domingo, 29 de julho de 2018
ficção de tudo
....depois...
muito tempo depois
quando todas as coisas já se acostumavam com sua falta
eu passei a contar os pensamentos
perdidos
mortos
e feridos
que mascarei com sorrisos
e me dei conta
que tudo não passa de ficção
que tudo tem agora
e sempre
a sua sombra
errata
onde se lê sobriedade
leia-se embriaguês
onde se lê capacidade
leia-se invalidez
onde se lê esperança
leia-se sensatez
onde se lê felicidade
leia-se lucidez
onde se lê mistério
leia-se revelação
onde se lê solitário
leia-se multidâo
onde se lê liberdade
leia-se permissão
onde se lê dúvida
leia-se conclusão
sexta-feira, 27 de julho de 2018
A cura do cotidiano
Poucas vezes refletimos sobre o processo de curar.
A
transformação de um estado doentio , em qualquer nível , deveria englobar um
caráter holístico.
Nós devemos curar a pessoa
, não só a doença.
Abraham Maslow no livro “ a theory of human
motivation” propõe uma pirâmide de necessidades.Ele descreve as carências
humanas num escalonamento de 5 níveis.Os níveis mais baixos são os
fundamentais,sem os quais nada é possível.Os superiores dizem respeito a
atividades ou motivações de ordem psicológica.O pleno entendimento desta escala
mostra a nossa necessidade de estar bem.No estudo das relações entre os níveis
, aplicados a cada pessoa em busca de uma cura , podemos entender onde suas
carências mais se afirmam.Ele cita por exemplo as necessidades de estima,tanto
em caráter intimo (confiança) como de pertencimentos (aos outros , o
respeito).O que se pode aprender com as teorias de Maslow é que antes de mais
nada precisamos curar o nosso cotidiano e não as patologias que o afetam.Essa
intenção requer uma atenção terapêutica renovada,uma consciência do nosso
social e o que pode , e deve , ser superado.
Essa proposta pode ter suas falhas como a própria questão de
prioridades mas tem o mérito de ter tocado no ponto essencial : a nossa
realização passa pela tradução de nossas pontencialidades em atos
A medicina ocidental se prende em demasia aos sintomas e
veta,imperceptivelmente, o entendimento das causas essenciais.Muitas doenças
vêm do ambiente social , do permanente processo civilizatório.Uma civilização
doente em ética e moral gera indivíduos doentes,é possível concluir.Tem se
tornado muito difícil transformar as representações que temos de nós mesmos e
do mundo.Daí podemos inferir que a doença é ao mesmo tempo uma patologia
objetivável pela ciência,um problema vivido subjetivamente pelos pacientes e um
acontecimento social que se mescla à sua comunidade.Será que estamos preparados
pra ajudar os pacientes na sua busca pelo sentido simbólico que é vinculado às
suas doenças ?.Maslow afirma que essa é uma expectativa de cada um ao adoecer e
é uma esperança favorável para o processo de cura.A ciência médica está pouco
preparada para o sentido coletivo das doenças.Em diversas culturas tradicionais
este ocupa um lugar primordial nos rituais terapêuticos.Se não refletirmos
sobre a maneira como “enxergamos” os problemas estaremos correndo o risco de
apenas medicalizar.A pessoa pode não mais existir.O doente (como representação
daquele que sofre) também e até mesmo a doença (como provação existencial) pode
desaparecer em proveito apenas dos sintomas. A cura do cotidiano não pode ser
apenas quantificável.Nosso equilíbrio e saúde dependem da qualidade que
estabelecemos entre nós mesmos.
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