e não – sim, da perspectiva da física clássica, e não, da nossa perspectiva como agentes humanos.

Se quase tudo influencia todo o resto, a palavra “causa” começa a perder o seu significado.

A filósofa Alyssa Ney resume o ponto acima com notável clareza. Em 'Physical Causation and Difference-Making' (2009), Ney escreve , assumindo que olhamos para a física para fundamentar ou compreender a causalidade: “ há muitas relações causais neste mundo, talvez muito mais do que normalmente supomos. Os campos de nossas melhores teorias físicas estão espalhados por todo o universo e interagem com tudo ao seu alcance. Eles ligam pequenos eventos como a sua saída de casa esta manhã com aqueles mais significativos que aconteceram no Iraque um pouco mais tarde e com outros mais distantes. Não é bem verdade nesta imagem que “tudo causa tudo”, mas as coisas chegam perto disso.”

Nossas ações são simultaneamente vinculadas ao determinismo das leis físicas e enriquecidas com intenção.Quando mudamos a nossa perspectiva da física para a agência e a criação de diferenças, chegamos à avaliação mais intuitiva do efeito borboleta. Do nosso ponto de vista, a borboleta não é a causa da tempestade porque não podemos afetar as tempestades manipulando as borboletas. E embora a borboleta possa ter efeito sobre uma tempestade, ela não faz diferença na ocorrência de tempestades de uma forma que possamos prever ou controlar. Explorar a dicotomia entre as perspectivas da física e da agência humana revela um paradoxo: as nossas ações são simultaneamente vinculadas pelo determinismo das leis físicas e enriquecidas com intenção, propósito e significado.