quinta-feira, 20 de setembro de 2018

desconectar



estar realmente presente significa conhecer as estações
aprender o nome dos diferentes ventos
os ciclos da lua
e ler as personalidades do mar

apreciar a beleza da imperfeição
o significado do cansaço
ouvir histórias num dialeto local

comprar algo depois de tocado
deixar-se levar por placas envelhecidas
conectar-se com aquilo que realmente somos
com as experiências que importam

domingo, 2 de setembro de 2018

o que em mim envelhece



quando percebo que os anos que passam me tiram algo,imediatamente me vem a idéia de compensação
se me tira o que há por vir me acrescenta o que para trás não havia
o gosto por algumas coisas , por exemplo
tanto se passou sem que eu prendesse por um instante entre minhas mãos
olhasse com os olhos de ver
testasse o sabor e finalmente liberasse para o seu próprio destino

hoje retenho as situações para que sejam digeridas...ruminante ser de duas patas bem assentadas espero o fluir das horas com a expectativa do silêncio
quando me olho , é claro que vejo uma outra pessoa...aquela com quem realmente pareço
não há mais longos cabelos
nem o brilho juvenil de olhos que gravaram todos os espaços sem o repouso necessário

vejo aquilo que fui transformado no que sou...dúbia visão insensata mas verdadeira em seu espectro

aprendi novas dimensões para o que não conhecia
aprendi que o limite do medo tem outro limite e tantos outros quanto forem necessarios até que o escuro da ignorância se dissipe

aprendi que o grau de afinidade com os objetos assume uma cumplicidade indiscreta
tudo tem uma história contada por fantasmas vivos e muitos que vagam em lembranças persistentes

quando reflito sobre a passagem dos anos é assim
me vem este gosto de manhã
este cheiro de terra molhada
esta saudade do mar

mas é assim mesmo
quando os sentidos se mesclam podemos dizer que a sabedoria chega sorrateira e nos surpreende inventando desculpas para o compromisso de amanhã